10 medidas para combater crimes cibernéticos durante home office
25, Mai. 2020
10 medidas para combater
crimes cibernéticos durante home office
Especialistas da AGCS destacam uma série de precauções que podem
ajudar colaboradores a combater melhor os desafios cibernéticos que o Covid-19
traz
Fonte: Bloomberg / Sonho Seguro
O coronavírus está mudando a maneira como as pessoas trabalham e
interagem. Muitas empresas estão expandindo sua capacidade de trabalho remoto e
isso, em alguns casos, acaba por reduzir os padrões de segurança de TI. Como
consequência, cibercriminosos e hackers entram em sistemas corporativos que
antes estavam protegidos, causando violações de dados, chantagem cibernética e
falhas nos sistemas.
De acordo com o Allianz Risk Barometer, uma pesquisa anual com
mais de 2.700 especialistas em gerenciamento de riscos em todo o mundo, o risco
cibernético já era classificado como a principal ameaça para as empresas em
2020 antes mesmo do surto de coronavírus. Os ataques de BEC (Business Email
Compromise) ou ataques de spoofing, que geralmente envolvem e-mails para
enganar os colaboradores que acabam revelando informações confidenciais ou
valiosas, resultaram em perdas fraudulentas superiores a US$ 20 bilhões desde
2016.
Estima-se que entre 50% e 90% das violações de dados sejam
causadas ou incentivadas pelos próprios funcionários, seja por simples erro ou
por serem vítimas de phishing ou engenharia social. Infelizmente, o aumento
significativo de pessoas trabalhando em casa por causa da pandemia do novo
coronavírus e que acessam a rede corporativa com uma conexão de rede virtual
privada (VPN), apenas aumenta esses riscos, oferecendo uma oportunidade
perfeita para os criminosos cibernéticos, como eventos recentes demonstram
muito bem.
Em alguns países, dados mostram que o número de tentativas de
ataques cibernéticos aumentou cinco vezes entre meados de fevereiro e meados de
março. Em abril, o Google detectou e bloqueou mais de 18 milhões de e-mails de
malware e phishing e 240 milhões de mensagens de spam diárias relacionadas à
pandemia em uma única semana. No total, a gigante da tecnologia bloqueia mais
de 100 milhões de e-mails de phishing por dia.
No boletim de risco: Coronavírus: Mantendo a Cyber Segurança
Durante a Pandemia, especialistas da Allianz Global Corporate & Specialty
(AGCS) apresentam dicas e medidas para combater ataques via internet que se
aplicam a todos os dispositivos, incluindo os fornecidos pelas empresas para os
colaboradores usarem.
Confira:
1) Manter softwares e navegadores web atualizados;
2) Ativar a proteção contra vírus e firewalls;
3) Ser cada vez mais cauteloso sobre o compartilhamento de dados
pessoais;
4) Manter as senhas seguras e alterá-las regularmente. A regra
geral: quanto mais longa, melhor;
5) Proteger emails confidenciais com criptografia e ter cuidado
com anexos suspeitos, especialmente se o remetente for desconhecido;
6) Fazer backups regulares;
7) Desligar dispositivos inteligentes ativados por voz e cobrir
webcams quando não estiverem em uso;
8) Identificar todos os participantes em reuniões online;
9) Fazer logout quando os dispositivos não estiverem mais em uso
e mantê-los seguros;
10) Seguir as práticas de segurança para imprimir e manusear
documentos confidenciais.
DESEMPENHO
DO AGRONEGÓCIO NA PANDEMIA SUSTENTA EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS
Em pouco mais de três meses da
crise global provocada pelo novo coronavírus, o agronegócio é o setor que
apresenta os melhores resultados no Brasil, sustentando boa parte das vendas de
mercadorias para outros países.
De fevereiro a abril, as
exportações de produtos em geral somaram US$ 52,822 bilhões, conforme dados da
Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia. Somente as
vendas de soja e derivados e de carnes, dois dos principais itens da pauta
brasileira, somaram US$ 16,438 bilhões no período, cerca de um terço do total.
