2021 é ensaio para apagão em 2022
10, Jul. 2021
2021 é ensaio para apagão em 2022
Mesmo não anunciado racionamento já começou, dizem
engenheiros e técnicos da Eletrobras.
Fonte: Monitor Mercantil
O Brasil está ainda no início do período seco nas regiões
Sudeste e Centro-Oeste (que concentram 70% da capacidade de armazenamento do
país), e é muito pouco provável que haja chuvas suficientes para recuperar os
reservatórios até o início previsto do período úmido, em novembro, afirma nota
da Associação dos Engenheiros e Técnicos do Sistema Eletrobras (Aesel).
Caso não haja chuvas bem acima da média histórica entre o
fim de 2021 e o começo de 2022, há uma tendência forte de que a crise energética
do próximo ano seja bem mais grave que neste, completa a Aesel, que afirma: A
verdade é uma só: independentemente de não ter sido anunciado claramente pelo
ministro Bento Albuquerque [de Minas e Energia], ou estar expresso na MP, o
racionamento já começou.
Os engenheiros e técnicos da Eletrobras apontam alguns
dos fatores que levam ao risco de apagão:
1) Condições
operacionais das usinas: o Operador Nacional do Sistema (NT-ONS DGL 0059/2021)
prevê que, mesmo tomando todas as medidas excepcionais por ele propostas sobre
o uso das águas dos reservatórios e com o acionamento de todo o parque de
geração termelétrica (20 GW), o país poderia chegar ao final de novembro de
2021 com uma sobra de potência de apenas 3,3 GW. Isso representaria uma folga
de menos de 4% para o sistema, com risco real de uma eventual falha localizada
levar a um blackout generalizado;
2) Crescimento
econômico: o crescimento econômico no Brasil leva a um aumento no consumo de
energia elétrica, geralmente, em um fator de 1 para 1,5. Se a economia (PIB)
crescer 5% esse ano, como previsto, o consumo aumentaria 7,5%. Em 2020, apesar
de a economia ter desabado 4,1%, o consumo de energia recuou apenas 1%;
3) Crise hídrica:
Essa é a variável não controlada da crise. Entretanto, não é verdade que toda
crise hídrica leve a uma crise energética. Entre 2013 e 2016 houve também
severa crise hídrica que, porém, não redundou em crise energética a ponto de
ser necessária a restrição do consumo;
4) Falta de
investimentos: Em 1995, o Governo FHC incluiu a Eletrobras no Plano Nacional de
Desestatização. Dessa forma a maior empresa de energia elétrica do país ficou
proibida de realizar novas inversões, e os esperados investimentos da
iniciativa privada não vieram. O resultado é que bastou uma seca um pouco mais
severa para que o sistema entrasse em colapso. Da mesma forma, em 2016, com o
ex-presidente Temer e a proposta de privatizar a Eletrobras, a média de
investimentos caiu de mais de R$ 10 bilhões para pouco mais de R$ 3 bilhões
anuais.
A Aesel acrescenta que erros na operação levaram à piora
do quadro. Por falta de planejamento estratégico, o Governo Bolsonaro atua de
forma imprudente; 2020 foi o ano em que começou a pandemia e, de fato, entre
abril e junho houve redução brusca no consumo de energia no país. Talvez para
não onerar os consumidores, o ONS resolveu despachar muito mais energia
hidrelétrica do que o de costume. Porém, no segundo semestre o consumo não só
teve recuperação, como também cresceu em relação ao mesmo período do ano de
2019. No ano passado já estava claro que haveria escassez de água, mesmo assim,
o ONS continuou esvaziando os reservatórios. O despacho das hidrelétricas
continuou máximo, mesmo em meio ao período úmido bem abaixo da média, entre o
fim do ano passado e o começo deste, despachando no máximo, até fevereiro.
Dessa forma, os reservatórios das regiões Sudeste / Centro-Oeste começaram o
período seco, em junho, com 30% de sua capacidade, nível insuficiente para
garantir segurança energética para o segundo semestre.
