Eventos climáticos afetam infraestrutura e indústria de seguros
25, Abr. 2023
Fonte: CNseg
Chuvas torrenciais elevam valores
pagos em diversas modalidades de seguros. Nos patrimoniais, representaram
metade das indenizações pagas de 2022
A população brasileira
desenvolveu ao longo dos anos um saudável sentimento de alívio pelo fato de a
geologia do País não ser suscetível a determinados fenômenos extremos, como
terremotos de elevadas magnitudes, erupções vulcânicas, tsunamis, furacões devastadores
e tufões, que atingem todos os anos os litorais da América do Norte, Caribe e
países da Ásia.
Contudo, a combinação das
mudanças climáticas com a ocupação desordenada do solo e os baixos
investimentos sistemáticos em infraestrutura, seja na ampliação, seja na
manutenção, tem sido responsável por desastres cada vez mais frequentes no
País, geralmente provocados pelas chuvas de verão. Os deslizamentos e
inundações tiram vidas, soterram e destroem moradias, além de danificar e
interditar rodovias essenciais para a circulação de mercadorias.
Alguns exemplos entraram
tragicamente para a História, começando pelo temporal da Região Serrana do Rio
de Janeiro em 11 de janeiro de 2011. Mais de 900 pessoas perderam suas vidas
nos deslizamentos e enchentes daquela que é classificada por especialistas como
a maior catástrofe climática e geotécnica do Brasil.
Pouco mais de dois anos antes, em
novembro de 2008, incríveis 1.003 mm de chuvas em Blumenau e em todo o Vale do
Itajaí provocaram quase três mil deslizamentos, ceifando 135 vidas e deixando
quase dez mil desabrigados. Em 15 de fevereiro do ano passado, novo temporal na
Serra Fluminense, desta vez concentrado em Petrópolis, deixou mais de 240
mortos e destruiu a principal área comercial da cidade.
Sem contar que os quase
desconhecidos furacões, aqui chamados de ciclones, começam a se tornar
familiares para os moradores da Região Sul do País, mesmo que ainda em
proporções menos catastróficas do que seus similares das áreas acima
mencionadas.
Em maio do ano passado, o ciclone
subtropical Yazecan, com ventos de mais de 105 km/h, assustou os estados de
Santa Catarina e Rio Grande do Sul, causando uma morte e deixando 220 mil
gaúchos sem energia elétrica.
As estatísticas da indústria de
seguros já captaram o crescimento de todos esses fenômenos. Segundo Jarbas
Medeiros, presidente da Comissão de Riscos Patrimoniais Massificados da FenSeg,
em 2022, a escalada da participação dos eventos climáticos no volume de
indenizações de seguros patrimoniais alcançou 50% do total de R$ 1,4 bilhão
pagos no ano.
Fábio Silva, presidente da Comissão de Riscos de Engenharia da entidade, reforça: “Nos últimos anos, os alagamentos e inundações têm sido as principais causas de sinistros ocorridos em obras de engenharia e construções verticais, o que causou aumento da sinistralidade do seguro. Como consequência, vemos um mercado de seguro mais endurecido nos novos negócios”, disse.
CHUVAS TORRENCIAIS
O presidente do Sindicato
Nacional da Indústria da Construção Pesada – Infraestrutura (Sinicon), Cláudio
Medeiros, não tem dúvida de que as mudanças climáticas estão tornando as chuvas
cada vez mais torrenciais, com suas trágicas consequências. E ressalta que, na
economia de um país que construiu sua infraestrutura de transportes centrada no
modal rodoviário, as consequências assumem também proporções catastróficas.
“Com trechos muitas vezes
interditados ou estradas em más condições de tráfego, há atraso na entrega de
mercadorias de forma extremamente significativa. Cada produto transportado
sofre um impacto diferente, e os custos de entrega podem ficar mais altos para
os distribuidores e repassados ao consumidor final”, ressaltou.
Medeiros lembrou ainda que, em
alguns trechos, o retorno à normalidade pode demorar meses, destacando que, neste
começo de ano, estados-chaves para o abastecimento, como Minas Gerais, Paraná e
Santa Catarina, têm sofrido com essas interdições forçadas de rodovias.
