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Gestão de Riscos / Mitigação / Correção de Rumo

04, Dez. 2020

Gestão de Riscos / Mitigação / Correção de Rumo

Gerenciamento de riscos pode reduzir imprevistos e aumentar a produtividade das empresas

Mapeamento das atividades deve ser realizado por especialistas e vai muito além dos danos físicos

Atravessar uma avenida movimentada durante 24 horas por dia e precisar prestar atenção em cada detalhe do entorno. Essa pode ser a sensação de muitas empresas brasileiras no dia a dia ao mapear os riscos e oportunidades de seus negócios. Por isso, ter um especialista fazendo o gerenciamento de riscos e analisando todos os processos pode ser fundamental para aprimorar a capacidade de eficiência da empresa, seja na operação direta ou organização interna.

Segundo Robert Bittar, presidente da Escola de Negócios e Seguros (ENS), o gerenciamento de riscos vai muito além de pensar nos danos físicos que uma companhia pode sofrer. Normalmente as pessoas atrelam riscos com catástrofes de grande porte, como incêndios e vendavais, mas o mapeamento de toda a operação ajuda a identificar potenciais causas de perdas, riscos e até oportunidades de melhoria, diz.

Por meio de auditorias, especialistas em gestão de risco conseguem fazer um diagnóstico e ajudar a desenvolver projetos e soluções customizadas e aderentes a cada empresa e setor específico.

Por exemplo, os riscos em uma indústria com maquinário operante 24 horas por dia são diferentes dos de um e-commerce. Em empresas que estão 100% on-line, o risco cibernético é grande. Já as operações fabris têm riscos físicos mais comuns. No entanto, nenhuma frente pode ser descartada e qualquer falha pode culminar em problemas de difíceis soluções. Os riscos nunca se resumem a coisas óbvias, explica o especialista em seguros.

Oportunidades em meio aos riscos

Quando um trabalho de mapeamento de riscos é executado, além dos problemas que determinada operação pode sofrer também, são colocados na mesa pontos que podem ser aprimorados para que haja uma redução de perigo.

Um bom mapeamento é feito de dentro para fora e inclui desde a rotina dos funcionários para garantir a preservação da imagem da companhia, passa pela avaliação do bem-estar dos funcionários para evitar afastamentos, e vai até listar os eventuais danos físicos.

Nesse pente fino muitas oportunidades são encontradas e alguns processos podem ser aprimorados, reduzindo riscos e ajudando a aumentar a produtividade. Gestão de riscos deve ser inerente à cultura de toda empresa, independentemente do tamanho, diz Bittar.

Um processo de gestão de riscos normalmente possui seis fases: identificação de oportunidades de melhoria, diagnóstico da operação, análise crítica dos processos, desenvolvimento do plano de trabalho, implementação e monitoramento das ações e avaliação dos resultados.

Mas é importante destacar que cada área de atuação está exposta a riscos diferentes. Por isso, ter especialistas no assunto é fundamental e a contratação de seguros para cada atividade ajuda a garantir o funcionamento da operação e ter respaldo financeiro em caso de necessidade, avalia o executivo.

Com o processo de gestão de riscos realizado, a definição dos seguros que precisam ser feitos passa a ser estratégica. Para isso, contar com um corretor parceiro é fundamental.

Fonte: InfoMoney

Covid-19 avança e hospitais privados adiam cirurgias

Em São Paulo, nove hospitais consultados pela reportagem tiveram aumento expressivo de internações no último mês

Fonte: O Estado de S. Paulo

O Estadão conta que, com o novo aumento de casos de covid-19, hospitais privados de São Paulo aumentam leitos e reduzem cirurgias não urgentes esperando uma segunda onda e unidades do Rio e da Região Sul já enfrentam um pico de infecções tão severo quanto o do primeiro semestre.

Em São Paulo, nove hospitais consultados pelo Estadão tiveram aumento expressivo de internações no último mês e se viram obrigados a ampliar as alas dedicadas à covid. No Albert Einstein, o total de internados com covid, que há um mês era estável em 55, chegou a 106 na quarta-feira, 2. A instituição reduziu o número de cirurgias eletivas agendadas e vem transformando leitos comuns em UTIs.

Hoje mesmo (quarta-feira, 2) transformamos dez leitos em semi-intensiva. Quando observamos o aumento de casos, colocamos um limite de 110 cirurgias agendadas por dia, explica Sidney Klajner, presidente do Einstein. Antes da alta de infecções, o hospital chegou a fazer mais de 150 operações diárias.

No Samaritano e demais hospitais do Grupo Americas, o volume de leitos dedicado à covid foi ampliado em novembro e está sendo adotada gradual redução de cirurgias eletivas de menor complexidade.

No Hospital Alemão Oswaldo Cruz, uma análise do comitê de gestão de crise determinou a abertura de mais 15 leitos de UTI para covid nas últimas semanas. Hoje, o hospital tem 89 internados com a doença. “O volume de atendimentos poderá crescer e é fundamental que a população esteja mais consciente e tenha adesão às medidas protetivas”, diz Antonio da Silva Bastos Neto, diretor executivo médico do Oswaldo Cruz.

A Beneficência Portuguesa de São Paulo, a UTI covid, com 30 leitos, já está lotada e a enfermaria chegou a 85% da sua capacidade, com novos leitos sendo adaptados a cada dia para pacientes com coronavírus. Temos estrutura física grande, com algumas alas muito flexíveis. Há uma UTI com 53 leitos na unidade Paulista que podemos adaptar para covid caso necessário, diz Luiz Bettarello, diretor executivo médico e de desenvolvimento técnico da BP.

Na rede São Camilo, o total de internados nas três unidades chega a 170, no período de baixa da pandemia, eram 10. Temos leitos reversíveis que conseguimos adaptar como UTI e já deixamos como reserva para covid, afirma Fernanda Fontanezi, diretora de unidade do São Camilo. Alguns hospitais já apresentam dados comparáveis aos picos do 1º semestre.