Com empurrão da crise, ativos de
grandes bancos chegam a R$ 7,363 bi e superam PIB
As vendas de soja e derivados e
de carnes no intervalo de fevereiro, quando os efeitos da covid-19 sobre o
comércio global se intensificaram, a abril mostram um aumento de 24% em relação
ao mesmo período do ano passado. Em comparação, as exportações em geral de
fevereiro a abril subiram apenas 0,7%.
Para o economista Simão Davi
Silber, doutor em Economia Internacional e professor da Universidade de São
Paulo (USP), o desempenho positivo do agronegócio, mesmo neste momento de crise
global, tem uma explicação simples. A primeira necessidade é comer. E, para
proteicos, o Brasil é fundamental, afirma.
Soja
Vendas de soja e de carnes responderam por um terço das exportações brasileiras
de fevereiro a abril.
Mesmo assim, o avanço do coronavírus no Brasil começa a preocupar os
compradores estrangeiros. A China já recomendou às empresas de alimentos que
aumentem os estoques de grãos e oleaginosas. Uma das principais questões
levantadas pelos chineses, segundo a agência Reuters, é como o avanço da
pandemia no Brasil poderá prejudicar o envio de produtos como carne, soja e
outros grãos.
Os países da Ásia são os
principais clientes do Brasil. Com uma população superior a 1,4 bilhão de
pessoas, China, Hong Kong e Macau compraram de fevereiro a abril o equivalente
a US$ 17,734 bilhões em mercadorias brasileiras, a maior parte do setor
agrícola. De cada US$ 100 em vendas feitas pelo País, um terço (US$ 33,57) foi
para a região.
Além da forte demanda dos países
asiáticos, consumidores de alimentos, o agronegócio é favorecido pelo câmbio. A
pandemia do novo coronavírus e a crise política que atinge o governo de Jair
Bolsonaro fizeram o dólar disparar nos últimos meses em relação ao real. Na
quinta-feira, 21, a moeda americana à vista encerrou a sessão cotada a R$
5,5818. A alta acumulada em 2020 é de 39%. Para as companhias do agronegócio,
isso significa mais reais no caixa para cada dólar de exportação.
Esse cenário faz o setor aparecer
como uma espécie de ilha de bonança no Brasil, em meio à derrocada econômica na
pandemia. Dados do relatório Focus, do Banco Central, mostram que os
economistas do mercado financeiro projetam atualmente retração de 5,12% do
Produto Interno Bruto (PIB) em 2020. Enquanto o PIB de serviços, fortemente
afetado pelo isolamento social, deve despencar 4%, o PIB da agropecuária pode
subir 2,48%, conforme as projeções dos economistas.
É possível que a queda do PIB no
Brasil seja menor por conta do PIB agrícola, comenta a economista Vitoria Saddi,
professora do Insper em São Paulo. Com a experiência de ter atuado em
instituições internacionais como JP Morgan e Citibank, Saddi acredita que o
comércio global após a pandemia poderá trazer oportunidades ao Brasil.
Em momentos de crise profunda,
como foi a da década de 1870 nos EUA (o Pânico de 1873) ou a Grande Depressão
(iniciada em 1929), o mundo tende a se fechar, alerta a economista. É quase
como um subproduto da crise o fechamento do comércio no mundo.
Ainda assim, países com grande
população a ser alimentada, como a China, precisarão continuar a acessar as
cadeias globais de comércio. Tendo a pensar que talvez os países venham a reprimir
e impor sanções à China, afirma Saddi. Isso seria uma oportunidade para os
produtos brasileiros.
Guerra comercial
Desde antes da covid-19, Estados Unidos e China vinham protagonizando episódios
de guerra comercial, na esteira de uma política mais protecionista adotada pelo
presidente norte-americano, Donald Trump. Nas últimas semanas, Trump elevou o
tom das críticas contra a China e passou a culpar o país asiático pela
pandemia.
