Por    Adriano Correia   - Fonte: Canal Energia

Medidas que envolvam estratégias de gestão de crise, investimentos em inovação e transição energética são uma das respostas para enfrentar os desafios e garantir a sustentabilidade organizacional.

Com as temperaturas globais atingindo níveis recordes e eventos climáticos extremos afetando pessoas em todo o mundo, a mudança climática é – sem dúvida – um das agendas mais urgentes da atualidade, pauta central das negociações na COP 28, a 28ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro do Clima da ONU, que aconteceu em Dubai, nos Emirados Árabes.

Neste cenário, é fundamental que as empresas de Energia e Serviços de Utilidade Pública (EU&R) avaliem com clareza os riscos das mudanças climáticas, iniciando um processo estruturado de preparação e resiliência para encarar as possíveis disrupções nas cadeias de suprimentos globais, na disponibilidade de recursos estratégicos, rebalanceamento de portfólio e outras variações e riscos.

O resultado da nossa 26ª Global CEO Survey, pesquisa anual que analisa as perspectivas dos líderes empresariais sobre crescimento, prioridades e investimentos mostra que as ameaças climáticas estão entre as principais preocupações dos negócios: 38% dos executivos de EU&R acreditam que as variações climáticas estão no topo do ranking, considerando um horizonte de cinco anos. Os dados também revelam que 35% dos CEOs da indústria consideram que o clima poderia afetar negativamente as organizações.

Medidas que envolvam estratégias de gestão de crise, investimentos em inovação e transição energética são uma das respostas para enfrentar os desafios e garantir a sustentabilidade organizacional. É vital, por exemplo, que as empresas do setor elaborem um plano integrado para mitigar as adversidades, observando as possíveis fragilidades das operações em resposta aos efeitos das mudanças climáticas.

Apesar de 73% dos CEOs de EU&R no Brasil citarem a transição para novas fontes de energia como um dos fatores que mais pode afetar a lucratividade nos próximos dez anos – quase o dobro da média do Brasil (38%) –, as empresas do setor se mostram mais avançadas do que a média brasileira em relação a iniciativas climáticas: 84% já implementaram ou estão em processo de incluir iniciativas para reduzir suas emissões, em comparação a 63% da média nacional.

Outro levantamento, conduzido pela Strategy&, consultoria estratégica da PwC, que analisa as tendências setoriais de mercado e principais fatores de sucesso dentro do setor, conclui que as empresas da indústria que possuem energias renováveis em seu portfólio alcançaram uma valorização 25% maior de mercado em relação àquelas que ainda oferecem outras fontes de energia. Além disso, o potencial de crescimento real das empresas que investem em energias renováveis é 12,4% maior que o de empresas que oferecem fontes fósseis de energia. 

É urgente incorporar os aspectos ambientais na estratégia e no dia a dia das empresas. Medir e comunicar planos e avanços passa a ser tão importante quanto gerar resultados econômicos. Na PwC, assumimos o compromisso global de nos tornarmos uma firma Net Zero até 2030, definindo metas ambiciosas de redução de emissões diretas e indiretas de gases do efeito estufa (GEE), que provocam o aquecimento do planeta.

Adotar a prioridade e o ritmo adequados para atenuar os riscos climáticos, gerar oportunidades de novos negócios e descarbonizar as próprias operações são desafios estratégicos urgentes. E o enfrentamento a estas adversidades climáticas deve encorajar as empresas a adotar novos modelos de negócios, mais sustentáveis, com produtos inovadores e tecnologias mais avançadas. Uma mudança que incentive a preferência entre consumidores e investidores – inclusive com acesso a financiamentos – e que acompanhe uma tendência a valorizar empresas com responsabilidade social e comprometimento com práticas ambientais.

Ao abraçar a necessidade de adaptação às mudanças climáticas, as empresas podem não apenas fortalecer sua resiliência, mas também posicionar-se para o crescimento sustentável, demonstrando liderança em meio à corrida para inverter a curva de emissões e nos colocar de volta no caminho do Acordo de Paris, realizado em 2015 e reforçado na COP 28, para conter o aumento do aquecimento global em 1,5º.

Adriano Correia é sócio da PwC Brasil e líder do setor de Energia e Serviços de Utilidade Pública.

https://www.canalenergia.com.br/artigos/53266137/gestao-de-crise-tecnologia-e-energia-sustentavel-sao-armas-contra-os-riscos-ambientais

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