O Santa Catarina, por exemplo, teve recorde diário de 73 internados entre os meses de maio e junho. Hoje, são 66 hospitalizados com covid. A ocupação geral dos 310 leitos é de 83%. A diretora técnica do hospital, Christiane Nicoletti, conta que as cirurgias eletivas (não urgentes) não foram canceladas. Por outro lado, todos que se internam no hospital, seja para cirurgia ou urgência, são testados para covid. Seguimos monitorando diariamente a evolução da covid no País e adequando nossos leitos de acordo com a demanda, afirma.

O Hospital Nove de Julho tem 30% mais internações. No Santa Paula, a alta é de 50%. A Santa Casa de São Paulo disse estar perto da capacidade máxima de atendimento, diante de aumento de 25% dos casos de covid e de síndrome gripal. Além do aumento do número de pacientes da pandemia, os leitos estão com sua ocupação próxima à capacidade máxima, principalmente em decorrência de outros doentes, incluindo da emergência e de cirurgias consideradas eletivas, diz a entidade.

É bom que o Estado volte a pensar em aumentar leitos de terapia intensiva, em recriar hospitais de campanha e não ser displicente às grandes aglomerações, diz o presidente do SindHosp (Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios de São Paulo), Francisco Balestrin. Levantamento da entidade aponta que a taxa de ocupação das UTIs em hospitais privados atinge 84% e que 35% das instituições entrevistadas têm adiado cirurgias eletivas (não urgentes).

No total, há 3.778 leitos dedicados à covid-19 em 11 hospitais da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) na cidade de São Paulo. Conforme a entidade, que representa unidades particulares de referência, a taxa de ocupação desses leitos já chega a 83,2%. A entidade afirma que os números ainda são 'insuficiente para caracterizar uma 2ª onda, cuja probabilidade não pode ser descartada, tendo em vista os recentes acontecimentos nos Estados Unidos e em alguns países europeus'.  E ainda faz o mesmo alerta do SindHosp 'sobre o risco do adiamento generalizado de consultas, exames e cirurgias não emergenciais, que podem levar a complicações posteriores ou se tornarem fatais.'

Rio de Janeiro vê sistema particular perto do limite

A reedição da alta de casos do 1º semestre acontece em outros Estados de modo ainda mais crítico. No Rio, a taxa de ocupação de UTIs da rede privada é de 98% na capital, Baixada Fluminense e Região dos Lagos. O diretor da Associação de Hospitais Privados do Estado, Graccho Alvim, afirmou à TV Globo, que há risco de colapso total da rede.

Alguns hospitais já estão suspendendo procedimentos eletivos. Relatos de funcionários e pacientes confirmam que não há mais vagas disponíveis para os casos mais graves de covid e que já tem paciente sendo entubado fora das unidades de tratamento intensivo. No Rio, a situação é de calamidade, resume o presidente da Federação Brasileira de Hospitais, Aldevânio Morato. Já há filas de espera e estamos tentando fazer remoções, mas alguns já não têm mais vagas.  Para ele, no caso do Rio, o fechamento de hospitais de campanha e leitos emergenciais da rede pública e o represamento dos atendimentos eletivos nos meses anteriores contribuem diretamente para a superlotação.

'Além disso, muitas cirurgias e procedimentos eletivos que tinham sido suspensos foram retomados. Estamos tentando criar mecanismos de atendimento em separado, coisa que não conseguimos fazer na primeira onda, até porque os procedimentos eletivos respondem por 30% a 40% da receita dos hospitais privados. Sm eles, nossa operação é inviabilizada', acrescenta Morato.

Em Recife, a média de novos casos diários saltou de 22 para 220 em apenas um mês. O aumento já sobrecarrega a rede privada. Em volume de atendimentos na urgência, temos uma segunda onda em Recife que se aproxima do que aconteceu no pico da doença em maio, diz o médico Jorge Pinheiro, presidente do Sistema Hapvida, que possui 43 hospitais no País.  Para ele, a quantidade de atendimentos ainda não se reflete diretamente na alta de internações por causa, dentre outros motivos, do uso telemedicina e do cumprimento dos protocolos médicos estão reduzindo as complicações e a necessidade de internações.

Em unidades de Porto Alegre, pacientes de outras doenças esperam por vaga na fila

O Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, está com ocupação máxima dos leitos da CTI covid e da enfermaria. Segundo a gerente médica da unidade, Gisele Nader Bastos, ainda há seis pacientes de outras doenças à espera de vaga na terapia intensiva. Em só duas semanas, as internações foram de 82 para 97, somando UTI e enfermaria.

Em novembro, o Moinhos atendeu 200 casos de sintomas gripais em um só dia, número mais alto desde março, e chegou a restringir atendimento de suspeita de covid por 72 horas, diante da alta procura. Estamos atendendo famílias inteiras infectadas, diz Gisele.

No Hospital Nossa Senhora das Graças, de Curitiba, a UTI opera com mais de 90% da capacidade, diz o diretor executivo, Flaviano Feu Ventorim. Há dez dias, tivemos de informar à população para não encaminhar pacientes graves para lá, pois estávamos sem leitos e equipamentos nem para reverter um enfarte. O hospital filantrópico praticamente parou cirurgias eletivas (não urgentes), remanejou leitos de outras especialidades para suprir a demanda e reforçou a equipe.

O momento que vive São Paulo hoje, já vivemos aqui desde o fim de outubro, diz Rafael Vasconcellos, diretor técnico do Hospital Baía Sul, de Florianópolis, que espera agravamento nas próximas semanas.