No Brasil, esse cenário tem sido
discutido pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Em comentários
públicos, ele vem pontuando que, após a pandemia, o comércio global poderá
passar por mudanças, não necessariamente positivas.
Na última quarta-feira, 20,
porém, Campos Neto lembrou que o setor agrícola brasileiro se tornou uma
potência ao longo dos anos. No resto, ficamos para trás dos países que se
inseriram na cadeia de comércio, afirmou, durante evento ligado ao setor de
infraestrutura.
Fonte: Estadão
Susep abre nova consulta sobre regras prudenciais
O Valor Econômico destaca que a Superintendência
de Seguros Privados (Susep) dará início a uma nova fase do processo de
segmentação do setor, de acordo com o porte e perfil de risco de cada
instituição. Depois de realizar uma consulta pública em fevereiro para receber
sugestões sobre os parâmetros de categorização, esta semana a autarquia voltará
a ouvir o mercado sobre a aplicação proporcional das regras prudenciais. Assim
quanto maior o porte e complexidade, mais informações a entidade deverá
apresentar ao regulador, e de forma mais frequente.
Apesar de serem duas regras
diferentes, elas se complementam e devem ser editadas conjuntamente em cerca de
dois meses, disse ao Valor o diretor da Susep, Vinicius Brandi. A nova consulta
pública terá duração de 30 dias.
A segmentação proposta pela
superintendência visa implementar quatro grupos S1, S2, S3 e S4, conforme o
porte de cada instituição. A segmentação está em linha com o que já determina o
Banco Central e outros reguladores internacionais de seguros. Feito isso, o
objetivo é aplicar o princípio da proporcionalidade às regras prudenciais, de
acordo com cada categoria.
Temos que aplicar regras que sejam
proporcionais às características das entidades, sem impor um excesso de regulação,
um excesso de burocracia, afirmou Vinicius Brandi, referindo-se aos chamados
custos de observância. A proposta é que sejam reduzidos vários procedimentos,
como a frequência de envio de informações para a Susep. Para os segmentos
menores estamos promovendo uma flexibilização ainda maior, alinhada com nosso
modelo de supervisão, completou ele.
A minuta sugere, por exemplo, que o
envio das demonstrações financeiras intermediárias, relativas ao primeiro
semestre de cada ano, seja obrigatório apenas para os segmentos S1 e S2, ou
seja, para as instituições de maior porte. O efeito será permitir que
instituições menores sejam capazes de concorrer com instituições maiores e
aumentar a concorrência no setor e a cobertura de seguros no país. As mudanças
trarão maior eficiência também para o regulador, de acordo com o diretor.
Não adianta receber um número de
informações e não conseguirmos processar. Tem um ganho na nossa operação, disse
Vinicius Brandi. Outro ponto da consulta pública é a proposta de redução do
capital-base para supervisionadas de menor porte e complexidade, que ficaria
entre R$ 3,6 milhões e R$ 8,1 milhões, de acordo com o segmento de cada
organização.
Atualmente, o capital mínimo exigido
é de R$ 15 milhões. Isso se aplicaria às entidades que integrarão os segmentos
S3 e S4, que podem ser a porta de entrada no mercado para instituições que
participarem do sandbox regulatório, que exige capital mínimo de R$ 1 milhão.
Com isso, a Susep quer atrair novos participantes, caso de empresas menores que
podem ter alguma atuação específica e podem levar inovação para o mercado
segurador, na visão de Vinicius Brandi.
Poderemos reduzir barreiras à entrada
e permitir que mais empreendedores acessem o mercado de seguros. Daqui para
frente todo o processo de revisão e elaboração de normas será aderente a essa
classificação de segmentação, tornando a regulação mais simplificada e menos
burocratizada, afirmou.