B3 fecha parceria com NEWE Seguros para dar mais liquidez
ao mercado de energia
Agentes com Selo de Confiança da B3 passam a contar com
incentivo na contratação do seguro garantia para seus contratos
Fonte: Sonho Seguro
A B3, a bolsa do Brasil, fechou uma parceria com a
seguradora NEWE para disponibilizar aos agentes do mercado livre de energia,
usuários da Plataforma de Energia da B3, benefícios na hora de contratar seguro
garantia. O objetivo dessa parceria é trazer ainda mais liquidez a esse
mercado.
Com essa parceria, ao contratar o seguro, o agente que já
possui o Selo de Confiança da B3 pode autorizar que a seguradora NEWE tenha
acesso ao status de seu selo e, a partir dessas informações, a seguradora pode
aumentar o limite de crédito dado ao agente. Esse benefício é possível porque a
seguradora passa a ter mais informações e transparência sobre a saúde dos
contratos daquele agente.
Por outro lado, os clientes da seguradora que ainda não
estão na Plataforma da B3 serão convidados a conhecer os benefícios da solução
criada pela bolsa do Brasil para também terem acesso aos benefícios da
parceria.
O seguro garantia funciona como uma alternativa de caução
para pagamento da energia futura comprada pelo agente a um custo mais baixo que
outros instrumentos, gerando eficiência de caixa às empresas.
Com a parceria, o agente poderá obter mais crédito e mais
segurança nas negociações, explica Ana Beatriz Mattos, superintendente de Novos
Negócios da B3. Acreditamos que gestão de risco está diretamente ligada a
ganhos de performance e produtividade, completa.
O mercado de energia vem crescendo no Brasil e essa
parceria da B3 com a NEWE promoverá crescimento mais estruturado do mercado de
energia livre, ainda pouco explorado pelo setor de seguros, afirma Átila
Santos, superintende de Riscos Financeiros da NEWE.
Cade aprova acordo entre Caixa Seguridade e MDS para
negócios de co-corretagem
Acordo aprovado prevê o direito de acesso exclusivo da
MDS a determinadas atividades de corretagem no âmbito do canal de distribuição
da Caixa
Fonte: Estadão
A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade) aprovou sem restrições acordo entre Caixa Seguridade
Corretagem e Administração de Seguros, Caixa Seguridade Participações (CXSE3) e
Lazam-MDS Corretora e Administradora de Seguros para atividades de
co-corretagem. A decisão está publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta
terça-feira. O acordo aprovado prevê o direito de acesso exclusivo da MDS a
determinadas atividades de corretagem no âmbito do canal de distribuição da
Caixa.
Segundo o parecer da operação, as empresas pretendem
estabelecer parceria, pelo prazo de 10 anos, para a exploração de corretagem de
seguros de automóveis para os clientes da Caixa e determinadas atividades de
corretagem de produtos de seguridade para os clientes da Caixa e/ou para o
mercado em geral.
As companhias explicaram ao Cade que o acordo operacional
dá continuidade ao processo competitivo para reestruturação da operação de
seguros do Grupo Caixa.
A reestruturação da operação de seguros está alinhada aos
pilares de governança, financeiro, perímetro da transação e estrutura
societária da gestão das participações adotada pela Caixa Seguridade, cita o
parecer. Essa estratégia tem por objetivo aumentar a ênfase na comercialização
de produtos de seguridade no canal bancário, buscando aperfeiçoar os serviços
prestados aos clientes da Caixa bem como a maximização na geração de valor para
as acionistas da Caixa Seguridade, acrescenta.
Desligamento de supercomputador pode provocar apagão de
informações meteorológicas
Fonte: Época Negócios
Sem o supercomputador Tupã, que pode ser desligado já no
mês que vem por falta de verbas previstas no orçamento do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe), ficam prejudicadas decisões nacionais de segurança
alimentar, energética e hídrica, há ainda impacto econômico e científico no
Brasil. Os dados processados pelo Tupã são fornecidos para o Centro Nacional de
Desastres Naturais (Cenad), a Agência Nacional de Águas (Ana), a Diretoria de
Hidrografia e Navegação da Marinha (DHN), o Departamento de Controle do Espaço
Aéreo da Aeronáutica (Decea), o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de
Desastres Naturais (Cemaden), o Ministério de Minas e Energia, o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Operador Nacional do Sistema Elétrico
(ONS), além de centros estaduais de meteorologia.