Justiça considera indicação de seguradora como venda casada

Fonte: CQCS

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, ao julgar uma ação, que declarou a abusividade da exigência dos pagamentos a título de prêmio de seguro, entendeu que, em um contrato de seguro, se uma cláusula do mesmo já indica previamente a seguradora a ser contratada, a situação é configurada a prática de venda casada, a qual é proibida pelo artigo 39, I, do Código de Defesa do Consumidor. As informações são do site Direito Real, em matéria publicada dia 02/12.

Ainda de acordo com o site, no julgamento, a 20ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo utilizou as teses do Recurso Especial Repetitivo nº 1.639.320-SP, tema 972 do STJ, das quais se extrai que:

[…] 2.2 – Nos contratos bancários em geral, o consumidor não pode ser compelido a contratar seguro com a instituição financeira ou com seguradora por ela indicada. […] 3.2. Aplicação da tese 2.2 para declarar a ocorrência de venda casada no que tange ao seguro de proteção financeira.

Sendo assim, a Câmara apontou que:

[…] embora assegurada a liberdade de contratar ou não o seguro, uma vez optando o consumidor pela contratação a cláusula já indica previamente a seguradora a ser contratada, inexistindo ressalva quanto à possibilidade de escolha de outra seguradora, configurando a prática de venda casada, vedada pelo artigo 39, I, do CDC, era mesmo de rigor a exclusão da cobrança.

O day after à liberação dos clausulados de seguros pela Susep

Fonte: Revista Cobertura

Muitos devem estar se perguntando o que efetivamente acontecerá a partir da liberação dos clausulados pela Susep, uma vez concluídos os processos referentes às consultas públicas 16/2020 (seguros de danos / massificados) e 18/2020 ( seguros de danos / grandes riscos).

O nível de preocupação  aumenta diante da promessa de que as circulares serão expedidas ainda em dezembro deste ano, com início de vigência em janeiro de 2021. A expectativa é grande, notadamente entre os progressistas que desejam ver o Brasil no patamar dos mercados de seguros desenvolvidos. Hoje, esta marca está bem distante, se analisadas as bases contratuais vigentes. Os clausulados de seguros nacionais sempre foram objeto de intervenção vigorosa do Estado, sendo majoritariamente pelo IRB durante os quase setenta anos de monopólio de resseguro (1939-2007) e depois pela Susep, a partir da abertura do resseguro (Lei Complementar n.º 126/2007). Este modelo se esgotou e já faz muito tempo. Inclusive, ele não deixará boas lembranças, na medida em que o procedimento conducente do Estado reduziu a capacidade de criação das Seguradoras por todo este longo período. Os produtos de seguros nacionais, atualmente comercializados, estão longe do padrão de excelência (good local standard) e têm gerado toda a sorte de conflitos, inclusive em sede judicial, prejudicando os consumidores. 

A liberação anunciada pela Superintendência, bem-vinda, modificará e muito o cenário atualmente conhecido, o qual é notório: supremacia dos produtos de seguros padronizados, com diferença apenas no preço.

Neste contexto das mudanças anunciadas, vozes conservadoras questionam se não seria oportuno manter o status quo conhecido, uma vez que os agentes que atuam no segmento supostamente já conhecem as bases contratuais padronizadas e, para o atendimento dos consumidores de seguros, basta identificar o produto que apresentar o prêmio mais em conta! Certamente este paradigma não é  bom e sequer encontra justificativa alguma para ser perpetuado. E, a grande diferença que será estabelecida a partir da liberação em curso pela Susep, repousa justamente neste ponto: os produtos deixarão de ser todos iguais. Faz-se necessário indicar, desde logo, que o preço nunca foi e nem será o elemento mais importante para a identificação do melhor produto de seguro e também os segurados precisam ser orientados de maneira profissional a este respeito, pelos seus respectivos corretores.

Quais as vantagens no novo cenário, para o consumidor de seguros?

Muitas. Os produtos não terão mais a formatação estanque encontrada hoje, sendo que uma mesma apólice poderá aglutinar vários tipos de coberturas, diferentemente do modelo ainda vigente no qual essa possibilidade é extremamente limitada e acaba valorizando muito mais a forma do que a praticidade e o interesse de quem contrata e paga o prêmio. Este procedimento de mercado fechado não é bom para os consumidores. Em contrapartida, o ambiente que valoriza a liberdade de contratação traz com ele maior proteção em face da concorrência salutar que é estabelecida entre as Seguradoras. Este é o cenário encontrado nos países líderes em seguros e também naqueles em desenvolvimento e que já se descolaram dos entraves burocráticos que antes não permitiam o desenvolvimento do setor. O modelo de atuação da Susep, ainda em vigor e concebido num outro momento histórico do Brasil, se mostra anacrônico e não permite a liberdade de atuação plena das Seguradoras. Mesmo aquelas de origem estrangeira e que operam de maneira muito diferente em outros países, notadamente em relação à oferta de produtos diversificados e com coberturas mais amplas, no Brasil elas são cerceadas e atuam de maneira a ofertar produtos padronizados. Hoje, a Susep indica em relação aos produtos padronizados de seguros e também para os ditos não-padronizados, que na realidade fogem muito pouco do modelo padrão, a estrutura básica das condições de coberturas e para muitas delas oferece textos completos, inclusive os conceitos básicos dos termos técnicos dos diferentes tipos de seguros e nem sempre conformes à contemporaneidade da legislação. Este papel não é do Estado. A responsabilidade pela elaboração dos clausulados de coberturas, conforme a legislação vigente e os contornos traçados pela doutrina especializada, constitui prerrogativa exclusiva das Seguradoras privadas, não podendo ser cerceada pelo poder público, assim como vem ocorrendo no mercado nacional desde sempre. É passada a hora desse círculo ser rompido, inaugurando novo modelo de atuação no país e voltado essencialmente para os procedimentos encontrados e já testados internacionalmente, os melhores possíveis. Os consumidores de seguros ganham, e muito, com este novo modelo. Não há, portanto, nenhuma justificativa para que o processo deixe de ser realizado. Inclusive, o ordenamento jurídico vigente e representado pelo Capítulo XV do Código Civil, mais as normas principiológicas do Código de Defesa do Consumidor são suficientes para imantar o novo cenário, subsumindo os novos modelos de atuação do mercado. A bem da verdade, o mercado de seguros nacional sempre atuou sob a regência do Código Civil, notadamente a partir da edição do CC de 1916, substituído pelo novo em 2002. A edição de uma lei especial para o contrato de seguro, microssistêmica, seria muito bem-vinda para o setor e para o ordenamento nacional, mas ela não constitui, de modo algum, pressuposto essencial para a liberdade de elaboração dos clausulados de coberturas. A Susep, inclusive, não poderia deixar de cumprir uma de suas principais funções representada pelo fomento das operações de seguros no país, tornando-se refém de uma lei que não se sabe se será promulgada um dia. Os consumidores de seguros brasileiros precisam ser melhor atendidos e já.

