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Após arrumar a casa, ABGR quer crescer e influenciar

26, Jan. 2024

Fonte: Risco Seguro Brasil

Autor: Rodrigo Amaral


Primeiro foi arrumar a casa. Agora a Associação Brasileira de Gerência de Riscos quer ampliar suas atividades para conseguir novos membros e divulgar a função do gerente de riscos entre as empresas brasileiras.

Ao mesmo tempo, a diretoria da ABGR, liderada por Luiz Otavio Artilheiro, trabalha para reconstruir a reputação da organização e mostrar ao mercado que se trata de uma firme parceira em iniciativas para fazer avançar os seguros para empresas.

Artilheiro conversou com a Risco Seguro Brasil às vésperas de assumir seu segundo mandato como presidente da ABGR. Ele foi reeleito para o posto na metade de dezembro e, após um recesso de verão, a associação retoma suas atividades com uma agenda definida.

No primeiro mandato, a missão foi melhorar a governança da associação, botar suas finanças em ordem e dar início a uma recuparação de sua imagem.

"Nossa visão é que a ABGR tem que ter uma base sólida e uma boa reputação.”

Quando assumiu a associação, logo após a pandemia de Covid-19, Artilheiro conta que encontrou uma organização com claras falhas de governança.


O que não é algo raro entre as associações sem fins lucrativos brasileiras. Mas os problemas tinham uma gravidade suficiente para focar boa parte das atuações da equipe nos três anos seguintes na sua correção.

Foi preciso reescrever o estatuto da associação e organizar seus processos internos. Os mandatos dos dirigentes e suas atribuições foram definidas mais claramente, de forma a dar mais transparência para as atividades.


Quando a gente entrou foi um sufoco. Mas agora estamos com a governança bem adiantada e regularizada.

Finanças

Outro tema que necessitou muita atenção, segundo Artilheiro, foram as finanças da ABGR.

As prestações dos associados foram regularizadas e se buscou dar uma maior visibilidade ao uso de patrocínios e outras fontes de recursos levantados pela associação.

A ABGR também teve que lidar com disputas trabalhistas com antigos funcionários, que acabaram sendo resolvidas no decorrer dos últimos três anos.

“Quem quiser pode olhar o balanço da associação e ver que a nossa saúde financeira é boa,” assegura.

Artilheiro afirma que a ABGR é agora uma entidade mais sólida, com finanças verificáveis, o que tem ajudado a melhorar sua reputação junto ao mercado.


Cinco anos atrás, era difícil conseguir que alguém se tornasse conselheiro ou diretor da ABGR. Mas agora é possível mostrar que a associação tem uma receita que paga suas despesas e um caixa provisionado para tocar qualquer projeto que a pessoal quiser levar em frente.

Quanto mais, melhor

Uma boa imagem é importante para que a ABGR atraia novos membros, uma das principais prioridades de Artilheiro no novo mandato.

Atualmente, a ABGR possui cerca de 90 associados, e o objetivo é aumentar este número de forma significativa.

“Existe muito potencial para crescer, e a gente quer ultrapassar a barreira de cem associados para alavancar o número de membros,” diz ele.

Para que mais gestores de riscos participem, é preciso deixar claro que a entidade vai cuidar dos problemas e temas de interesse para a função.

Por este motivo, a nova diretoria, assim como a anterior e o conselho deliberativo, é totalmente formada por gerentes de riscos.


Quem vê a composição da diretoria sabe que quem está lá é um grupo de pessoas sérias, que estão trabalhando nas suas empresas. Isso dá um retorno de reputação muito grande para a gente.

Educação e treinamento

Outra ideia é reproduzir em outros setores iniciativas como a formação do Comitê do Setor Elétrico, o braço mais atuante da entidade: a forte presença de gerentes de riscos de área de energia é uma das características atuais da ABGR.

“Queremos fomentar novos comitês. Queremos áreas como o setor farmacêutico, a infraestrutura, óleo e gás e mineração. Há vários setores que podem fazer um trabalho semelhante ao do setor elétrico,” disse Artilheiro.

