Por Tim Hardcastle | Fonte: RMMagazine - RIMS             

Em 2021, analistas da McKinsey & Company listaram a inteligência artificial (IA) entre as cinco tendências tecnológicas previstas para transformar os seguros na próxima década. No entanto, é provável que até mesmo os especialistas da McKinsey não tivessem ideia de quão longe – e quão rápido – a IA iria amadurecer.

Em 30 de novembro de 2022, apenas 14 meses após o lançamento do relatório da McKinsey, o ChatGPT entrou em cena. O poderoso chatbot da OpenAI alcançou a impressionante marca de um milhão de usuários nos primeiros cinco dias. Nas semanas e meses que se seguiram, o ChatGPT gerou debates intermináveis ​​em todos os setores e está desafiando suposições sobre como será o gerenciamento de riscos na próxima década.

Claramente, a era da IA ​​altamente sofisticada chegou e mudará para sempre a maneira como todas as organizações operam. É provável que seu impacto no seguro e na gestão de riscos seja profundamente sentido muito antes do final da década de 2020.

Tecnologia com raízes profundas

A IA coleta informações, interpreta-as e chega a uma conclusão com base em uma ampla gama de conjuntos de dados. Esse ato de incorporar a lógica ao software não é um conceito novo. Considere o Microsoft Excel, software básico que quase todos os gerentes de risco já usaram. Em sua essência, o Excel é construído em torno de um algoritmo fundamental: a instrução if-then.

Inovações como o ChatGPT mostram como a IA foi além da lógica linear do Excel e em direção a algo muito mais responsivo e consequente. O crescimento exponencial do poder do computador (especialmente como visto na ascensão da computação quântica) – combinado com tecnologias como IA, aprendizado de máquina e aprendizado profundo – agora permite que os sistemas coletem enormes quantidades de dados estruturados e não estruturados, os ingiram, organizem e tirar conclusões com velocidade e precisão impressionantes.

O avanço da IA ​​é semelhante à evolução dos veículos autônomos. As pessoas falaram sobre carros sem motorista por décadas. Os primeiros protótipos datam da década de 1980. Mas não foi até a Telsa introduzir seu recurso de piloto automático semi-autônomo em 2014 que as pessoas começaram a experimentar no mundo real com carros autônomos. Hoje, grandes montadoras como Audi, BMW e Ford estão investindo em seus próprios veículos autônomos. Da mesma forma, o ChatGPT deu à IA seu avanço. A pergunta que os gerentes de risco devem responder agora é como se beneficiar enquanto evitam possíveis armadilhas.

Benefícios das ferramentas de seguro habilitadas para IA

A tecnologia de IA pode alcançar resultados comerciais tangíveis para as seguradoras, incluindo o uso de chatbots para melhorar o atendimento ao cliente e dados fornecidos por drones e imagens de satélite para aprimorar a subscrição. Para os gerentes de risco, os benefícios da IA ​​e da análise preditiva são ainda mais sofisticados e impactantes nos resultados, tanto em termos de gerenciamento de sinistros quanto de mitigação de riscos. 

Por exemplo, a Milliman, uma das maiores firmas atuariais e de consultoria independentes do mundo, usa IA para estimar quando os sinistros ocorrerão e o impacto potencial nos negócios com os quais trabalham. Por meio da aplicação de análise preditiva, a empresa trabalha com gerentes de risco para identificar sinistros inativos, avaliar a probabilidade de litígio, melhorar os processos organizacionais e abordar as lacunas de habilidades, treinamento e gerenciamento que podem contribuir para possíveis sinistros.

Atualmente, os gerentes de risco corporativo esperam que seus parceiros de seguros forneçam a eles preços contextuais e em tempo real, bem como uma análise completa de seus riscos situacionais. O maior ponto positivo de trabalhar com seguradoras equipadas com IA eficaz e comprovada é a capacidade de fornecer esse tipo de análise em um período de tempo excepcionalmente curto, permitindo que os gerentes de risco tenham análises em tempo real e ricas em dados de seu portfólio de riscos e os custos relacionados de reivindicações potenciais.