Mas o que ocorrerá, efetivamente, após a expedição das mencionadas normas pela Susep?

Logo de início, os clausulados que vêm sendo comercializados continuarão valendo e nem poderia ser diferente o entendimento, uma vez inexequível a substituição imediata de todos eles. As Seguradoras, contudo, serão instadas a lançar novos modelos de produtos, sendo que várias lançarão, e algumas delas já aguardam a oportunidade, aproveitando o novo cenário de liberdade e serão seguidas pelas demais, forçosamente. É a lei natural do mercado. A diversificação de ofertas de produtos será a marca do novo cenário competitivo e este modelo é salutar e bom para os consumidores de seguros.  A marca crucial da liberdade de elaboração de clausulados está centrada neste ponto, ou seja, na oferta de novos produtos aos consumidores. Nenhuma Seguradora deseja oferecer o produto menos atrativo em termos de abrangência de coberturas e preço competitivo.

Todos os agentes do mercado de seguros brasileiro estão preparados suficientemente para atuar neste novo cenário, o qual está muito próximo de acontecer?

As Seguradoras devem redobrar esforços neste sentido, uma vez que a liberdade de atuação implica num perfil muito mais aprimorado dos técnicos dos diferentes ramos de seguros que ela opera. Não basta conhecer minimamente os produtos, antes padronizados, para realizar a subscrição/underwriting e de maneira sustentável. O subscritor precisa conhecer, profundamente, os fundamentos técnico-jurídicos do respectivo segmento no qual atua. Ele deverá, no mercado aberto, exercer efetivamente a tarefa de subscrição, analisando riscos e de modo a estabelecer termos e condições adequadas a cada situação. A padronização deixa de ser o modelo clássico, na medida em que grande parte dos riscos está sujeita a diferentes tratamentos. Apenas algumas situações continuarão sendo absorvidas pelos procedimentos padronizados e genéricos, sendo que nessa linha os aplicativos insurtechs poderão realizar o trabalho.

E os corretores de seguros, neste novo cenário? Mudará algum procedimento para eles, hoje bastante voltado à cotação de riscos?

Assim como para as Seguradoras, a mudança de relacionamento e exigências para o corretor de seguros é mandatória. Não haverá como permanecer os mesmos padrões de atendimentos. Os produtos serão diversificados e muito. Os modelos e as formas de contratar seguros serão outras. Caberá ao corretor de seguros antecipar, com base nas necessidades individualizadas dos clientes, as possíveis estruturas de seguros cabíveis, uma vez que uma mesma apólice poderá suportar diferentes coberturas, as quais hoje são representadas por várias apólices simultaneamente. Caberá somente às Seguradoras este exercício intelectual e técnico? Certamente que não. O preço, obtido através de cotações, deixa de ser o fator mais importante e praticamente único, assim como é considerado na atualidade. Todos os corretores estarão aptos para o novo momento? Sim, mas desde que se adaptem efetivamente e adquiram conhecimento de base, profundamente. Não basta ser habilitado e sob os padrões atualmente conhecidos e mínimos. O novo cenário requer aperfeiçoamento técnico e conhecimento com excelência. Quem não estiver aberto para as exigências, se aperfeiçoando, encontrará dificuldades para atuar, além da concorrência que já existe e se avoluma cada dia mais, representada pelos aplicativos insurtechs.  O tempo é outro. O corretor de seguros precisa se reinventar.

Os resseguradores internacionais, que já presenciaram cenários semelhantes ao brasileiro em outros países, são usualmente agentes de know-how transfer, na medida em que eles podem auxiliar as cedentes, seguradoras, trazendo modelos de produtos de sucesso de outros mercados desenvolvidos. De todo modo, este papel atualmente já é desempenhado pelas próprias Seguradoras estrangeiras, sendo que será intensificado após a abertura promovida pela Susep. Haverá, portanto, um círculo virtuoso neste movimento de renovação e desenvolvimento setorial.

A Conhecer Seguros, inserida neste novo cenário, promove a oferta de Cursos de Subscrição de diversos ramos, todos eles especialmente desenhados com o propósito de oferecer treinamento de ponta. Com metodologia voltada à prática de subscrição, os cursos são online ao vivo e os conhecimentos transmitidos através de estudos de casos, os quais são encontrados no cotidiano de mercado livre. O ensino inserirá o aluno no cenário de conhecimento adequado e necessário para que ele possa analisar cada estudo de caso e estabelecer os termos e condições adequados, se os riscos forem aceitos.

Desafio do setor é implantar uma cultura de proteção

Veja entrevista do presidente da Porto Seguro, Roberto Santos, à série UOL Líderes

Fonte: UOL News

O perigo de ter um carro furtado ou roubado no Brasil é baixo e, por esse motivo, as seguradoras desenvolveram outros produtos para atrair o consumidor, como serviço grátis de encanador e eletricista. A avaliação é do presidente da seguradora Porto Seguro, Roberto Santos.

Apesar dessa percepção do executivo, houve aumento de furtos de carros no Brasil mesmo com a pandemia.