Responsabilidade civil e
seguro
Por Antonio Penteado Mendonça, no Estadão
Imagine um enorme navio carregado com
milhares de toneladas de minério de ferro ou um superpetroleiro naufragando no
litoral brasileiro, próximo de praias com intensa dependência do turismo e variada
flora e fauna marinha.
É claro, o naufrágio aconteceria em
capítulos, como uma novela, com a emoção subindo na medida que as tentativas de
resgate da embarcação e da contenção do vazamento da carga para o mar vão se
sucedendo e dando errado. O navio faz que vai, mas não vai, se estabiliza,
aderna, estabiliza de novo, o mar engrossa e ele volta a adernar, a proa
afunda, conseguem estabilizar, até que, afinal, depois de vários dias de luta,
os encarregados encerram a missão, enquanto a enorme embarcação quebra no meio
e afunda, liberando milhares de toneladas de material poluidor, que se
espalhará por centenas de milhas em volta, atingindo a vida marinha, destruindo
delicados ecossistemas, tomando as praias na maré alta, para ficar depois
depositado na areia, como as manchas no pelo de um cachorro dálmata.
A carga pertence a uma determinada
companhia, foi exportada por outra e uma terceira é a proprietária do navio. Se
o acidente envolvesse uma relação de consumo, as três, em conjunto ou
separadamente, poderiam ser acionadas para indenizar os prejuízos. E é aqui que
surge a primeira dificuldade para tipificar os fatos: a operação inteira e o
acidente poderiam ser entendidos como uma relação de consumo? Se sim, com que
base? Se não, quais as outras consequências e responsabilizações?
O acidente tem data e hora, as causas
estão identificadas, os danos são indiscutíveis, sua origem é clara e
insofismável e os envolvidos têm endereço certo e sabido. E agora, qual o
próximo passo?
Com certeza haveria um longo processo
para a identificação exata dos danos e dimensionamento dos prejuízos
ambientais. O que foi atingido, em que área, quais as ameaças à flora e à
fauna? Quais os danos ao fundo do mar, ao litoral, às praias e costeiras? Quais
os prejuízos, separadamente, ao meio ambiente e à atividade econômica? Qual o
prejuízo total?
Se tomarmos os exemplos do naufrágio
do petroleiro Exxon Valdez e da plataforma de petróleo da BP no Golfo do
México, estaremos falando de dezenas de bilhões de dólares entre salvamento,
limpeza, prejuízos ambientais e multas. Além deles, temos os prejuízos
decorrentes da interrupção ou redução das atividades humanas em função do
acidente, que também devem atingir valores significativos.
O fato direto causador do dano é o
naufrágio e, em princípio, com base nisto, a responsabilidade pelos danos seria
da operadora do navio. Mas será que o naufrágio é o ponto zero, de onde se
originam as demais responsabilidades envolvidas? Será que o começo de tudo não
seria o interesse da proprietária da carga (minério ou petróleo) exportar seu
produto?
Não foi ela que iniciou a operação,
contratando empresa de sua confiança para fazer a exportação? Não foi essa
relação que resultou na contratação do navio para transportar a carga até o
porto de destino?
Sob esta ótica, não há como se
pretender transferir a responsabilidade integral pelos danos ao operador do
navio porque eles são decorrentes do naufrágio. Antes disto, os danos
aconteceram porque o proprietário da carga embarcada decidiu exportá-la. Se não
houvesse a exportação não haveria a contratação da firma exportadora, nem a
contratação da firma de navegação, nem o transporte e, consequentemente, o
navio não naufragaria e não haveria a poluição gerada pelo derrame da carga,
com todos os prejuízos daí resultantes.
Se aplicássemos as regras do seguro
para cargas perigosas, a responsabilidade do dono da carga seria
automaticamente reconhecida. Afinal, é ele quem contrata este tipo de apólice.
E ele só o faz porque, legalmente, ele é o responsável pelos prejuízos
decorrentes de um acidente envolvendo os produtos de sua propriedade.
