A Inteligência Artificial Generativa será disruptiva para o setor de seguros
09, Mar. 2023
Fonte: CQCS
No dia 28 de fevereiro deste ano, aconteceu o Mesa Redonda
do Seguro, com a participação do Superintendente Executivo de Sinistros da
Bradesco Seguros, Rodrigo Herzog, como entrevistado. Com mediação do Gustavo
Doria Filho, a live foi transmitida ao vivo no canal da TV CQCS, no YouTube.
Nesta edição, participaram os jornalistas Luanna Mikaelle, da Insurtalks;
Nicole Fraga, da Revista Apólice; Carol Rodrigues, da Revista Cobertura; Marcia
Kovacs, da Revista Insurance Corp; Elaine Lisboa, do Jornal do Corretor de
Seguros; e Ítalo Menezes, do CQCS.
Confira abaixo alguns destaques do bate papo:
Alícia Ribeiro: A gente vê que o mercado de seguros possui
uma grande facilidade de absorver novas tecnologias. Tendo em vista essa
questão, na sua visão houve uma redução de pagamento das indenizações com a
utilização de ferramentas tecnológicas?
Rodrigo Herzog: Com certeza o mercado como um todo, e
falando especificamente da gente aqui na Bradesco Seguros, quando nós
implementamos a inteligência artificial (são algumas inteligências artificiais,
alguns processos que foram implementados nessa inteligência), a gente sempre
mirou numa melhor prestação de atendimento, numa melhor prestação de serviço
aos nossos colegas Corretores e aos nossos clientes. Então, o indicador de
tempo e qualidade são os dois indicadores que são medidos por nós em todas as
nossas ações. Hoje a gente já teve um ganho de 10% no tempo de nossas
indenizações, falando das indenizações integrais. Também tem uma outra
Inteligência Artificial que a gente fez em perda parcial que aí a gente já
ganha um pouquinho mais: tem um ganho de 15% no tempo do de conclusão do
Sinistro. Isso tudo dá celeridade no processo e cria uma facilidade para o
nosso cliente. Aceleramos alguns processos internos e a intenção é essa mesmo,
reduzir o tempo do sinistro e melhorar a satisfação do cliente.
“Temos a sorte de trabalhar com os dois maiores sonhos do
brasileiro que é o carro e a casa”
Ainda em resposta à Alícia, Herzog explica que a maior parte
do trabalho da Bradesco Seguros está relacionado a dois grandes sonhos dos
brasileiros: “Temos a sorte de trabalhar com os dois maiores sonhos do
brasileiro que é o carro e a casa. Hoje 80% dos nossos sinistros são de carro
ou de casa, então temos todo o cuidado e o carinho para dar o melhor
atendimento possível aos nossos parceiros e aos nossos clientes”, diz ele.
Insurtalks: Rodrigo, você está na área de Inovação há
bastante tempo e sabe que, sobretudo de 2020 até hoje, muitas tendências
tecnológicas são apontadas para a área de seguros. Quais dessas tendências você
acha que são mais urgentes para serem viabilizadas e quais você acha que vai
demorar mais um pouco por conta de empecilhos técnicos ou socioeconômicos?
Rodrigo Herzog: Eu sou formado em Ciência da Computação,
então sou apaixonado por tecnologia e na utilização da tecnologia para os
negócios. O que eu vejo que é fundamental hoje para qualquer Companhia
sobreviver é uma forte estruturação de dados. A gente fala da Era digital hoje
só que para ter a Era digital, é preciso ter uma boa estruturação de dados. E
aí não só aqueles dados (tentando tirar um pouco do técnico aqui), não só o
dado que está estruturado numa base de dados daquele determinado sistema, mas
sim aqueles dados que ainda não estão estruturados. Ou seja, como estruturar
esse dado não estruturado para ele se tornar de fato uma informação? Para
começar, hoje todas as empresas precisam ter dedicação e estruturação para ciência
de dados. Eu sei que é um tema que tá na moda, mas ele também é um tema antigo.
Uso dos dados para evitar doenças e aumentar a longevidade
das pessoas
O executivo traz uma vivência própria para exemplificar como
é possível usar os dados em benefício da
saúde e longevidade das pessoas. Ele explica: “Vou até trazer aqui um paralelo
de uma experiência que a gente teve em contato com uma Startup de Israel, pela
Escola Nacional de Seguros, que fez um treinamento com algumas pessoas e eu
tive a sorte de participar desse evento. A gente teve um contato com uma
Startup que tem o seguinte sistema: eu, por exemplo, tenho hoje 40 anos, se eu
tivesse nascido em Israel, teria acesso a todos os meus exames de vida desde o
dia que eu nasci. Seja exame de sangue, de urina, cardiológico, de esteira,
todos. Então, eu teria acesso a todas as informações de saúde. Olha que
interessante, podemos trazer o conhecimento cognitivo. Então, neste exemplo,
você pega os parâmetros do Rodrigo Herzog, de colesterol , ferro, potássio,
cálcio ou tireoide e começa a conjecturar isso e cruzar com pessoas que tinham
aqueles indicadores e ao longo do tempo foram mudando esses indicadores. Assim,
é possível evitar doenças e aumentar a longevidade da pessoa. Então essa parte
de dados é fundamental para tudo. Dei exemplo de saúde, mas tem diversos outros
exemplos aqui na linha de massificados para residência e automóvel.