Na avaliação do presidente do
Sinicon, para prevenir os efeitos deletérios das chuvas, “a principal
providência a ser tomada chama-se manutenção, que já deveria estar prevista nos
contratos de construção. Medeiros ressalta que o uso de tecnologias de última
geração, como a Building Information Modeling (BIM), que conecta todas as áreas
da construção e dá mais precisão aos projetos, é essencial, lembrando que sua
utilização está expressamente prevista na nova Lei de Licitações e Contratos
(nº 14.133).
A consultoria especializada
Inter.B, que acompanha sistematicamente a evolução dos investimentos brasileiros
em infraestrutura, mostra que o País vai mal tanto no quesito de manutenção
como no da ampliação necessária à construção de uma sociedade de médio
bem-estar.
Segundo a Carta de Infraestrutura
mais atual (maio/2022), “parte significativa da infraestrutura do País tem de
30 a 40 anos e baixo nível de manutenção, levando a perdas de eficiência,
elevados custos de operação dos ativos e risco não trivial de integridade
física”.
Como consequência, nada menos do
que 87,3% dos investimentos feitos em 2021 serviram apenas para repor o estoque
de capital investido. A análise da Inter.B inclui, além da infraestrutura de
transportes, as de energia, telecomunicações e saneamento.
Cláudio Medeiros destaca que, de
2016 para 2022, o orçamento do Ministério da Infraestrutura (extinto no atual
Governo) caiu, em números redondos, de R$ 10 bilhões para R$ 5 bilhões,
ressaltando que somente a manutenção da malha rodoviária federal demanda
anualmente pelo menos o dobro deste valor.
“Cabe às entidades de classe do
setor apoiar o desenvolvimento dessa consciência de previsão orçamentária,
incluindo todas as probabilidades possíveis e impossíveis, ao longo dos anos de
um contrato”, enfatizou.
HORA ERRADA
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Rio de Janeiro (Sinduscon-Rio), Cláudio Hermolin, disse que o problema maior da intensificação das chuvas provocadas pelas mudanças climáticas para o setor da construção predial é a frequência com que elas estão chegando em períodos atípicos.
“Nos períodos já conhecidos de
chuvas, normalmente a indústria busca adaptar seu cronograma para a não
execução de determinados serviços. Porém, quando elas vêm em períodos atípicos,
como tem acontecido, isso atrapalha, porque normalmente há uma programação de
serviços para períodos secos e outra para períodos mais chuvosos”, explica.
Hermolin ressalta que a
atipicidade não vem ocorrendo apenas em períodos do ano, mas também em horários
nos quais não era habitual chover no passado. E aí a obra é onerada em diversos
custos, desde a parada obrigatória da mão de obra contratada até a perda de
materiais na obra ou o atraso da chegada por problemas nas rodovias.
O empresário destaca, entre as
providências necessárias para a redução dos prejuízos dos temporais, a solução
de problemas crônicos da sociedade brasileira. Começando pelo combate à
ocupação desordenada de encostas e de margens de rios, causas maiores de
desabamentos e enchentes, e o ataque ao eterno déficit brasileiro de saneamento
básico que, entre muitas mazelas, resulta na acumulação de detritos nas redes
pluviais e na potencialização das enxurradas.
BAIXA PROTEÇÃO
A exposição crescente aos riscos
climáticos acrescenta outra preocupação que, por enquanto, não tem aparecido
entre as maiores enfrentadas pela sociedade: o risco de perdas patrimoniais
decorrentes desses eventos. Segundo Jarbas Medeiros, da FenSeg, apenas 17% das
residências no Brasil atualmente estão protegidas por uma apólice. A conta não
incluiu os condomínios, legalmente obrigados a ter seguro.
