Recuperação energética de resíduos é aliada para que o Brasil avance em questões ambientais importantes
26, Jul. 2022
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída
em 2010 pela Lei nº 12.305, categorizou o tratamento e a recuperação energética
como formas de destinação ambientalmente adequada de resíduos sólidos.
ARTIGO: YURI SCHMITKE, DA ABREN-Presidente da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN)
Fonte: CANALENERGIA
A gestão dos resíduos sólidos urbanos (RSU) tem sido, há anos, um grande desafio nacional na busca pela destinação adequada do lixo gerado diariamente pela população brasileira. Quarto colocado no ranking dos países que mais geram lixo no mundo e com um índice baixo de reciclagem, de aproximadamente 4%, o Brasil tem buscado alternativas regulatórias e estruturais para solucionar esse desafio.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída
em 2010 pela Lei nº 12.305, categorizou o tratamento e a recuperação energética
como formas de destinação ambientalmente adequada de resíduos sólidos.
Em abril deste ano, o Governo Federal lançou o Plano
Nacional de Resíduos Sólidos (PLANARES) e o Programa Recicla+, por meio dos
Decretos nº 11.043/22 e nº 11.044/22, respectivamente. Na mesma data, o Projeto
de Lei (PL) nº 924/2022, que institui o Programa Nacional de Recuperação
Energética de Resíduos (PNRE), foi apresentado à Câmara dos Deputados.
O documento, que contou com apoio técnico da Associação
Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN), propõe medidas para
estimular os municípios brasileiros a licitarem usinas que utilizam o lixo
urbano para gerar energia elétrica. O texto do PNRE complementa as diretrizes
nacionais e promove o incentivo à recuperação energética da fração não
reciclável dos resíduos sólidos, além de incentivar, financiar e promover a
estruturação de processos licitatórios para concessões municipais de manejo de
resíduos.
O menor impacto ambiental previsto no Programa não considera
o envio de resíduos para aterros sanitários quando há viabilidade técnica e
econômica para o tratamento e a recuperação de energia por incineração. A
proposta é que se priorize os aterros sanitários como soluções transitórias
para o encerramento de lixões.
Especialistas em todo o mundo alertam para a necessidade de
se formular políticas públicas com o objetivo de erradicar lixões e tratar as
emissões de metano no setor de gerenciamento de resíduos, bem como reforçam a
necessidade de os aterros sanitários serem equipados com equipamentos de
controle e valorização de biogás e sujeitos, cada vez mais, a um monitoramento
mais abrangente.
O 5º Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas (IPCC) aponta que as usinas de recuperação energética reduzem em
muito as emissões de gases de efeito estufa (GEE) quando comparadas aos lixões.
A implantação de usinas de recuperação energética, somente
nas 28 regiões metropolitanas brasileiras com mais de 1 milhão de habitantes,
teria potencial de evitar a emissão de cerca de 51 milhões de toneladas de CO2
equivalente anuais, ou 1,53 bilhão de CO2 equivalente durante de 30 anos de
operação, o que corresponderia a plantar quase 7 bilhões de árvores neste
período.
Esse cenário serve de alerta para o Brasil. O País firmou
compromisso na COP 26 de reduzir 30% das emissões de metano até 2030, o que
reforça a necessidade de se erradicar definitivamente os lixões e agregar mais
tecnologia à gestão de resíduos em todo o nosso território.
As UREs fornecem uma solução local para o gerenciamento sustentável de resíduos sólidos, que geralmente são transportados a apenas alguns quilômetros de distância antes de serem convertidos em energia limpa e renovável, permitindo uma economia somente em transporte de RSU e de uso do sistema de transmissão de energia equivalente a cerca de 340 R$/MWh.
Outra forma relevante de recuperação energética ocorre com a
utilização do Combustível Derivado de Resíduos (CDR) para o coprocessamento em
fábricas de cimento. Utiliza-se esse combustível alternativo de modo a reduzir
a utilização de combustível fóssil, neste caso, o coque de petróleo, derivado
do petróleo e que gera muito mais gases de efeito estufa do que o CDR. O Brasil
conta com 36 fábricas de cimento com licenciamento ambiental para o
coprocessamento e substitui 31% do combustível fóssil por CDR para a fabricação
de cimento.
A cargo de exemplo, os 13 países com uma taxa de tratamento
térmico de RSU superior a 25% do total gerado estão também entre os 16
primeiros países no Índice de Saúde e Bem-Estar do Fórum Econômico Mundial. A
instalação de usinas de recuperação energética permite incomensuráveis
benefícios à saúde da população. Segundo estudos da Associação Internacional de
Resíduos Sólidos (ISWA), o custo do atendimento médico à população afetada pela
má gestão dos RSU é calculado entre 10 e 20 $/t de RSU, equivalente a uma média
de 75 R$/t, o que representa um gasto desnecessário de R$ 5,25 bilhões/ano no
Brasil, isso sem contar os óbitos relacionados a isso.