Em entrevista na série UOL Líderes, ele diz que o maior desafio do setor é implantar uma cultura de proteção. Segundo ele, o brasileiro só procura a seguradora quando algo ruim acontece próximo a ele.

A pandemia trouxe uma novidade: a busca por seguro de vida cresceu, e o executivo diz que nos próximos anos esse tipo de apólice deve alcançar outros patamares. Atualmente o seguro de vida não atinge 15% da população.

UOL / A Porto Seguro foi pioneira em colocar serviços agregados ao seguro. A tendência continua?

Roberto Santos / A possibilidade de uma pessoa ter um carro furtado ou roubado durante um ano é da ordem de 1%, em média, mesmo no Brasil. Em algumas regiões do país, chega a 6% ou 7%, mas em outros lugares é zero vírgula alguma coisa.

O risco de colisão é um pouco maior, entre 5% a 6%. No total, são oito clientes em cada 100 utilizando os serviços de uma seguradora durante um ano. São poucas as pessoas impactadas por essa experiência. Por esse motivo, a Porto foi pioneira em criar serviços agregados ao seguro.

Além do seguro de veículos, avançamos no seguro de residências, nos empresariais. Essa é uma tendência no Brasil, mas não no restante do mundo. Quando viajo e converso com colegas de outras seguradoras no exterior, eles ficam surpresos com o que fazemos aqui.

A Porto Seguro possui uma empresa no Uruguai. É o único país onde operamos fora do Brasil. Pensamos em operar nos Estados Unidos, mas a dificuldade de ter mão de obra especializada e treinada é muito cara. O custo inviabilizaria a contratação do seguro.

A mão de obra brasileira é mais barata do que em outros países?

Sim. Essa característica brasileira de agregar tantos serviços ao seguro não é comum no exterior. É quase a nossa 'jabuticaba'.

Qual o maior desafio do setor de seguro no Brasil?

O maior desafio é implantar no brasileiro a cultura de proteção. Mesmo o seguro de automóveis, que é o seguro que tem um risco muito visível, a adesão é muito baixa. Entre 25% e 35% dos carros que circulam nas cidades têm seguro. Muita gente imagina que o seguro é caro.

Mas o mercado tem criado produtos mais baratos, com coberturas um pouco mais restritas para conseguir convencer essa parte da população que não compra. Mesmo assim não conseguimos o sucesso que imaginávamos. Existem pessoas que compram um carro zero quilômetro e não fazem seguro. É assustador, mas é verdade, é uma questão cultural.

Quando pensamos em outros seguros, por exemplo, residencial, as pessoas contratam ainda menos. É um seguro que dificilmente alguém levanta de manhã pensando: 'hoje eu vou fazer o seguro da minha residência. Vou procurar o meu corretor para contratar o seguro'.

O curioso é que, com a proximidade do risco, quando há um incêndio próximo, muita gente procura o seguro. Essa questão de o brasileiro só contratar proteção na iminência do risco é o grande desafio da indústria de seguros.

Em outros países, a participação do seguro no PIB [Produto Interno Bruno] é absurda. No Brasil, avançamos muito. Há 10 ou 15 anos, não alcançávamos 1% do PIB. Hoje temos reservas da ordem de R$ 1,2 trilhão, algo em torno de 5% do Produto Interno Bruto. Mas há países desenvolvidos em que esse número vai para 15% do PIB.

Qual é o perfil do cliente que faz seguro no país?

Muda de acordo com o perfil econômico. Quem compra um seguro de vida mais caro, naturalmente, é uma pessoa com maior renda e patrimônio. As classes C e D, normalmente, não contratam seguro de vida. Elas possuem seguro se a empresa em que trabalham oferece cobertura pela convenção trabalhista. Mas as seguradoras começaram a oferecer produtos mais baratos.

Por exemplo, na Porto Seguro, temos a linha Azul, com o mesmo padrão de qualidade da Porto, mas que não possui todos os serviços agregados. E iremos desenvolver produtos mais baratos.

Mudaram os hábitos de consumo de seguros nos últimos anos?

Não vejo uma grande transformação. As pessoas buscam proteção. Os ramos que mais cresceram foram os seguros na área de benefícios, saúde e vida e previdência. Especificamente, nesses últimos meses, por conta da pandemia, percebemos uma mudança mais intensa nos seguros de vida, por razões óbvias.

Aumentou muito a procura pelo do seguro de vida?

Roberto Santos / Aumentou sim [17% entre janeiro e setembro deste ano em relação ao mesmo período do ano passado]. Quem está empregado, geralmente, tem uma cobertura de seguro de vida muitas vezes limitada. Na grande maioria das vezes, o beneficiário desconhece o valor da cobertura e sua abrangência. Às vezes, o seguro cobre morte acidental, mas não morte natural, por exemplo.

Diante de uma situação de pandemia, as pessoas começam a procurar e entender a cobertura que têm. Quando percebem a limitação, procuram o seu corretor de seguro para fazer um reforço. Acredito que nos próximos anos o seguro de vida no Brasil deve alcançar um outro patamar.

Na sua projeção, quanto irá crescer?

Acredito que o seguro de vida atualmente não atinge 15% da população. Há um grande espaço para crescimento.

O modo como as pessoas se deslocam nas cidades mudou. Isso impactou nos seguros de automóveis?

Percebemos há alguns anos uma mudança do comportamento das pessoas. Na minha época de jovem, todo mundo queria ter um carro. Lavava o carro sábado de manhã para à noite sair com ele brilhando. Agora os jovens não são mais assim.

Pensando neste consumidor, lançamos um produto, há uns três anos, que é o carro por assinatura, com seguro, manutenção e IPVA pago. Se escangalhar, damos outro. É preciso apenas colocar combustível e pagar eventuais multas. É o que chamamos de carro fácil.