No caso do naufrágio, não seria muito
diferente. O proprietário da carga seria certamente responsabilizado pelos
prejuízos causados pelo acidente e sua apólice de responsabilidade civil
poderia ser acionada para que sua seguradora assumisse as perdas, nos limites
do contrato.
Alta de preços pressiona
redes de saúde e ameaça ações contra covid no país
O UOL relata que hospitais e secretarias de
Saúde relatam inflação de até quase 2.000% em produtos, fato que tem causado
problemas em unidades públicas e privadas de saúde, que temem uma redução na
capacidade de atendimento a pacientes.
Um dos problemas enfrentados é que,
além de mais caros, produtos como os EPIs (equipamentos de proteção individual)
precisam ser comprados em maior quantidade, visto o alto grau de contaminação
do novo coronavírus.
A escalada nos preços está
pressionando estados e municípios, que acabam gastando mais do que o orçamento
previsto para a Saúde.
Precisamos fazer uma escolha dura: ou
aguardamos por preços menores, mas aí deixamos de ter o serviço ou o bem à
disposição; ou pagamos o que o mercado pede no momento. É uma escolha bem
complicada, e estamos tentando ao máximo ter transparência e seguir
recomendações dos órgãos de controle. Mas a procura por esses itens está sendo
muito maior, e o mercado está praticando sobrepreço, afirma Januário Cunha
Neto, presidente do Cosems (Conselho de Secretários Municipais de Saúde) do
Amazonas.
Nos estados a situação é a mesma. Lamentavelmente
tivemos uma escalada de preços nessa pandemia. Isso se explica, de certa forma,
pela grande demanda e por restrição da oferta, comenta o secretário de Saúde de
Pernambuco, André Longo.
Ele aponta uma questão mundial: a
concentração da produção de insumos para a Saúde em um único país. Uma coisa
que precisaremos rever depois dessa pandemia é a dependência em relação à
China. Não se pode deixar insumos essenciais na mão de uma única potência
econômica.
Longo menciona, por exemplo, a
elevação de preços de produtos indispensáveis, como as máscaras N-95. Esse é
dos artigos mais essenciais e custava em torno de R$ 3. Hoje, a gente tem
encontrado a R$ 19 para fazer a compra. Outros insumos têm valores muito acima,
cinco, seis vezes mais, e muitas vezes a gente precisa fazer importação,
acrescenta o secretário de Pernambuco.
Hospitais privados A situação é
semelhante para os hospitais privados, informam representantes do setor.
Em fevereiro deste ano, comprávamos
máscaras cirúrgicas a R$ 0,24, e agora compramos com preço próximo de R$ 5,
afirma Severino Moura, superintendente de Assistência e Suprimentos da Santa
Casa de Maceió.
Não teve outro jeito: ou pagávamos o
preço absurdo, ou deixaríamos os colaboradores sem proteção adequada. No caso
de luvas, tivemos um aumento de custos seis vezes maior do que tínhamos em dezembro
do ano passado, completa.
Segundo Moura, além dos preços altos,
há dificuldades para encontrar os materiais e medicamentos mais utilizados. Fizemos
uma grande compra no final do mês de março via importação, para conseguir
evitar esse aumento de preços absurdos. Mesmo assim, são preços maiores que os
praticados antes da pandemia.
De acordo com Alexandre Pessurno,
diretor administrativo e financeiro do Hospital Nossa Senhora Aparecida, de
Petrópolis (RJ), o aumento também atingiu medicamentos essenciais para os
hospitais. Para você ter uma ideia, comprávamos o medicamento omeprazol de
frascos a R$ 6,02. Recebi a tabela do meu representante e está a R$ 32,65,
relata.
Diante do atual cenário, ele afirma
que prevê problemas a médio prazo para manutenção das unidades. Os hospitais
não estão mais comportando esses reajustes, principalmente os que são
direcionados ao sistema público de saúde. É o nosso caso aqui, que tem 100% do
atendimento voltado para o SUS, explica Pessurno.