“Nós ouvimos falar do ChatGPT, mas no fundo estamos falando
de Inteligência Artificial Generativa”
Segundo Herzog, há pontos importantes, porém complicados
para o setor de seguros. Ele diz: “Um ponto que a gente precisa atacar, precisa
entrar de verdade e vai ser um pouco mais complicado, é um assunto que esse
último mês ganhou muita força. Nós ouvimos falar do ChatGPT, mas no fundo
estamos falando de Inteligência Artificial Generativa, que é aquela
Inteligência Artificial que gera conteúdo a partir de pequenos insumos. No
passado falávamos assim: ‘a máquina vai conseguir replicar a aprendizagem
humana’. Isso era algo que já sabíamos que ia acontecer, era a inteligência
cognitiva, que é a repetição de algo que alguém já conhece. Hoje a gente já vê
cientistas, estudiosos e alguns pesquisadores conseguindo trazer e programar a
máquina para ela aprender com as respostas dela mesma. Então, ela já não
precisa mais de um humano ali configurando ela. Olha para onde a gente pode
ir”.
A Inteligência Artificial Generativa será disruptiva para o
setor
O Superintendente da Bradesco Seguros explica que a
Inteligência Artificial Generativa será disruptiva para o setor de seguros: “Em
relação à parte da comunicação, do nível de consciência: se a gente consegue
criar conteúdo, se a máquina vem criando esse conteúdo, como é que a gente pode
fazer a máquina interpretar qual tipo de cliente está pedindo acesso a ela e
começar a dar conteúdo da forma que essa pessoa entende? Porque eu aprendo de
um jeito, você aprende de outro, o fulano aprende de outro e a máquina pode
fazer essa interpretação através de dados e começar a levar essa consciência da
forma que cada um entende. Essa personalização junto com uma inteligência
artificial generativa vai fazer toda a diferença na prestação de serviços do
nosso ramo. Com certeza é algo que que vai ser, nos próximos dois anos, algo
disruptivo e até lá a precisamos ter uma forte estruturação de dados. Se não
tiver, não será possível conseguir gerar tudo isso. Esse é o caminho para o agora”.
Alícia Ribeiro: A tecnologia hoje é uma das aliadas mais
fortes para prevenir e combater as fraudes no mercado. Quais medidas a Bradesco
Seguros tem adotado, com apoio dessas ferramentas, para combater as fraudes?
Rodrigo Herzog: Tem duas formas de você trabalhar com
fraude: uma é no combate,que é muito mais caro, e a outra é na prevenção. Nós
estamos trabalhando muito forte na prevenção, desde a entrada do risco. Então é
desde a aceitação, o under White, a entrada da proposta e vistoria prévia. Esse
processo passa por diversas reformulações diárias, semanais, são diversas
discussões entre os times que a gente tem que tratam desses temas para ter essa
prevenção. Claro que existe um trabalho feito junto com todas as seguradoras,
via Federação, onde também as seguradoras se juntam, se ajudam, trocam
informações e isso tudo ajuda nessa prevenção também. No combate, após a iminência de um sinistro, temos a
experiência da equipe, a experiência de um processo autônomo regido por uma
inteligência artificial que monitora tudo que acontece com aquele sinistro. Em
determinadas situações ele te dá um alerta de que pode ter acontecido alguma
atividade suspeita. Nós trabalhamos com essas duas vertentes de prevenção e
combate e sempre olhando para esse tema junto com a Federação e as outras
seguradoras.
Insurtalks: Falando de futuro, Você acredita que a Internet
das Coisas (IoT) vai chegar a viabilizar a atuação da indústria de seguros nas
futuras Cidades Inteligentes? Se sim, como o potencial da indústria poderá ser
totalmente aproveitado nessas cidades?
Rodrigo Herzog: Quando a gente fala de IoT, estamos falando
de todos os ramos, de todos os possíveis negócios. Por exemplo, em 2015, eu
trabalhei numa empresa do setor de alarmes e rastreadores de monitoramento. Olha
a discussão que a gente tinha lá: o cliente contratar um alarme para residência
do pai idoso, com problema de saúde e todo dia, às 9 horas da manhã, ele tem
que tomar um remédio e, ao mesmo tempo, o cliente quer saber se ele tinha
acordado ou não. Então, a gente tinha um tapete com sensor de peso debaixo do
lençol onde o cliente colocava na cama dos seus pais ou da pessoa que você
desejasse monitorar com alertas do tipo: ‘Fulano levantou, tal horário aí
Fulano tem que tomar o remédio’. Dessa forma,
você começa a colocar conceitos de um seguro, uma proteção Residencial,
para uma proteção de um ente familiar. E aí isso pode ajudar em Seguros Saúde.
“Eu acho que a gente vai experimentar muita coisa ainda
vindo da IoT”
Herzog acredita que há muito ainda por vir em relação ao uso de IoT na área de seguros e que as soluções virão para melhorar a vida das pessoas. Ele afirma: “Há alguns carros que já estão saindo com rastreadores que já monitoram aonde o motorista está andando com o carro, a velocidade que ele anda, a telemetria daquele carro completa. É um monitor online do veículo e com conexão para rastreamento caso o motorista tenha algum sinistro. Tudo isso é uma realidade da nossa vida atual e eu tenho certeza que cada vez mais essas conexões, essas soluções vão se juntar para levar uma vida melhor para todo mundo, seja para o para o consumidor seja para a seguradora. São coisas que vão andar juntas, horas por conta de negócios e horas por conta de Hobby. Então, eu acho que a gente vai experimentar muita coisa ainda vindo da IoT”.
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Conjuntura CNseg: https://cnseg.org.br/publicacoes/conjuntura-cnseg-n84-8A8AA8A385DE9D4A01865BF756D54CC2.html
Revista Insurtalks: https://www.insurtalks.com.br/revista/revista-insurtalks-4
Revista Brasil Energia: https://editorabrasilenergia.com.br/wp-content/uploads/sites/1/flips/134480/Bia479/index.htm
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