Medeiros disse que a falta de
proteção, na maioria das vezes, resulta de desconhecimento da população de que
a compra de uma apólice é mais acessível do que se imagina e que, na média, o
seguro de uma residência padrão no Brasil custa R$ 600 por ano, ou R$ 50 por
mês, com variações, dependendo da região. Ele faz um alerta:
“Não é uma questão política, é
científica e numérica: a gente observa com fatos e dados que os eventos
climáticos são cada vez mais frequentes”. E exemplifica com os ciclones, antes
praticamente desconhecidos. “Agora, a cada dois ou três anos acontece um
ciclone no Sul do Brasil”. Por isso, a região já é a que tem o seguro
residencial mais caro do País.
Fábio Silva, da Comissão de
Riscos de Engenharia, retoma o problema dos baixos investimentos em
infraestrutura, chamando atenção para a queda dos investimentos públicos em
segmentos como transportes, logística e saneamento.
Os dados da Inter.B mostram que,
em 2010, o Brasil investiu 2,46% do PIB em infraestrutura, sendo 1,41% do setor
público. Em 2021, os números caíram, respectivamente, para 1,73% e 0,59% do
PIB, e a projeção para 2022 apontava 1,71% e 0,57%, na mesma ordem.
“Com a recente queda do
investimento público nesses setores, acabamos dependendo de investimentos
privados realizados via concessões, porém, essas alocações ainda são muito
tímidas em relação às necessidades do País”, aponta Silva.
Matéria publicada originalmente na Revista de Seguros 924
---------------------------------
RISKWORLD - Atlanta 2023 - De 30 de abril a 03 de maio de 2023
https://www.rims.org/community/global-professionals/abgr-offer
Parceria ABGR e ENS - Escola de Negócios e Seguros - Desconto aos Associados!
Mais informações em: www.abgr.com.br- comunicados
As inscrições para a 5o Ciclo de Mentoria Sou Segura iniciam amanhã, 26/04, 10h.
O objetivo do Programa de Mentoria Sou Segura é fortalecer o protagonismo da mulher do mercado de seguros, capacitando-a ainda mais.
Se inscreva e participe!
https://sousegura.org.br/
16a. Edição do maior Programa de Mentoria para Mulheres do Brasil.
Garanta sua vaga e seja uma das 600 mulheres finalistas que irão transformar a sua história.
site https://institutoivg.com.br/
100% Gratuito e On-line
Importante: todas as inscritas terão acesso a um workshop de Liderança Feminina.
Faça sua pré-inscrição agora no site do IVG!
CONSEFAR - Congresso de Segurança para Produtos Farmacêuticos
A ABGR apoia o XVII FORUM IBEF OIL, GAS & ENERGY 2023
Dia 02 de junho das 8h0 às 14h00 - Centro de Convenção Hotel Prodigy Santos Dumont
Mais informações e inscrições: https://agenda.ibefrio.org.br/curso/xvii-forum-ibef-oil-gas-energy-2023/
Curso Preparatório e Certificação Profissional Internacional em Gestão de Riscos.
Associados ABGR têm desconto para inscrições antecipadas. Solicite mais informações através do e-mail: abgr@abgr.com.br
Acesse as edições mais recentes das publicações do Mercado de Seguros:
Revista Apólice: https://www.revistaapolice.com.br/2023/03/revista-apolice-edicao-285-2/
Revista Cobertura: https://www.revistacobertura.com.br/revistas/revista-cobertura-edicao-251/
Revista Insurance Corp: http://insurancecorp.com.br/pt/content/pdf/ic_ed46_2023.pdf
Revista Segurador Brasil: https://revistaseguradorbrasil.com.br/edicao-176/
Revista Seguro Total:https://revistasegurototal.com.br/2023/04/19/revista-seguro-total-ed-232-a-importancia-das-profissionais-que-atuam-nos-bastidores-das-entidades/
Revista de Seguros: https://cnseg.org.br/publicacoes/revista-de-seguros-n924.html
Conjuntura CNseg: https://cnseg.org.br/publicacoes/conjuntura-cnseg-n86.html
Revista Insurtalks: https://www.insurtalks.com.br/revista/revista-insurtalks-5
Revista Brasil Energia: https://editorabrasilenergia.com.br/wp-content/uploads/sites/1/flips/134802/Bia480/index.html
Tweet to @abgr_brasil Tweet