A importância se acentua quando é considerado o fato de
que o Brasil atravessa a pior crise hídrica dos últimos 91 anos, segundo o
governo federal. Em plena crise, podemos ter um apagão dessas informações,
explica Gilvan Sampaio, coordenador-geral de ciências da Terra no Inpe. Sem o
recurso, ficarão prejudicadas as previsões climáticas de longo prazo,
especialmente importantes para eventos climáticos extremos, como períodos de
seca. A ausência desses dados também pode causar impacto econômico. Segundo
relatório de março deste ano do Banco Mundial, a previsão meteorológica tem
impacto de US$ 160 bilhões na economia mundial. No Brasil, a agricultura seria
um dos setores prejudicados.
Segundo Douglas Lindermann, professor da Faculdade de
Meteorologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a falta de informações
climáticas a longo prazo pode influenciar diretamente no planejamento do
plantio e da colheita, e o impacto seria importante para pequenos produtores,
pois o Inpe fornece todas essas previsões gratuitamente.
A gente não tem como fazer uma previsão tão assertiva a
longo prazo, mas conseguimos passar para o produtor uma ideia de comportamento.
Por exemplo, a última safra atrasou o início do período chuvoso, que impactou
no atraso da soja. A maioria das empresas que trabalham com consultoria também
usa o produto que o Inpe gera.
Prejuízos
As previsões de longo prazo do supercomputador também são
fundamentais para os relatórios que o Brasil produz no âmbito do Painel
Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), programa das Nações Unidas
que visa informar governantes de todo o mundo sobre mudanças climáticas. Se não
tivermos os dados do Tupã, o Brasil vai recorrer a modelos feitos por outros
países? Será que esses modelos são precisos?, diz Sampaio.
Alfredo Goldman, professor do Instituto de Matemática e
Estatística da Universidade de São Paulo (USP), explica que a operação de um
supercomputador como o Tupã é uma ferramenta política. Segundo ele, é
necessário ter o equipamento e justificar quais são os benefícios para o país.
Os prejuízos também são científicos. Para que modelos de previsão climática
sejam precisos, eles necessitam do processamento constante de informações,
quanto mais dados, mais afiados eles ficam. Da mesma forma que você não desliga
o seu freezer para economizar energia à noite, você não desliga um
supercomputador, diz Goldman.
Sem uma máquina desse porte, o Brasil também corre o
risco de perder os cientistas especializados em modelos climáticos. O modelador
é um ser raro. Ele é quem encontra as soluções para termos as previsões mais
precisas. Se não tivermos como trabalhar com isso, eles podem começar a deixar
o Brasil, explica Sampaio.
Crise na pandemia: pensar, planejar & go ahead!
Fonte: CQCS
Crise talvez seja a terceira palavra mais proferida no
mundo inteiro após pandemia e covid-19. Não há menor dúvida disso, como também
não há dúvida alguma das agruras por que passam empresários, sobretudo os
pequenos e médios, que comprometem seus negócios com dívidas impagáveis e, numa
escalada trágica da economia, não encontram outra saída a não ser o fechamento
das portas. O resultado deste ocaso não seria outro senão desemprego e brutal
perda de renda da população. A economia simplesmente encontra-se inerte ou, no
mínimo, caminhando em passos quase imperceptíveis, tese defendida por analistas
de mercado e corroborada por inúmeras e recentes estatísticas, porém distantes
de uma simetria de números e percentuais, ou seja, há resultados para todos os
gostos, políticos e ideológicos, sobretudo, mas inegavelmente e integralmente
preocupantes.