A tabela SUS é quem define os valores
pagos pelo poder público por um procedimento ou serviço. Para um paciente de
clínica médica, hoje a tabela SUS nos remunera em R$ 56 por dia. E eu tenho que
dar o café da manhã, o almoço, o café da tarde, o jantar, uma ceia noturna.
Tenho que manter os profissionais, pagar conta de água, de luz, os
medicamentos, materiais e outros. Está chegando a um momento em que os serviços
vão paralisar. Vai entrar em colapso, ainda mais com essa situação agora da
covid-19, lamenta o diretor administrativo e financeiro do hospital localizado
em Petrópolis (RJ).
Cinco Estados à beira do
colapso
O Estadão informa que pelo menos cinco Estados
lutam contra UTIs lotadas, baixo isolamento social e números crescentes de
mortalidade. Na Grande São Paulo, duramente atingida pela doença, 13 hospitais
não recebem mais ninguém e 91,8% das vagas em UTIs estão ocupadas. E o rápido
avanço da pandemia rumo ao interior do Estado preocupa as autoridades.
No Rio, que está sem os hospitais de
campanha prometidos, há centenas nas filas de espera por uma vaga na UTI,
enquanto em Pernambuco, diante do colapso dos hospitais, Unidades de
Pronto-atendimento, destinadas a casos de menor complexidade, atendem pessoas
em estágio avançado de insuficiência respiratória. Na Região Norte, Amazonas
ainda espera o pico da doença para os próximos dias e no Pará um sistema de
atendimento confuso causa mortes e provoca revolta.
A região metropolitana de São Paulo
já tem 13 hospitais lotados e que não recebem mais pacientes. A taxa de
ocupação dos leitos em UTIs está ao redor de 91%. Mas é o aumento de casos no
interior do Estado o que mais preocupa as autoridades de saúde no momento: a
covid19 chegou na sexta a 500 município do Estado (que tem 645 cidades), e a
taxa de crescimento no interior é quase quatro vezes maior do que na capital.
Na cidade de São Paulo, coração da
doença, se em março a abertura de novos leitos foi feita às centenas, agora o
conserto de 12 respiradores é comemorado, uma vez que dá sobrevida a um sistema
perto do limite.
São Paulo briga para manter ao menos
metade dos habitantes em casa e só conseguiu alcançar taxa de isolamento social
acima de 50% durante a semana passada por causa do feriadão. A cidade não parou
porque conseguiu ativar leitos próprios antes da crise, montou quatro hospitais
de campanha, alugou espaço na rede privada e passou a gerenciar na ponta do lápis
cada vaga disponível, de modo a saber o total de leitos livres em cada hospital
para transferir pacientes. O modelo permitiu que ninguém morresse por falta de
atendimento, segundo o governo, mas obriga parentes a fazerem deslocamentos
cada vez maiores atrás de notícias de seus familiares.
Todos os dias, a cabeleireira Débora
Ferreira, de 47 anos, percorre de carro 29 quilômetros entre o Jardim Santa
Margarida, no Jardim Ângela, zona sul, e o Hospital Municipal Dr. Ignácio
Proença de Gouvêa, na Mooca, zona leste, onde o marido, de 53 anos, está
internado. “Ele foi para o (Hospital de Campanha do) Anhembi e depois veio para
cá. Foi transferido porque precisou ser entubado. Falaram que foi onde
conseguiram vaga, diz Débora, que acompanhava à distância o oitavo dia de
internação do marido.
Mesmo assim, pode haver demora para
conseguir a vaga. O vendedor Wellington Rodrigues dos Santos, de 31 anos, levou
seu pai no dia 10 para o PS da Mooca. Ele foi medicado e aconselhado a voltar
para casa. Três dias depois, piorou e voltou ao centro médico. Aí eles
internaram, conta o rapaz. O pai passou a receber oxigênio, e o filho foi
informado que ele precisava ir para a UTI. “Foi transferido só dois dias
depois.