Questões de IA a serem consideradas

Apesar de todas as suas promessas, a IA ainda está enfrentando dores de crescimento. As saídas AI nem sempre são precisas. Para agravar o problema, quando fontes de dados cada vez mais complexas e dinâmicas são empregadas, torna-se cada vez mais complicado para os humanos discernir o fato da ficção. Por exemplo, em janeiro, pesquisadores de duas universidades pediram ao ChatGPT para gerar resumos de pesquisas e, em seguida, fizeram com que os cientistas revisassem tanto as falsificações do ChatGPT quanto os resumos reais. Esses especialistas só conseguiram identificar as falsificações do ChatGPT em 68% das vezes. Além do mais, 14% das vezes, os cientistas identificaram incorretamente um resumo real como falso.

Outra desvantagem potencial da IA ​​é o risco de viés implícito. Um pequeno erro no início da classificação da apólice de um segurado, por exemplo, pode afetá-lo por anos. Consequentemente, isso apresenta possíveis implicações de longo prazo para os gerentes de risco que buscam isolar melhor suas organizações dos mesmos riscos que a IA às vezes é promovida como ajudando a evitar.

Garantindo o sucesso futuro com IA

Os gerentes de risco sempre desejarão trabalhar com um parceiro de seguros em quem possam confiar. Ao mesmo tempo, os gestores de risco também querem trabalhar com uma seguradora de olho no futuro. Para melhor proteger suas organizações, os gerentes de risco devem fazer parceria com seguradoras que construíram uma pilha de tecnologia projetada para torná-los mais flexíveis e ágeis. Esta é uma área que os gerentes de risco precisarão entender melhor no futuro. Para garantir que o façam, essas práticas recomendadas devem ser empregadas ao avaliar as seguradoras que afirmam oferecer soluções de insurtech baseadas em IA:

Estabeleça seus objetivos. Determine a necessidade específica que você tem para sua organização. Deseja fazer parceria com uma seguradora que usa IA para automatizar ou melhorar tarefas específicas, como ingestão de risco, enriquecimento de dados ou visibilidade de dados? Em seguida, verifique se a seguradora possui a tecnologia que pode realmente fazer o que você deseja.

Procure parceiros de seguros com automação e processamento direto. Esses tipos de ferramentas ajudarão a reduzir ou eliminar o processamento manual, ajudando a criar experiências sem atrito, minimizando oportunidades de erro e criando eficiências que beneficiarão a organização do gerente de risco.

Verifique se a tecnologia deles funciona com a sua. Pergunte à seguradora como a tecnologia deles se integrará à sua tecnologia existente e insista para que ela forneça estudos de caso ou depoimentos sobre integrações bem-sucedidas anteriores. Procure opções de código baixo e sem código com frequência para fornecer maior adaptabilidade. Pergunte sobre os freios e contrapesos que eles usam para criar seus algoritmos. Esses tipos de perguntas podem fornecer informações sobre o quão sofisticadas são as ferramentas de IA de uma seguradora e como seus produtos atenderão às suas necessidades e funcionarão com seus sistemas existentes.

Vá rápido, mas seja cauteloso. Lembre-se de que a IA ainda está em desenvolvimento. Encontre um parceiro de seguro que o esteja usando de uma forma que beneficie o seu negócio, mas seja realista em suas expectativas.

Olhando para frente

A IA tornou-se tão sofisticada que a construção de uma solução caseira provavelmente está fora do alcance até mesmo das maiores operadoras. Isso significa que as operadoras precisarão fazer parceria com fornecedores para aproveitar ao máximo a IA. Os gerentes de risco precisam dedicar um tempo para aprender mais sobre os recursos de tecnologia de IA oferecidos por sua seguradora e pelos provedores de serviços que implementam essa tecnologia. Isso os ajudará a entender o impacto da IA ​​em seus negócios e determinar quais ferramentas podem oferecer os insights mais eficazes sobre avaliações e interpretações de riscos. Como demonstra a rápida adoção do ChatGPT, a tecnologia está pronta para mudar a cara do gerenciamento de riscos mais rápido do que você imagina.

Tim Hardcastle é o CEO e co-fundador da INSTANDA, fornecedora de software de seguro sem código para operadoras de seguros, MGAs e corretores.

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