Como a tecnologia reformula a gestão de ativos elétricos de hoje
10, Jun. 2022
Entender a dinâmica da mudança tecnológica nas rotinas das
empresas requer a construção de um ambiente cultural favorável, o que às vezes
não é fácil, pois falamos de companhias centenárias
ARTIGO MARISA ZAMPOLLI, ENGENHEIRA
CEO da MM Soluções Integradas
Fonte: CANALENERGIA
A tecnologia tem sido a impulsionadora da eficiência e da
redução de custos nas cadeias de valor, seja na indústria ou em empresas de
energia. Ela tem um impacto profundo na forma como os ativos são adquiridos,
operados e mantidos. Analisando o contexto, as companhias que são capazes de
assimilar as novidades da nova era terão (quando já não possuem) uma vantagem
substancial comparada as que não têm.
Entender a dinâmica da mudança tecnológica nas rotinas das
empresas requer a construção de um ambiente cultural favorável, o que às vezes
não é fácil, pois falamos de companhias centenárias. Até poucos anos a gigante
Itaipu era sinônimo de grandiosidade e modernidade, e hoje, aos 38 anos de
operação, já expressa a necessidade de atualização de seus sistemas de controle
e proteção das unidades geradoras; das susbestações; comportas; fiação e
sistemas de medição e faturamento. Mas não é somente uma atualização que se faz
necessária para os próximos 38 anos ou mais, é preciso preparar a binacional
para ser um local moderno e competitivo. E para alcançar este patamar, tudo na
organização deve estar alinhado: desde as melhores práticas de gestão até uma
preparação para introduzir novas tecnologias que já fazem parte do dia a dia da
rotina do setor elétrico.
Mas por que somos tão dependentes da tecnologia em Gestão de
Ativos elétricos? Já ouviu aquela frase que a “energia é o que move o mundo”?
ela tem sua razão. Cada ativo tem sua ponta de protagonismo quando há um
sistema de potência e quando desmembramos suas etapas na forma clássica:
geração, transmissão e distribuição. Pressupondo que a eficiência de uma
companhia está diretamente ligada à sua capacidade de realizar valor por meio
de seus ativos, a tecnologia pode ser o catalisador deste processo. Não somente
softwares podem trazer maior produtividade, praticidade e eficiência para as
organizações, mas também dispositivos e equipamentos com algum grau de
inteligência artificial e conectividade. Esse é um investimento natural para os
negócios que desejam ter resultados consistentes e maiores oportunidades no
mercado.
Para as empresas de energia, o uso intensivo da tecnologia
de ponta tem se mostrado essencial à prestação de serviço com margens de
lucratividade cada vez mais restritas. Alguns exemplos são as aplicações de
recursos para o acompanhamento remoto, com o uso de veículos aéreos não
tripulados (VANTs) – drones, câmeras 3D embarcadas, análise de dados, realidade
aumentada, digital twins, equipamentos de robótica subaquática – tanto
autônomos como os AUVs quanto os operados à distância como os ROVs – e claro, o
aprendizado de máquinas (machine learning).
Tecnologias como IA, alimentadas por big data e protegidas
por blockchain, sem dúvida serão mais eficazes para tomar decisões e
executá-las na gestão de ativos. No entanto, funções como elaborar uma
estratégia de longo prazo, tomar decisões complexas e governar a tecnologia
exigem a insubstituível contribuição humana.
O relatório “Uso de Novas Tecnologias Digitais para Medição
de Consumo de Energia e Níveis de Eficiência Energética no Brasil”, elaborado
pelo Ministério de Minas e Energia (MME) mostra como o impacto dos novos ativos
tecnológicos podem revolucionar o setor elétrico nacional. O documento relata
que esses avanços contribuem para a descarbonização, cumprimento das metas
sustentáveis e democratização dos recursos energéticos.
É inegável: a tecnologia se mostra cada vez mais necessária
para a expansão dos negócios, afinal, reduzir os riscos das atividades
operacionais, aprimorar a performance dos ativos e obter as análises
inteligentes de informações permitem que o setor elétrico caminhe em
consonância com as tendências, minimize falhas e cresça financeiramente. Não há
motivos para não se lançar no mar da inovação.
Marisa Zampolli é CEO da MM Soluções Integradas, especialista em gestão de ativos e engenheira elétrica.
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