O secretário municipal de Saúde,
Edson Aparecido, diz que a Prefeitura passou a estudar a necessidade de
contratar leitos de média complexidade em hospitais da rede privada. Já há mais
de 300 de UTI particulares usados por pacientes da rede pública. Estamos
avaliando a necessidade e os custos.
Essa medida se soma à instalação de
mais 20 respiradores vindos do governo Federal, a 12 respiradores próprios
consertados e a equipamentos que ainda devem chegar do governo do Estado. São
ações que fazem o governo avaliar que será possível chegar ao término da pandemia
antes de entrar em colapso.
Esse aperto que tivemos neste mês e
ainda estamos tendo, talvez a gente consiga superar, disse ao Estadão. A cidade
tem cerca de 600 leitos de UTI ativos, e cerca de mil respiradores ao todo,
informa o secretário.
As transferências mais longas de
pacientes, da Grande São Paulo para o interior, eram apontadas como uma saída
para a eventual falta de vagas no Estado. Agora, o foco do Centro de
Contingência do Coronavírus é justamente o interior.
Das cerca de 5.300 vagas de internação
em UTI disponíveis no Estado, mais de 4.400 já estão ocupadas. Todas as regiões
do Estado têm aceleração maior do que a região metropolitana nesse momento, diz
o secretário de Desenvolvimento Regional do Estado, Marco Vinholi. O ritmo de
crescimento de óbitos no Estado em seis regiões já é maior do que na região
metropolitana. Ocorre que o total de leitos de internação no interior é menor.
Na região de Presidente Prudente, por exemplo, entre 30 de abril e a
segunda-feira passada, houve aumento de 395% no número de casos, de 61 para
302. A região tem 36 leitos públicos de UTI, com previsão de aumento de mais
dez.
Vinholi ressalta que o isolamento
adotado no início da pandemia foi o que segurou a explosão de casos no
interior. Garante que não haverá colapso. São Paulo fez a lição com isolamento
no momento certo, o que possibilita que o sistema público de saúde não entre em
colapso.
Só 1 de 3 doentes graves
com covid sobrevive no País
O Estadão acrescenta penas um em cada três
pacientes graves de covid-19 que são entubados nas UTIs brasileiras se recupera
e consegue voltar para casa. A mortalidade desses doentes é de 66%, um número
muito alto quando comparado aos internacionais. Segundo especialistas, o
porcentual reflete as precariedades do sistema de saúde do País e,
eventualmente, o uso indiscriminado de medicamentos sem benefícios comprovados
cientificamente, como a cloroquina.
A conclusão é de um levantamento do
Projeto UTIs Brasileiras, da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib)
e do Epimed, uma ferramenta de análise de dados e desempenho hospitalar. A coleta
de informações foi feita entre os dias 1.º de março e 15 de maio em 450
hospitais em todo o Brasil, envolvendo 13.600 leitos de terapia intensiva, o
que equivale a cerca de um terço das vagas para adultos nessas unidades.
Os pacientes mais graves são aqueles
que estão internados em uma unidade de terapia intensiva e demandam apoio de
ventilação mecânica para continuar respirando. Por isso, a mortalidade desses
doentes é forçosamente alta em qualquer lugar do mundo. No Reino Unido, por
exemplo, é de 42%, e, na Holanda, chega a 44%. Um outro estudo, restrito à
cidade de Nova York, revelou um porcentual ainda mais alto, de 88%.
A mortalidade geral na UTI é de 21%,
entretanto, entre a população de pacientes mais graves, chega a 66%, compara o
coordenador do Projeto UTIs Brasileiras, o médico intensivista Ederlon Rezende.
Ou seja, de cada três pacientes que vão para a ventilação mecânica, apenas um
sobrevive. Essa doença não é uma gripezinha.