Somente no Estado do Rio de Janeiro, como sinaliza
pesquisa do Sebrae Rio, faliram no ano passado cerca de 90 mil pequenos
empreendimentos. Ao ampliarmos o foco no país inteiro, o resultado de 2020
mostra-se ainda mais impressionante, como indica o Mapa de Empresas, mecanismo
gerido pelo Departamento Nacional de Registro Empresarial (Drei) e o Serpro,
porém mantido do Ministério da Economia. Ao número, portanto: pouco mais de um
milhão de cadastros de pessoa jurídica (CNPJ) foram fechados. Há, todavia, uma
surpreendente mão inversa, como aponta a mesma estatística do governo: o número
de companhias abertas aumentou 6% no ano passado em relação a 2019. Enquanto
cerca de um milhão delas fecharam, outras 3,3 milhões constituíram um CNPJ. O
número de empresas fechadas também apresentou queda de 11,3% em relação ao ano
anterior.
Essa movimentação positiva, define o Ministério da
Economia, é reflexo das medidas empregadas pelo governo para facilitar a
abertura de empresas em meio à pandemia da covid-19, que estimulou a busca pelo
próprio negócio.
Há, contudo, quem tema que os indicadores de quebra de
empresas, sobretudo pequenas e médias, ainda sejam preocupantes e que até
possam impactar a recuperação do PIB até dezembro. Para o CEO da marca carioca
Wöllner, Giuliny Shauer, também consultor e autor do livro Quebrei na pandemia,
e agora?, Um guia para gestão de crises no mundo empresarial e varejo (Ed.
Approach), não há motivo para euforia, como sinaliza o governo.
A gente está muito cético em relação a essas projeções.
Trabalhamos com recuperação judicial, que é a última cartada, a última coisa a
se tentar e percebemos que em junho já tem mais recuperação judicial que no ano
passado inteiro. Ou seja, são empresas que estão literalmente quebrando as
pernas. Há muitas delas que estão operando e não estão pagando impostos. A
dívida externa em mais de 30% no último ano para conseguir manter o itens como
redução de jornada, programas de auxílio emergencial. Vamos ver o impacto disso
daqui a pouco. Sou muito cético em relação a essa retomada e em relação a esses
indicadores econômicos. O que vejo são meus clientes pedindo recuperação
judicial, parcelamento de impostos. O meu setor, que é dos bens e consumo,
sente primeiro. A indústria vai sentir depois, analisa Giuliny.
Sem essa de Poliana. Tem de ter planejamento
A visão de mundo está distante de qualquer brecha para
uma síndrome de Poliana, ou seja, da preponderância de um otimismo excessivo.
Mas há sinais de que há resistência no mercado. Não se sabe até quando ela
durará, porque a pandemia no país, ao que tudo indica, caminha para a
consolidação de novas e preocupantes ondas.
Maior estado da Federação, São Paulo surpreendeu em maio
com um alvissareiro indicador, como registra a Junta Comercial do Estado de São
Paulo (Jucesp): foram abertas quase 25 mil novas empresas, melhor resultado
desde janeiro, superando em 4,28% o mês de fevereiro, que até então ostentava o
melhor percentual. E o mais impressionante: o número de empresas abertas em maio
deste ano é o segundo maior registrado em toda a série histórica da Jucesp
iniciada em 1998. As respostas para essa retomada podem ser muitas, mas uma
certamente é inquestionável: a criatividade, especialmente para equilibrar e
conter custos, e quem está bastante atento a essa nuance é o setor de seguros.
Mas o drama provocado pela crise sanitária ainda persiste
e não pode sob hipótese alguma ser ignorado. Além disso, o rumo da economia do
país permanece uma incógnita. Diante deste contexto repleto de indefinições,
muitas perguntas naturalmente são fomentadas, dentre as quais estas: até quando
o pequeno e o médio empresário resistirão? O que consultores de mercado
idealizam como um mundo perfeito para empresas que estejam nascendo em meio às
crises sanitária e econômica atuais? E o setor de seguros, o que sugere? Caso
seguradoras e corretores pudessem recomendar produtos do mercado para uma
pequena ou média empresa que está nascendo, quais seriam eles, especialmente
agora em que nos encontramos envolvidos por uma pandemia? Há uma receita
específica de resiliência que o seguro possa ensinar ao mercado em geral para
que enfrente crises como a que vivemos?
