Por: Jody Yee   Fonte: Risk Management- RIMS

Na China, médicos realizam ultrassom em pacientes com COVID em Wuhan usando um robô ultrassônico que eles controlam a 700 km de distância. Na Coreia do Sul, os fabricantes ajustam seu cronograma de manutenção de acordo com os dados coletados de sensores ativados por um serviço de fábrica inteligente baseado em assinatura. Em um estádio de futebol americano, os torcedores transmitem a ação do jogo para seus smartphones, discutindo as estatísticas do time transmitidas quase instantaneamente em realidade aumentada.

Esses são apenas alguns casos de uso que ilustram o potencial das tecnologias habilitadas para 5G, que estão sendo implementadas em velocidades diferentes em várias regiões, incluindo China, Coreia do Sul, Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos. Até o final de 2022, o número de conexões globais 5G atingiu um bilhão, de acordo com a organização de operadoras de redes móveis GSMA. Até 2025, duas em cada cinco pessoas em todo o mundo poderão estar vivendo ao alcance de uma rede 5G. 

Em nosso mundo cada vez mais conectado, a proliferação de dispositivos inteligentes e aplicativos famintos por dados está pressionando as redes 4G existentes. A rede 5G – ou quinta geração – promete ser até 100 vezes mais rápida que a 4G, com menor latência, capacidade muito maior e hiperconectividade que poderia alimentar o mundo durante a Quarta Revolução Industrial. Poderia transformar a maneira como viajamos, remodelar nossos cuidados com a saúde, otimizar a produção de alimentos e maximizar as fontes e o uso de energia. Tecnologias como inteligência artificial (IA), realidade virtual e aumentada, análises avançadas e robótica também serão impulsionadas pelo alcance, velocidade e confiabilidade aprimorados do 5G. 

Os desenvolvimentos 5G representam oportunidades significativas em todas as indústrias, especialmente para os setores de tecnologia, mídia e telecomunicações. Com a maior capacidade e velocidades mais rápidas do 5G, poderemos utilizar melhor os avanços como computação e armazenamento em nuvem, processar mais dados e usar IA para permitir avanços como mobilidade inteligente e veículos autônomos. Até 2035, acredita-se que a cadeia de valor global 5G – operadoras de rede, desenvolvedores de aplicativos, fornecedores de tecnologia e fabricantes de equipamentos – poderá criar US$ 3,6 trilhões em produção econômica e sustentar 22,3 milhões de empregos.

Altas Dependências Criam Altos Riscos

Embora o 5G desbloqueie um vasto potencial, o lançamento introduzirá novos riscos significativos, e o perfil de risco das empresas que usam ou fornecem bens e serviços 5G mudará. As empresas terão que se adaptar a uma revolução tecnológica em andamento que apresenta muitas incógnitas. Consequências imprevistas, reais ou percebidas, são um perigo – como foi visto em janeiro de 2022, quando preocupações sobre os efeitos da tecnologia 5G nos sistemas de aviação interromperam as companhias aéreas nos Estados Unidos, ou em abril de 2020, quando teóricos da conspiração no Reino Unido vandalizaram telefones mastros na crença equivocada de que estavam ligados ao surto de COVID-19. 

Ao contrário das gerações anteriores, a rede 5G será uma rede definida por software e “virtualizada”, o que significa que muitas funções que antes dependiam de hardware agora serão recursos de software virtual, com problemas de segurança relacionados a software. À medida que aumenta o número de dispositivos, redes, serviços e dados móveis interconectados, o potencial de ataque também aumenta.  

As altas dependências no conceito geral de 5G, desde as empresas que fornecem as soluções habilitadas para 5G até aquelas que as compram e usam, é uma questão crítica. Uma das características mais importantes do 5G, com sua velocidade e baixa latência, é oferecer soluções em tempo real, 24 horas por dia, 7 dias por semana. Se houver alguma interrupção na cadeia, ela poderá impactar diretamente os processos que se seguem, não apenas para um cliente específico, mas potencialmente em nível regional ou mesmo global.

O 5G também pode ser implantado em sistemas de missão crítica em serviços de primeira resposta, transporte, assistência médica e fornecimento de energia, onde a baixa latência ou interferência pode ter efeitos indiretos quase instantâneos, com consequências catastróficas. 

