Por Danilo Barbosa- VP Executivo da WAY2

Artigo – Canal Energia

Estamos em um momento crucial para a digitalização do mercado de energia. A portabilidade de dados dos consumidores deve ser uma premissa fundamental, especialmente com a abertura do Mercado Livre.

Quando falamos em portabilidade, a primeira coisa que vem à mente é a troca de fornecedores de serviços como telefonia ou planos de saúde. De fato, essa é uma grande conquista, cada vez mais próxima do setor elétrico com a abertura progressiva do Mercado Livre. Um pilar desta troca de fornecedores é a Portabilidade de Dados: a capacidade do próprio cliente, ou um novo fornecedor autorizado, acessar seus dados. Muitas vezes isto vai incluir dados cadastrais, acesso a novos registros de transações, ou mesmo algum histórico de relações com fornecedores anteriores. É um novo plano de saúde tendo acesso a nossos precedentes médicos.

Mais do que um pilar da portabilidade entre fornecedores, podemos ver a possibilidade de acesso a dados como um princípio em si. É o que acontece em movimentos como o Open Banking, por trás de modelos interoperáveis como o pagamento por PIX. Graças a este alinhamento de esforços no setor financeiro, logo poderemos também compartilhar nosso histórico bancário com uma seguradora de nossa preferência, ou acessar serviços de uma rede muito maior de terceiros através de nossa interface bancária de preferência. A interoperabilidade pode reduzir barreiras de entrada e permitir maior especialização.

No setor elétrico, ao implementar a portabilidade entre Comercializadores Varejistas, temos a chance de olhar a troca de dados entre agentes com um caso específico de uma abertura muito maior e mais rica. Ao invés de limitar a portabilidade de dados ao universo de cada distribuidora, devemos pensar em como o setor pode estabelecer padrões únicos que fomentem a competitividade.

Ter autorização para acesso aos dados de consumidores previamente à portabilidade, ou mesmo à migração para o Mercado Livre, viabiliza cotações mais precisas e rápidas de planos de energia, por exemplo. Possibilidades como a integração da plataforma GOV.BR, poderiam ao mesmo tempo melhorar a segurança nos processos de identificação do usuário (garantia de acesso por um determinado CPF), como ainda colocar o setor em conversa com outros segmentos, como o financeiro. Afinal, é muitas vezes com nossas contas de energia que comprovamos domicílio, e podemos comprovar solidez no histórico de pagamentos.

É disto que trata o movimento Open Energy (mais informações, aqui: openenergy.com.br). Um olho na abertura de mercado, outro nas oportunidades de maior competitividade sustentadas pela tecnologia. Aos que se preocupam com a segurança, vale lembrar que a própria LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais – já traz em seu artigo 18, item V, o direito à Portabilidade dos Dados. O suporte tecnológico explícito a tal princípio aumenta a segurança, e inibe práticas como compartilhamento de senhas e “engenharia reversa” sobre documentos produzidos para uso humano. 

Danilo Barbosa é VP Executivo da Way2

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