O seguro pode ajudar de duas formas, explica o analista
de mercado Francisco Galiza, da Rating de Seguros Consultoria. Primeiro, diz
ele, pela própria cobertura do risco, ou seja, o imóvel pega fogo, mas a
seguradora paga. Essa é a forma direta, clássica, que todo mundo conhece. A
outra forma é mais sutil e funciona em termos de gerência de riscos. A
seguradora e o corretor podem ajudar a empresa a diminuir os seus riscos, ou
seja, ensinar a empresa a tomar certos cuidados. Esse é um efeito muito
importante também. Quanto aos tipos de seguros, são aqueles clássicos mesmo,
seguro empresarial, lucros cessantes etc. Todo aquele seguro que poderá impedir
a empresa de atuar, se houver um sinistro, completa Galiza.
O consultor alerta, porém, que o mercado segurador pode
proteger uma empresa contra uma perda em relação à situação atual, mas não
ensina a mesma para que ganhe mais adiante. Em outras palavras, com o seguro,
volta-se à situação anterior, não se volta a uma situação melhor do que se
estava antes, descreve Galiza: Esse é um conceito teórico importante. Ou seja,
a empresa tem que buscar outros meios, como análise de mercado, uma
administração eficiente, contenção de custos, estudos econômicos. Isso fica
fora da área de seguro. O seguro não vai fazer uma empresa ter sucesso, ele vai
fazer com que uma empresa, que já tenha sucesso, não perca essa situação.
Para o superintendente de Produtos Massificados,
Automóvel e Frotas da AXA Seguros, Clóvis Silva, há um potencial enorme a ser
explorado, principalmente no seguro empresarial. Entre pequenas e médias
empresas, por exemplo, a contratação do seguro empresarial ainda é incipiente,
e isso, reforça Silva, é uma exposição grande, podendo comprometer
profundamente o negócio. Cada vez mais precisamos de empresas e negócios
resilientes que sejam sustentáveis no longo prazo e o seguro faz parte dessa
construção. Não há uma receita específica, mas um ponto relevante que buscamos
fortalecer aqui na AXA, junto dos nossos corretores e clientes, é o
gerenciamento de risco. O seguro cada vez mais vai evoluir para um ponto de
prevenção além da proteção, prevê o executivo.
Já o diretor de Produtos da AIG Seguros, Edson Souza,
avalia que a pandemia acelerou comportamentos e a digitalização, mas também
trouxe desafios com riscos emergentes, como, por exemplo, os relacionados à
segurança cibernética. A seguradora mantém um canal voltado ao empresário,
esteja ele no início de um projeto ou já consolidado, para abordar os mais
diversos riscos que podem existir na operação do seu negócio e como o seguro
pode contribuir para uma gestão mais eficaz de sua empresa.
Empresários e profissionais interessados em crescer e
desenvolver seus negócios devem enxergar os seguros como uma plataforma de
transferência de risco que contribui na continuidade do seu negócio. Desta
forma, em parceria com os corretores e parceiros de diferentes setores, nossos
profissionais buscam compartilhar conhecimento sobre os principais riscos às
empresas, enfatiza Souza. Quando falamos nos riscos aos novos negócios, além do
conhecimento sobre a operação e planejamento prévio necessário, é importante
que empreendedores estejam atentos e preparados a situações inesperadas, mas
que as tendências já mostram que podem ser realidade: Um erro ou descuido podem
impactar seu negócio: um profissional liberal, de tecnologia, de comunicação,
ou mesmo de saúde, interessados em seguir carreira solo, ou estabelecer-se à
frente de um negócio, é importante considerar o seguro de responsabilidade
civil para evitar surpresas frente aos eventuais equívocos que lhe obriguem a
reparar um terceiro. Com muitas profissões novas surgindo a cada ano,
principalmente ligadas à análise de dados, comunicação e TI, trata-se de um
seguro cada vez mais procurado, inclusive por profissionais autônomos, completa
o executivo da AIG, seguradora atua com mais de 40 categorias de apólices de
responsabilidade civil profissional.