O que as empresas precisam considerar

As empresas precisarão se perguntar se a velocidade do lançamento do 5G se correlaciona com suas medidas de segurança. Se você é um provedor, quais procedimentos existem para garantir a estabilidade de seus sistemas e serviços? Questões como conectividade, gerenciamento de identidade e acesso e localização de dispositivos entram em jogo. O gerenciamento de riscos precisará se concentrar na disponibilidade, segurança e integridade de todos os sistemas, porque uma interrupção pode resultar não apenas em perdas financeiras para o seu negócio, mas também em danos à reputação.

Da mesma forma, as empresas precisam identificar todas as partes interessadas relevantes no ecossistema – seus provedores de infraestrutura de rede, clientes, usuários finais, data centers – para determinar as oportunidades de ataque ou interrupção. Mesmo fornecedores confiáveis ​​podem ser hackeados, como foi visto em 2020, quando um ataque à empresa de tecnologia norte-americana SolarWinds afetou a Microsoft, a Intel e agências governamentais, custando a cada empresa afetada uma média de US$ 12 milhões ou 11% da receita anual.

Um olhar mais atento sobre a ameaça cibernética

O 5G permitirá a proliferação de ambientes multidomínio altamente complexos. Uma diferença crucial entre o 5G e seus predecessores é a característica distinta do “fatiamento” da rede. O fatiamento utiliza rede definida por software (SDN) e a virtualização de funções de rede (NFV) de tecnologia complementar. Isso permite que muitas redes virtuais diferentes sejam criadas em uma infraestrutura compartilhada, cada uma das quais pode ser personalizada para diferentes requisitos. Essa flexibilidade oferece segurança intrínseca por meio da segmentação. 

Como as fatias dependem de APIs, que são projetadas para se comunicar umas com as outras, a confiabilidade da cadeia de suprimentos de software como um todo se torna extremamente significativa. O fatiamento permite a segregação, o que permite que as fatias sejam isoladas em caso de problema de segurança, mas se essas fatias estiverem mal configuradas ou não houver mecanismo de isolamento, a rede poderá ser explorada.

Além de aumentar a superfície de ataque de software, o fatiamento significa que muitas partes interessadas diferentes usarão várias redes virtuais executadas em recursos de hardware comuns, seja para armazenamento ou processadores. Uma falha de hardware pode ter um impacto significativo no serviço.

A falta de padronização e uma estrutura regulatória que ainda está evoluindo apresentam mais riscos de segurança. Embora grandes empresas de telecomunicações e seus fornecedores de equipamentos incorporem as melhores práticas em novos procedimentos e produtos, existe o risco de que outras, com menos recursos ou em jurisdições com regulamentação menos robusta, possam ser tentadas a cortar custos. Isso pode ter consequências em larga escala em um mundo onde o número de dispositivos conectados do dia-a-dia pode aumentar. 

Para mitigar esse novo mundo de riscos e reduzir a vulnerabilidade a um ataque, as empresas terão que tomar medidas específicas, incluindo garantir a padronização com todas as interfaces, configuração adequada, autorização e autenticação, criptografia, proteção de API (especialmente se forem de código aberto), e “fortalecimento” do sistema — configuração de ativos de TI para reduzir sua vulnerabilidade a ataques. Estes devem andar de mãos dadas com um plano robusto de continuidade de negócios.

À medida que mais e mais empresas adotam o 5G, é importante que entendam que o 5G é mais do que apenas uma atualização nas tecnologias cotidianas das quais dependem. Como o 5G visa impulsionar tecnologias emergentes com velocidade para melhorar as operações automatizadas e a capacidade de permitir maiores conexões e grandes quantidades de fluxo de dados, é crucial que as empresas adotem uma mentalidade de segurança para 5G e sejam educadas sobre os tipos de riscos associados ao 5G. tecnologia complexa para manter empresas e clientes seguros e protegidos.  

 *Jody Yee é diretora global de soluções da indústria para tecnologia, mídia e telecomunicações na Allianz Global Corporate & Specialty.

http://www.rmmagazine.com/articles/article/2023/04/27/the-risks-opportunities-and-impacts-of-5g-technology

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