A associação também conta com um trabalho educacional e de divulgação, como a Expo ABGR, conferência organizada a cada dois anos, e uma oferta de cursos e treinamento em parceria com organizações como a Escola Nacional de Seguros.

“Nossos eventos têm atraído de mil a 2.000 pessoas por dia. É gente de todo o mercado, das seguradoras, dos brokers e dos profissionais liberais. Mas é um número que mostra que a gente pode alavancar bastante a associação,” observa.

Para desenvolver este tipo de atividade, Artilheiro sabe a ABGR necessita ter credibilidade para conseguir o apoio de atores de mercado que são vitais para expandir a cultura do risco entre as empresas.


A ABGR precisa conversar com as seguradoras e os brokers de igual para igual e mostrar que, quando a gente toca um projeto, vai captar patrocínio e fazer um contrato bem-feito, e o patrocinador poderá ver para onde foi o dinheiro.

Parcerias

Artilheiro também observou que a ABGR está aberta a atuar em parceria com outras organizações profissionais no Brasil e no exterior e aprender com a experiência das associações de gerentes de riscos de outras partes do mundo.

A associação formalizou no ano passado sua entrada na IFRIMA, uma federação internacional de associações do setor de vários continentes.



Também está em contato com a RIMS para facilitar a participação de membros da ABGR nos megaeventos organizados anualmente pela poderosa associação norte-americana. O próximo será em maio em San Diego, na Califórnia.

No Brasil, a ABGR buscará se manter em contato com outras associações e com órgãos reguladores para acrescentar seu grão de areia nos debates que podem afetar os mercados da gestão de riscos e de seguros.

Em 2023, participou de grupos de trabalho que discutiram temas como o PL 29 da nova lei do seguro e as novas regras dos seguros de transportes.


Queremos estar em contato com outras federações para debater e sugerir mudanças, para ver o que a gente pode pleitear.

Isso funcionou muito bem no ano passado. A ABGR quer participar desse debate legislativo.

Visibilidade

Em resumo, o novo mandato da diretoria da ABGR terá como um de seus principais objetivos ampliar o conhecimento sobre a gerência de riscos e o mercado de seguros no Brasil.

Mas Artilheiro alerta que cabe aos profissionais da área grande parte da responsabilidade em fazer com que esta tarefa seja bem-sucedida.

Isso se faz ganhando visibilidade no interior das companhias, educando os outros departamentos sobre a importância da gerência de riscos e participando cada vez mais das decisões estratégicas de suas empresas.

“É bem importante trazer para a gestão de riscos a cúpula das companhias. Até para que os líderes entendam a importância da nossa função,” diz.

Principalmente, é fundamental evitar que o nome da função seja associada a más notícias para todos os envolvidos.



Não dá para deixar que o gerente de riscos só seja lembrado quando há um sinistro ou um acidente.

“O gerente de riscos tem que mostrar dentro da companhia que o seu trabalho é importante. Tem que mostrar em números que é o retorno e o benefício trazido,” afirma. “Ainda existe uma dificuldade no interior das companhias, de seus líderes, em enxergar a importância do gestor de risco no negócio.”

Ademais, um velho adágio na profissão é que o risco também é uma oportunidade, e as ferramentas de transferência ajudam a aumentar a probabilidade de que esta sua segunda característica prevaleça.

“As empresas não podem enxergar o seguro simplesmente como um custo. O gestor de riscos tem que ter capacidade que é um investimento que é feito por um bom motivo, o de salvaguardar o valor da companhia,” conclui o presidente da ABGR.

Valor que foi ressaltado por eventos como a pandemia e o atual mercado duro de seguros, em que as resseguradoras aumentaram em muito sua seletividade de riscos.

Isso não vai mudar. Quem observa o mercado de perto afirma que os tempos em que havia um excesso de capital disponível e os subscritores estavam dispostos a mostrar alguma leniência com a gestão de riscos de seus clientes é coisa do passado.

O trabalho de gerente de riscos se torna então fundamental para garantir os níveis de proteção da empresa.

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