O também médico intensivista Jorge
Salluh, pesquisador do IDOR e fundador da Epimed Solutions, concorda com o
colega e especula sobre as razões da mortalidade tão alta. Este porcentual é
muito alto para qualquer doença, qualquer estatística, é um número assustador,
diz. Eu não tenho esses dados, é uma inferência, mas o que parece é que estamos
esquecendo de medidas de prevenção adotadas nas UTIs. O uso de tratamentos
experimentais, como a cloroquina e outras substâncias, todas igualmente com
poucas evidências, podem ser um fator. Intervenções farmacológicas não comprovadas
aumentam o risco de morte por efeitos colaterais, comenta.
Os dados das UTIs são levantados a
partir de questionários respondidos diariamente sobre os pacientes (como sexo e
idade) e os procedimentos adotados. Os medicamentos ministrados não constam do
levantamento. Pessoalmente, acho que o uso da hidroxicloroquina tem prejudicado
nossos pacientes, principalmente aqueles que evoluem com a forma grave da
doença e vão para as UTIs, afirmou Rezende. Mas estes dados não nos permitem
afirmar isto, completa.
A infectologista da Unicamp Raquel
Stucchi tem opinião semelhante. Pelos estudos com pacientes graves já
publicados, sabemos que a cloroquina aumenta o risco de efeitos adversos e
morte. Mas não dá para inferir isso para o Brasil enquanto não soubermos quem
usou e quem não usou a droga.
Curiosamente, essa mortalidade é
similar nas unidades privadas (65%) e públicas (69%). Uma das razões pode vir
do próprio perfil do universo pesquisado. Foram 322 hospitais privados e 128
públicos. Os especialistas, no entanto, levantam outras hipóteses. Em geral, os
pacientes dos hospitais privados são menos graves que os dos públicos; como a
rede privada tem mais leitos disponíveis, ela é mais flexível no critério de
admissão em UTIs, explica Rezende. Mas quando olhamos a mortalidade de um
subgrupo muito específico, essa comparação é mais correta e vemos que a
mortalidade é parecida.
Os especialistas lembram que os
hospitais que participam do levantamento tendem a ser os mais bem organizados,
o que pode levar a um retrato mais otimista da realidade. Temos de olhar para
esses dados com a ideia de que sejam melhores do que o do nosso mundo cão, em
hospitais que não estão organizados e já apresentam o sistema colapsado, diz o
especialista.
Um outro dado que chamou a atenção
dos pesquisadores foi a faixa etária dos pacientes de covid-19 internados em
UTIs. Quarenta e um por cento têm menos de 65 anos. O porcentual é ainda mais
alto (51%) entre os internados por síndrome respiratória de caráter infeccioso,
condição que pode indicar casos não diagnosticados de coronavírus. Definitivamente,
esta não é uma doença de velhinhos, afirmou Rezende.
A grande maioria dos internados em
UTIs com covid-19 (71%) ou síndrome respiratória (75%) apresenta alguma
comorbidade, como problemas cardíacos, diabetes e obesidade. Ainda assim, é bom
ressaltar que cerca de 30% não tinham nada, lembrou o coordenador do
levantamento. Ou seja, a doença pode afetar qualquer pessoa.
Outro dado confirmado pelo
levantamento é que o tempo de permanência nas UTIs por covid-19 é bem acima da
média de outras condições, chegando a dez dias. As internações são mais longas
do que a média na terapia intensiva, que é de seis a oito dias, explicou
Salluh. Além de serem muitos pacientes em situações muito graves, eles ficam
muito tempo na UTI e o giro de leito fica bastante restrito.
A taxa de ocupação das UTIs revelada por esse levantamento já é
alta: 88% na rede pública e 74% na rede privada. No entanto, os especialistas
acham que estes números já estão subestimados. O nosso levantamento começou no
início da epidemia; tem aí um momento bom, afirmou Rezende. Hoje, os
porcentuais já estão acima disso, com o sistema já colapsado. Provavelmente os
próximos 30 dias serão mais difíceis.
REVISTA INSURANCE CORP
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