Há duas questões que precisamos observar também: diferente de outros países do mundo, o Brasil possui uma infraestrutura de transportes muito carente, mesmo nas grandes cidades como São Paulo, Rio, Belo Horizonte. O sistema não atende todo mundo e o jovem, muitas vezes, precisa do carro para se deslocar até o centro.

A outra questão é em relação à pandemia. Muita gente deixou de usar o transporte público e mesmo táxi e carros por aplicativo por medo do contágio. É uma mudança de comportamento que deve ficar por conta da pandemia.

Esses fatores influenciam diretamente o nosso business, que é o de seguro especificamente de automóveis.

Como funciona o seguro de vida em uma epidemia ou pandemia?

O seguro em todo o mundo não cobre riscos de pandemia porque é algo que não conseguimos precificar, foge das estatísticas. Não é um processo frequente. A última pandemia ocorreu há décadas. Quando acontece uma situação dessas, quem tem seguro de vida não entende que não há cobertura.

No Brasil, porém, praticamente 100% das seguradoras decidiram, excepcionalmente fazer a cobertura do seguro. Isso porque uma das particularidades para definir se a pessoa morreu por causa da pandemia é que a certidão de óbito tenha escrito morte exclusivamente por covid-19. Isso é muito difícil porque a maioria das mortes é por insuficiência respiratória. Às vezes, aparece covid-19 associado a outro fator.

Diante deste quadro, mas também por uma questão de futuro do seguro de vida, as seguradoras optaram por fazer a cobertura. Depois, entrou em trâmite um projeto de lei no Senado Federal para fazer com que as seguradoras fizessem a cobertura de vida, mas tínhamos feito.

O que percebemos agora é que o impacto nas contas da seguradora não foi tão grande.

O cenário foi melhor do que vocês esperavam?

Exatamente. Quando tomamos a decisão de pagar os sinistros, calculamos o pior cenário, mas felizmente ele não aconteceu. Desta forma, o seguro de vida deve avançar muito nos próximos anos. As pessoas devem perceber a importância de ter uma proteção para a sua vida, para a sua família.

Especialistas alertam para novas pandemias. As seguradoras irão cobrir as pandemias?

Agora temos experiência, sabemos como calcular, como precificar os seguros de vida para pandemia. Estou falando pela minha seguradora. Iremos incluir em uma cobertura existente.

A pandemia provocará aumento nos seguros no geral?

O mercado de seguros é livre. O seguro de vida é relativamente barato no país. Dificilmente percebemos um grande aumento nessa modalidade. No seguro de automóveis, nos dois primeiros meses de isolamento, percebemos uma queda de 10% na procura e isso se refletiu no preço. Mas agora a frequência [quantidade de carros segurados e a quantidade de batidas e roubos] está voltando praticamente ao mesmo patamar anterior ao isolamento.

Ainda sobre a pandemia, houve diminuição nos roubos e colisões?

O roubo durante os dois primeiros meses do isolamento caiu e essa redução também ajudou em um desconto médio do seguro, mas isso não é linear. Há carros que roubam mais, outros menos. A partir de maio percebemos que a realidade foi voltando aos poucos.

Que oportunidades a crise trouxe para o negócio Porto Seguro?

O maior aprendizado, o maior legado, foi o trabalho remoto. Trabalharemos com o modelo híbrido, em que pessoas farão rodízios para trabalhar no escritório. Com isso, vamos diminuir espaço e, sendo muito pragmático, teremos um custo administrativo menor para manter a companhia.

Mesmo com as viagens em que era muito comum fazer um bate e volta, pegar um avião para ter uma reunião no Rio, esquece. Bate e volta já era. Mas acredito que o contato físico, o olho no olho, o toque na pessoa, isso é insubstituível. Por isso, vamos trabalhar com o modelo híbrido, não 100% remoto nem 100% físico.

Em relação ao seguro saúde, como está a questão da telemedicina?

Roberto Santos / A telemedicina já é uma realidade no mundo há muitos anos. Na maioria dos países, as pessoas não apenas falam com os médicos como há aplicativos que permitem fazer exames com mais propriedade. Pelo celular é possível medir a temperatura, o grau de oxigenação.

No Brasil, estávamos encontrando dificuldades porque o Conselho Federal de Medicina não permitia o uso da telemedicina. Com a pandemia, algumas seguradoras começaram a fazer pilotos com a consulta médica.

Agora, com a questão da pandemia, o Ministério da Saúde autorizou a utilização da telemedicina. Este é um dos legados para os seguros de saúde porque é eficiente, é bom para o cliente do outro lado, para o segurado, é bom para o médico, é bom também para a seguradora e para a sociedade como um todo. Fica mais barato e o preço do seguro saúde pode diminuir por conta disso.

Por que o custo do seguro de saúde ainda é alto?

Este assunto é complexo. Infelizmente a sociedade não tem a ideia do porquê do custo do seguro de saúde. Vamos falar em custo da saúde, incluindo o SUS [Sistema Único de Saúde]. Eu dividiria em três pontos. O primeiro, é o desperdício. 60% dos exames que são feitos no país não são retirados dos laboratórios. Não existe uma rede integrada de exames porque existe um negócio chamado sigilo médico. Ninguém pode ter acesso a um exame que você fez. Entendemos que é correto, mas se você autorizasse, qual o problema?

O segundo ponto é a questão especificamente de cirurgias para colocação das OPMEs -órteses, próteses e materiais especiais. Para você ter uma ideia, os fabricantes em sua maioria são estrangeiros. O custo do produto que entra no Brasil é dez vezes mais caro do que no exterior. As seguradoras e o SUS são impedidos de comprar direto do fabricante por uma lei e só conseguem negociar com distribuidor no Brasil.

O terceiro motivo é a judicialização da saúde. As seguradoras e o SUS são obrigados pela Justiça a fornecer medicamentos que não são comprovadamente eficientes.

