A importância de ter os seus sonhos seguros
14, Mar. 2023
Ter um seguro é um assunto que merece seriedade de todos: de
quem desenha o produto, quem vende, quem fiscaliza o setor e quem compra
Por Denise Bueno – Fonte: InfoMoney
Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto
são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do
InfoMoney ou de seus controladores
Quem já viu uma família ou uma empresa se reinventar depois
de uma tragédia sentiu na alma a importância de ter um seguro, tema desta
coluna de estreia no InfoMoney. E ter um seguro de verdade e não qualquer coisa
que se vê por aí. É um assunto que merece seriedade de todos. De quem desenha o
produto, quem vende, quem fiscaliza o setor e quem compra.
Sou repórter especializada em seguros há quase 30 anos. Meu
dia a dia é escrever sobre este setor que administra reservas de R$ 1,5 trilhão
no Brasil. No mundo, são mais de US$ 30 trilhões. Em vendas, o setor registrou
cerca de R$ 355 bilhões em 2022, sendo o seguro de vida e o de carro os
principais no Brasil. No mundo, as seguradoras faturaram mais de US$ 7
trilhões, sendo US$ 3 trilhões com apólices de vida e aposentadoria e US$ 4
trilhões com seguros de bens e de responsabilidades.
Os números impressionam, mas o que me chama mais a atenção
são as indenizações pagas para ajudar clientes a se reerguerem após um
imprevisto. As quase 100 seguradoras que atuam no Brasil desembolsaram R$ 219
bilhões no ano passado. No mundo, dados disponíveis mostram apenas as
indenizações por catástrofes naturais: US$ 132 bilhões em 2022. Quase 30% dos
US$ 313 bilhões das perdas econômicas geradas por inundações, furacões e
incêndios, entre outros eventos climáticos.
Muita gente me perguntou se as seguradoras tinham dinheiro
para pagar tantos carros boiando nas inundações em diversas partes do país
neste início do ano. Sim, as seguradoras fazem seguro para grandes perdas com
as resseguradoras. Por isso, não vemos casos de falência mesmo quando acontece
uma grande tragédia. E as resseguradoras também dividem o risco, com
investidores, ao negociarem títulos financeiros atrelados a catástrofes (ou cat
bonds).
Mesmo com esta complexa estrutura financeira, é possível ter
perdas significativas, como mostrou a guerra entre Rússia e Ucrânia. Um exemplo
é o seguro aéreo. Algumas seguradoras deixaram de operar no segmento diante das
bilionárias indenizações pagas em razão das aeronaves confiscadas pelo governo
russo. E quem ficou elevou de forma significativa o preço.
E não importa se isso aconteceu lá do outro lado do planeta. Afeta o segmento com um todo, e empresas aéreas brasileiras sofreram para negociar o seguro em 2022, com um reajuste superior a 40%. Para compensar o aumento de custo, as passagens estão mais caras. E, como quase tudo na vida, quem paga é o consumidor final, obrigado a fazer malabarismos para proteger suas finanças e ter a tão sonhada aposentadoria com dinheiro para pagar o plano de saúde e viajar.
O Brasil está na mira do mundo para atrair investimentos pelo potencial de crescimento e ausência de catástrofes, com exceção das enchentes, inundações e das catástrofes provocadas pelo homem — como o caso Americanas e a tragédia da Samarco, para citar dois exemplos.
A prioridade das seguradoras é melhorar a comunicação para
que mais gente se interesse pelos milhares de produtos disponíveis na palma da
mão dos mais de 220 milhões de brasileiros, que vão do aparelho celular ao
satélite que nos traz o sinal para usá-lo. Para tudo que está entre eles –
carros, imóveis, pessoas, empresas, plantações, animais, florestas e as
responsabilidades de cada um por danos causados a terceiros –, existe um seguro
sob medida.
Meu objetivo é trazer informações para tornar o setor tão claro
como é a internet para nós hoje. Apenas usamos, sem saber de tudo que existe
nos bastidores girando essa imensa engrenagem. O sonho estratégico das
seguradoras é que o cliente dê um clique no celular para ativar seu seguro
quando sair casa para ter seu computador protegido enquanto vai de bicicleta
para o trabalho. E, se cair da magrela, apertar outro botão para receber a
indenização na conta corrente sem praticamente ter de falar com alguém.
É sobre isso esta coluna. Contar o desenrolar da revolução tecnológica em curso e os investimentos para tornar a experiência do consumidor cada dia melhor, bem como a dedicação na especialização dos corretores de seguros para ofertarem produtos a todos, independentemente da idade ou classe social. Há também, ainda engatinhando, uma política das práticas sociais, ambientais e de governança, conhecidos como ESG (em inglês) ou ASG (em português), pontos cada vez mais valorizados pelo consumidor.
Espero poder contribuir para que todos tenham seus sonhos seguros.
Denise Bueno Jornalista da área econômica, escreve
reportagens diárias sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização. Na
Gazeta Mercantil, trabalhou por 16 anos. Em agosto de 2008, fundou o “Sonho
Seguro”, blog especializado em seguros, que conta com quase 30 mil seguidores
nas redes sociais. É autora de quatro livros sobre o setor, já venceu 12
prêmios como melhor jornalista da área e ainda colabora para diversas mídias no
Brasil e no exterior.
https://www.infomoney.com.br/colunistas/denise-bueno/a-importancia-de-ter-os-seus-sonhos-seguros/
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