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Gestão Integrada de Riscos Empresariais (ERM) - Abordagem Holística.

31, Jul. 2023

Artigo:

                         Fabrizio Mascena,  Assessor Sul ABGR.                         


Uma Gestão Integrada de Riscos Empresariais (ERM – Entreprise Risk Management) é uma abordagem holística que considera uma ampla gama de riscos que podem afetar uma empresa, incluindo riscos financeiros, operacionais, legais, de conformidade, reputacionais e estratégicos. Ao contrário de abordagens mais tradicionais de gestão de riscos, que tendem a lidar com riscos isolados, o ERM procura entender a interconexão entre diferentes riscos e como eles podem se combinar para criar impactos maiores. O ERM gerencia não apenas riscos de perda, mas também estratégia e oportunidades.

Assim, um programa de ERM eficaz pode ajudar uma organização a se tornar mais resiliente, permitindo-lhe tomar decisões mais informadas, melhorar a alocação de recursos e antecipar desafios potenciais que possam surgir no ambiente empresarial em constante mudança.

Se você é o responsável pela área de riscos (RM – Risk Manager) e/ou seguros de sua empresa e está pensando em montar um programa de ERM, é melhor você estar preparado para responder às seguintes perguntas, quando apresentar o seu “business case” à sua diretoria:

Por que uma empresa precisa de um ERM?

Quais recursos precisam ser alocados para o ERM?

Como o ERM será implementado na empresa?

Como mensurar o sucesso do programa de ERM?

Quem ficará à frente do programa de ERM?

Quais os problemas que poderia prejudicar o programa de ERM? 

Trabalharemos com vocês em cada um destes questionamentos, para que toda a diretoria e equipe possam estar convencidos e preparados. 

Por que a empresa precisa de um programa de ERM?

O programa de ERM ajuda as empresas a estarem mais preparadas para enfrentar os desafios futuros, identificando e compreendendo melhor os riscos emergentes, buscando soluções proativas e estratégicas para mitigá-los e, quando possível, transformá-los em oportunidades. Essa abordagem mais abrangente e prospectiva do ERM permite que as organizações estejam melhor preparadas para lidarem com as incertezas e mudanças do ambiente de negócios, contribuindo para a resiliência e sucesso a longo prazo.

Com esta abordagem, os Risk Managers conseguem demonstrar o valor agregado do ERM para as suas organizações, tais como:

Melhoria nos processos de tomada de decisão;

Cumprimento das suas obrigações de compliance e legais;

Melhoria da performance de suas empresas;

Antecipação dos riscos e diminuição de possíveis ameaças;

Melhoria nos processos de tomada de decisão

Com a implementação do ERM, as organizações podem aprimorar suas tomadas de decisão, pois o trabalho de gerenciamento aborda tanto os riscos quanto as oportunidades. Cada decisão envolve riscos e é fundamental que as organizações os compreendam de forma mais abrangente. Ao integrar o ERM em seus planejamentos estratégicos, os executivos conseguem avaliar tanto os aspectos positivos quanto negativos e assim prever os resultados esperados. 

A Standard & Poor's (S&P) sugere que as empresas alterem sua perspectiva de "custo/benefício" para "risco/recompensa" nos processos de planejamento estratégico, considerando fatores conhecidos e desconhecidos em suas decisões. Além disso, é importante que os programas de ERM estejam alinhados ao apetite de risco da organização durante o processo de tomada de decisão.

Cumprimento das suas obrigações de compliance e legais

Os programas de ERM têm sido reconhecidos, inclusive pelo Tribunal de Contas da União (TCU), como modelos adequados para gerenciar riscos nas operações das empresas. Além disso, esses programas têm a capacidade de integrar os processos de auditoria interna das empresas, proporcionando uma visão abrangente sobre os riscos enfrentados.

O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) também destaca a importância do alinhamento do apetite de risco das empresas com seus objetivos estratégicos. O estabelecimento de um Comitê de Auditoria Independente é uma prática recomendada pelo IBGC, que visa aumentar a transparência, prestação de contas e responsabilidade nas empresas, conceitos que também são valorizados nos programas de ERM.