O SUS é um organismo importante para a sociedade brasileira?

Eu diria que é importante sim. Alguns países não têm a estrutura que o Brasil tem. Essa foi uma vantagem do nosso país na pandemia. Mas há uma questão de gestão. Infelizmente, durante a pandemia, houve uma série de denúncias de fraude em compra de equipamentos, de álcool gel, máscaras.

Na verdade, no mundo ideal, as pessoas não deveriam necessitar de um seguro de saúde. O seguro deveria ser para quem quer algo a mais exclusivo, e não uma necessidade básica como hoje é. Pago plano de saúde para o meu pai e minha mãe e são alguns milhares de reais por mês. Isso é errado porque é uma necessidade básica.

O SUS deveria fornecer a saúde básica para as pessoas, mas infelizmente temos um problema de gestão e o seguro privado tem essa função de suprir a necessidade básica. Por que falta dinheiro no SUS também? Porque é caro e o governo acaba não tendo recursos para alocar. Saúde é cara.

Quais pontos são importantes a contemplar nas reformas do governo?

O problema do país é o tamanho do Estado. É muito grande, pesado e caro. O custo acaba se transformando em tributos. Não há outra forma de sustentar essa máquina a não ser por meio de tributos.

A reforma tributária é necessária, mas ainda precisaremos ter dinheiro para pagar as contas. Antes, é preciso uma reforma administrativa para que o Estado tenha um tamanho menor. Algumas coisas estão acontecendo neste sentido, mas ainda há muito trabalho a ser feito para diminuir o Estado.

Vejo com bons olhos a diminuição da quantidade de tributos e a padronização. Se a reforma tributária não acontecer logo, vai matar o país.

Qual a expectativa para 2021?

Acredito que a economia não vai se recuperar tão rápido e muitas empresas irão sofrer dificuldades e demitir muitas pessoas. Penso que no segundo semestre de 2021 a economia vai começar a se recuperar, mas o primeiro semestre estará impregnado com consequências do isolamento social e da pandemia.

Normalização dos sinistros impacta resultados do 3º trimestre

Recuperação dos prêmios a patamares próximos ao pré-pandemia deve garantir crescimento nos últimos três meses de 2020

Fonte: Valor Econômico

O terceiro trimestre apontou uma queda do resultado operacional das principais seguradoras brasileiras na comparação com os três meses imediatamente anteriores, informa o Valor Econômico. Porém, a recuperação das receitas com prêmios a patamares próximos ao período pré-pandemia pode trazer de volta o crescimento com a operação no último trimestre do ano.

Quando se considera o desempenho conjunto das três seguradoras listadas na bolsa - Porto Seguro, SulAmérica e BB Seguridade - mais Bradesco Seguros, verifica-se um recuo trimestral de 5,4% no resultado operacional, que soma R$ 3,7 bilhões. Em relação ao mesmo período de 2019, há um aumento de 14,7% nessa linha dos balanços.

A retração trimestral aparece após o segundo período do ano ter registrado um crescimento de 30,6% ante os três primeiros meses de 2020. O resultado entre abril e maio, de R$ 3,9 bilhões, foi o melhor desde o fim de 2018. É preciso, no entanto, contextualizar os números desse período, impactados por uma queda significativa de sinistros em alguns ramos devido à pandemia.

O intervalo de abril a junho foi marcado pelo momento mais agudo da crise da covid-19. Os efeitos do isolamento acabaram por ajudar a performance das companhias, porque houve queda significativa de sinistralidade em produtos como auto e saúde.

Além desse impacto, as seguradoras foram beneficiadas com uma melhora do resultado financeiro, após o reposicionamento do portfólio para capturar oportunidades surgidas com o crash dos mercados em março. O terceiro trimestre continuou a mostrar queda da sinistralidade ainda que em menor grau. Sinistralidade abaixo do [nível médio] histórico permanecerá ainda por algum tempo, afirmou o vice-presidente de seguros da Porto, Marcelo Picanço, em teleconferência com analistas.

Desde março, as seguradoras têm feito trabalho intensivo na renovação de contratos, que acabou por compensar a queda de novas vendas concentrada no segundo trimestre. Nos três meses seguintes, a emissão de prêmios começou a se normalizar, voltando aos patamares pré-crise, conforme mostram os balanços.

No momento mais crítico da pandemia, entre abril e junho, o grupo das quatro seguradoras registrou uma receita com prêmios de R$ 20,9 bilhões. No terceiro trimestre, o resultado subiu para R$ 23,2 bilhões, aumento de 11% na comparação trimestral, e em linha com o obtido no mesmo período de 2019, que alcançou R$ 23,4 bilhões arrecadados.

O mercado começou a voltar fortemente no terceiro trimestre, com os prêmios de seguros crescendo mais de 20% em relação ao segundo trimestre, afirmou o presidente da BB Seguridade, Marcio Hamilton Ferreira. Uma recuperação mais sustentada do lado comercial pode trazer uma melhora do desempenho operacional no quarto trimestre. Operacionalmente o quarto trimestre tende a ser melhor em relação ao ano passado, afirmou o diretor de finanças e relações com investidores da BB Seguridade, Rafael Sperendio. Temos visto uma recuperação principalmente da performance comercial, com ritmo mais acelerado do que prevíamos inicialmente, segundo o executivo.

Outro fator que pode ajudar na retomada do crescimento de resultados operacionais, a partir do primeiro trimestre de 2021, é a mudança regulatória proposta pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), atualmente em consulta pública. Prevista para começar a vigorar em janeiro, a mudança propõe a substituição do provisionamento de um adicional contra risco de liquidez pelas seguradoras por um plano individualizado no qual cada companhia detalharia ações a serem tomadas para assegurar a liquidez em momentos de crise ou de funcionamento normal dos mercados.