Outra forma relevante de capturar o metano é por meio de
sistemas instalados em aterros sanitários, para geração de energia elétrica
pela queima do biogás ou separação do biometano para ser usado em veículos ou
injetado na rede local de gasodutos. O Brasil deposita 40% de seu lixo urbano
em lixões e aterros controlados, sendo que, nestes casos, torna-se
especialmente relevante que sejam construídos aterros sanitários com esses
sistemas de geração de energia elétrica, de modo a reduzir as emissões de gases
de efeito estufa com a captura de aproximadamente 50% do metano emitido.
O mercado de recuperação energética começa a ser criado
nacionalmente, atraindo grandes investidores internacionais para atuarem no
mercado brasileiro. Trata-se de um movimento positivo para o Brasil, que trará
recursos importantes nos setores de saneamento básico e saúde pública, além de
gerar energia limpa e renovável, criar empregos e contribuir para a redução de
gases de efeito estufa, potencializando o papel do Brasil em relação à economia
circular e à agenda ESG.
O Brasil é um país de enormes proporções, sendo que para
cada região, deve-se avaliar a melhor opção disponível e possível, sob o ponto
de vista tecnológico e financeiro. Ou seja, não existe uma solução única para
todas as regiões do país, sendo que cada região deverá realizar estudos
específicos para identificar as melhores sinergias.
Yuri Schmitke é Presidente da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN), Presidente do Waste-to-Energy Research and Technology Council (WtERT Brasil), Mestre em Direito e Políticas Públicas pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB) e Professor da FGV no MBA em Administração: Recuperação Energética e Tratamento de Resíduos.
XX Encontro do Comitê do Setor Elétrico da ABGR 2022 - Dias 30 e 31 de Agosto - Evento Online e Gratuito
Empresas Participantes: AES BRASIL / AMAZONAS ENERGIA / BOM FUTURO-HYDRIA / CEMIG / CGT ELETROSUL / COPEL / CPFL / CTG BRASIL / ECHOENERGIA / ELERA RENOVÁVEIS / ELETRONORTE / ELETRONUCLEAR/ EMAE / ENEL / ENERGISA / ENGIE BRASIL ENERGIA / EQUATORIAL ENERGIA / ENEVA / FURNAS / GASMIG / ITAIPU BINACIONAL / JIRAU ENERGIA / LIGHT / NEOENERGIA / NORTE ENERGIA / PETROBRAS / RAÍZEN / RORAIMA ENERGIA / STATE GRID / TAESA.
Inscreva-se em: https://eventos.congresse.me/cse-abgr
A ABGR apoia o INSURTECH LATAM FORUM 2022, UM DOS MAIORES FÓRUNS LATINO-AMERICANOS DE INOVAÇÃO EM SEGUROS
De 08 a 12 de agosto.
Mais informações sobre o forum e inscrições em:https://www.insurtechlatam.com.br/
Associados ABGR têm desconto na inscrição!
Curso Preparatório e Certificação Profissional Internacional em Gestão de Riscos.
Associados ABGR têm desconto para inscrições antecipadas. Solicite mais informações através do
e-mail: abgr@abgr.com.br
Webinário - COAF - Avaliação Nacional de Riscos (ANR) e Avaliação do Gafi
31 ago - 2022 • 10:00 > 11:00
Evento Online via Youtube
Inscreva-se gratuitamente em:https://www.sympla.com.br/evento-online/webinario-coaf-avaliacao-nacional-de-riscos-anr-e-avaliacao-do-gafi/1629696?share_id=
Acesse as edições mais recentes das publicações do Mercado de Seguros
Revista Apólice: https://www.revistaapolice.com.br/2022/06/edicao-277/
Revista Cobertura: https://www.revistacobertura.com.br/revistas/revista-cobertura-243/
Revista Insurance Corp: http://insurancecorp.com.br/pt/content/pdf/ic_ed42_2022.pdf
Revista Segurador Brasil: https://revistaseguradorbrasil.com.br/edicao-173/
Revista Seguro Total: https://revistasegurototal.com.br/2022/07/05/edicao-226-eventos-comprovam-a-pujanca-do-mercado-segurador/
Revista de Seguros: https://cnseg.org.br/publicacoes/revista-de-seguros-n-920.html
Conjuntura CNseg : https://cnseg.org.br/publicacoes/conjuntura-cnseg-n75.html
Revista Insurtalks: https://www.flipsnack.com/FEDBBBDD75E/revista-insurtalks-2/full-view.html
Revista Brasil Energia: https://editorabrasilenergia.com.br/wp-content/uploads/sites/1/flips/133132/Bia475/index.html
Tweet to @abgr_brasil Tweet