As agências de classificação de riscos valorizam a existência de programas de ERM nas empresas durante o processo de avaliação. Esses programas identificam os principais riscos e os alinham com os objetivos da empresa, a tomada de decisões e a tolerância ao risco de maneira transparente para todos os stakeholders, o que contribui para uma avaliação mais precisa das empresas.

Dessa forma, os programas de ERM proporcionam uma abordagem abrangente e integrada para o gerenciamento de riscos, ao mesmo tempo em que fortalecem a governança corporativa e aumentam a transparência nas empresas. Estas práticas têm se mostrado fundamentais para uma gestão eficiente e responsável, permitindo que as organizações enfrentem os desafios do ambiente de negócios de forma mais segura e sustentável.

Melhoria da performance de suas empresas

As políticas de risco adotadas por uma empresa podem influenciar significativamente o alcance de seus objetivos. Um exemplo disso é a diferença entre as estratégias das empresas Coca-Cola e Pepsi na década de 1960 e 1970. Nesta época, a Coca-Cola adotou uma política conservadora e aversa a riscos, o que permitiu à Pepsi aproveitar a oportunidade para expandir sua participação no mercado norte-americano e asiático. A Pepsi implementou uma política agressiva de marketing, expansão e diversificação de negócios, incluindo a aquisição da Pizza Hut e da Taco Bell, alinhando-se com seu apetite de risco e objetivos de crescimento. Somente na década de 1980, a Coca-Cola revisou sua política de aversão ao risco e lançou o primeiro refrigerante dietético do mundo em 1982, que em um ano se tornou a bebida de baixa caloria mais consumida nos Estados Unidos.

O programa de ERM também desempenha um papel importante ao alinhar os objetivos da empresa com seu apetite de risco e identificar uma ampla gama de riscos que podem afetar diferentes áreas da organização. 

Por exemplo, a área de supply chain, que tradicionalmente é vista como um risco operacional, pode ser considerada também um risco financeiro se afetar as vendas ou um risco de reputação se afetar a qualidade das entregas de produtos ou matérias-primas. O ERM permite uma visão holística dos riscos da empresa, ajudando-a a tomar decisões mais informadas e estratégicas para alcançar seus objetivos de forma mais segura e eficiente.

Antecipar riscos e minimizar possíveis ameaças;

O gerenciamento de risco tradicional tem como foco principal eventos passados para prever e financiar possíveis perdas. Por outro lado, o programa de ERM vai além, proporcionando uma nova perspectiva ao abordar riscos emergentes. 

Um exemplo disso é a recomendação da S&P's de que um sólido programa de gerenciamento de risco deve considerar os riscos que ainda não existem ou que são difíceis de reconhecer, mas que podem surgir devido às mudanças no ambiente, sejam elas de que tipo for. Para esses riscos, os processos tradicionais de identificação e monitoramento podem não ser eficazes, uma vez que sua frequência e impacto são completamente desconhecidos.

Entretanto, a experiência tem mostrado que, quando esses riscos se materializam, eles podem ter impactos significativos e não podem ser ignorados. Um exemplo emblemático é o risco pandêmico, como o caso da COVID-19, que trouxe consequências devastadoras para muitas pessoas e empresas. No entanto, também foi uma oportunidade de crescimento para aqueles que conseguiram antecipar e se adaptar de forma integrada.

Em resumo, o ERM oferece uma abordagem estruturada e sistemática para lidar com riscos e desafios das empresas, que vai além do simples gerenciamento isolado de ameaças específicas, mas promovendo diversos avanços e melhorias nas empresas, em especial com suas performances. Ao adotar o ERM, uma empresa pode se tornar mais resiliente, eficiente, competitiva e confiável em seu setor, o que é fundamental para prosperar em um ambiente de negócios complexo e em constante mudança.


 Fabrizio Mascena, Assessor Sul ABGR.

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