A previsão do regulador é que a norma possa liberar até R$ 7,5 bilhões atualmente estocados nos balanços das empresas. Esse montante poderá ser utilizado como investimento no negócio pelas seguradoras. O efeito da combinação de menor sinistralidade com uma retomada econômica, porém, tende a suavizar ao longo do próximo ano, à medida que os procedimentos de saúde represados voltem a ser realizados e o movimento de veículos se intensifique.

Segundo a vice-presidente de saúde e odonto da SulAmérica, Raquel Giglio, a sinistralidade de saúde e odonto começa a se aproximar dos níveis pré-pandemia, após um recuo significativo no segundo trimestre. O resultado reflete um processo de retomada de frequência de procedimentos, incluindo aqueles represados nos meses anteriores, apontou a executiva em teleconferência com analistas.

A pandemia também deixa como legado às seguradoras um maior investimento em digitalização de processos e no atendimento aos clientes. A SulAmérica, por exemplo, realizou mais de 400 mil atendimentos por meio de telemedicina desde o início da pandemia. A troca do pronto-socorro por um primeiro atendimento on-line ou telefônico pode ser uma tendência de mais longo prazo, apontou Raquel. Essa transformação digital também pode ajudar a criar novo impulso de aceleração em termos de eficiência operacional em um cenário pós-pandemia.

Nos últimos trimestres, os resultados indicavam que as companhias poderiam ter atingido um momento de desaceleração desse ganho operacional. Após avanços contínuos em todos os balanços desde o fim de 2017, ocorreu uma queda na soma do resultado operacional das quatro seguradoras em 2019, com duas retrações seguidas no primeiro e segundo trimestres de, respectivamente, 29% e 0,63% na comparação com os períodos imediatamente anteriores. Frente aos mesmos períodos de 2018, os três primeiros meses de 2019 tiveram um recuo de 22,8%.

Já o segundo trimestre do ano passado registrou retração anual de 27% no resultado operacional. O grupo, no entanto, recuperou-se nos balanços seguintes, com altas anuais de 9,85% no terceiro trimestre e de 6,7% no quarto. Porém, o primeiro intervalo deste ano voltou a apresentar recuo no resultado operacional, de 11,2%, em comparação ao trimestre anterior.

Em termos de lucro líquido, o conjunto das empresas teve queda de 11,6% ante o terceiro trimestre do ano passado para um total de R$ 3,1 bilhões. Frente ao segundo período de 2020, a linha apresentou recuo de 8,5%.

No caso do lucro, o que pesou contra foi o menor resultado financeiro. Entre julho a setembro, a rubrica apresenta uma queda trimestral de 17,8% e anual de 44,15%. Essa linha tem apresentado recuo na comparação trimestral desde o início de 2017. A queda da Selic tem impactado diretamente o ganho financeiro do investimento das reservas técnicas das seguradoras.

As companhias também sofreram perdas recentemente com a volatilidade da renda variável, especialmente em setembro, quando a discussão sobre os rumos fiscais do país gerou forte recuo dos preços dos ativos na B3. Desde 2017, a variação anual dos resultados financeiros só passou para o terreno positivo no quarto trimestre de 2019 e depois no segundo período de 2020, devido ao momento atípico do mercado. Mas, logo em seguida, voltou a apresentar recuo.

A queda do resultado financeiro coincide com o ciclo de baixa da Selic, que teve início em outubro de 2016. De lá para cá, a taxa básica recuou de 14,25% ao ano aos atuais 2%.

WEBINAR

LGPD nas Relações Trabalhistas: Aspectos Tecnológicos e de Seguro

Defina seu lembrete: https://www.youtube.com/watch?v=vCejoYqxurM&feature=emb_title    / Dia 8/12, terça-feira, às 17h.

PARTICIPANTES

Ana Lúcia Pinke Ribeiro de Paiva

Sócia e Head da área Trabalhista de Araújo e Policastro Advogados, possui larga experiência no segmento, tanto em consultoria como no contencioso em empresas nacionais e do exterior, em seus 24 anos de atuação. É graduada em Direito e pós-graduada em Direito e Processo do Trabalho, ambas pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC Campinas) e é Mestre em Direito do Trabalho pela PUC-SP. É palestrante e autora de diversos trabalhos e artigos relacionados ao seu campo de atuação e, inclusive, do livro "Contrato Internacional de Trabalho: Transferência de Empregados". Tem sido reconhecida nos últimos anos como uma das advogadas de destaque no Brasil na área trabalhista, por publicações nacionais e internacionais, tais como a Latin Lawyer 250, Leaders League, The Legal 500 Latin America, Chambers Latin America e Análise Advocacia.

Bruno Amorim

Sócio Diretor da Assertiv, corretora especializada em Riscos e Benefícios, Bruno é economista pela Universidade de São Paulo (USP) e realizou diversos cursos de extensão e especialização em Riscos e Seguros nos EUA e Inglaterra. Atua desde 2001 na área de Seguros para Riscos Financeiros e Profissionais (D&O, E&O, Cyber, M&A, Crédito e Garantia) e desenvolveu sua carreira em Seguradoras, Resseguradoras, Corretoras e Fundos de Private Equity Internacionais, como AIG, Zurich, Marsh, Aon e MPV.

Davis Alves

Presidente da ANPPD, Data Protection Officer (DPO), Chief Information Security officer (CISO- ISO 270001 Professional, ITIL®? Expert, System Administrator (ICS MCSA*), Ethical Hacker, Cyber Security & Cloud Computing Certified.

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https://www.revistaapolice.com.br/2020/11/edicao-260/ 

https://www.revistacobertura.com.br/revista/revista-cobertura-226/ 

https://revistaseguradorbrasil.com.br/edicao-162/ 

http://insurancecorp.com.br/pt/content/pdf/ic_ed32_2020.pdf 

http://cadernosdeseguro.funenseg.org.br/secoes.php?edicao=197 

https://revistasegurototal.com.br/wp-content/uploads/2020/10/212web.pdf