No Brasil, essencialmente no atual momento, não é tarefa
fácil proteger uma empresa que está nascendo ou mesmo que acaba de ingressar no
mercado. O diretor executivo de Seguros Corporativos da Zurich no Brasil,
Roberto Hernández, alerta que a maior parte dos 90% de companhias brasileiras
que, segundo dados do IBGE, enquadram-se no segmento de micro, pequenas e
médias empresas, não possui qualquer tipo de seguro de vida ou de acidente
pessoal para os colaboradores tampouco proteção para riscos cibernéticos ou
seguros E&O (de responsabilidade civil profissional), de erros e omissões,
por exemplo. Essas companhias, assim como as de grande porte, precisam de
orientação e de produtos de seguro que correspondam às suas necessidades
pontuais e de acordo com o seu ciclo de vida, pondera o executivo da Zurich.
Sem planejamento e sem o amparo do seguro, realmente tudo
fica inviável para o mercado e, fundamentalmente, para os pequenos negócios ou
mesmo os que estão dando seus primeiros passos, como alerta o coordenador do
Centro de Estudos de Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV, Gesner
Oliveira: Provavelmente (as seguradoras) recomendariam produtos que não onerem
demais esta empresa nascente, mas que também deem uma boa segurança ao
empreendimento. Para a empresa, é importante avaliar o risco a qual a empresa
está sujeita, não há uma receita de bolo que não seja planejamento, vaticina.
Experiência de quem nasceu durante a crise
A Azos é uma insurtech voltada para o seguro de vida que
chegou ao mercado em abril, ou seja, em meio à segunda onda da covid-19 por
aqui, mas sem temor e com ousadia, sobretudo nos preços. A companhia oferece
apólices de R$ 5 e suas coberturas transitam entre os valores de R$ 90 mil e de
R$ 2 milhões. O CMO da Azos, Bernardo Ribeiro, contou à Apólice o desafio da
insurtech para se lançar no mercado em um momento cheio de adversidades e o que
ele e seus dois sócios e cofundadores, o CEO Rafael Cló e Renato Farias,
empreenderam para proteger os primeiros momentos da jovem empresa.
Não é fácil começar uma empresa em plena pandemia.
Precisávamos atrair investidores e os melhores talentos do Brasil em um momento
em que as pessoas estavam receosas em correr riscos. O que fez a gente
conseguir convencer essas pessoas a entrarem na Azos foi o nosso propósito,
nossa estratégia, um passo a passo claro para reinventar o seguro de vida no
Brasil e, principalmente, o nosso propósito. Rafa, Renato e eu estudamos por
mais de um ano sobre como deveriam ser os nossos produtos, canais de
distribuição, investidores e perfil dos talentos. A estratégia estava clara e,
com ela, veio a nossa confiança que rapidamente convenceu investidores e nossos
primeiros talentos. Além disso, algumas decisões importantes foram tomadas.
Desde o nosso dia zero, decidimos ser uma empresa flexível, tanto no local
quanto no horário de trabalho. Essa é uma ideia para atrair gente boa para
trabalhar com a gente, com horário flexível e 100% home office, pois
acreditamos na autonomia e liberdade para criarmos um produto realmente fora da
curva, conta Ribeiro.
Sem seguro, nada feito. Impossível imaginar, e isso
deveria valer para qualquer segmento de mercado, um empreendimento surgir,
sobretudo no atual contexto, sem que tenha uma boa cobertura amparando-o. Mas
isso, infelizmente, acontece, e essencialmente com pequenos negócios. Aí reside
o xis da questão ou, mais precisamente e talvez o maior desafio do mercado
securitário: a disseminação da cultura do seguro no país.
Clóvis Silva explica que diante do atual cenário todo o
mercado se mobilizou para criar novas soluções que pudessem atender ao segurado
e ao corretor e que as melhorias nos produtos e as novas coberturas foram se
fortalecendo nos portfólios das seguradoras: Sabemos da complexidade de abrir e
manter uma empresa e por isso é essencial contar com a proteção do seguro desde
o início e não somente em períodos de crise já que os riscos do dia a dia
continuam existindo. Um vidro quebrado, um problema com medicamentos
refrigerados, um acidente com um animalzinho no pet shop ou um vazamento. Não
importa o ramo da empresa: além da resiliência financeira, o seguro proporciona
tranquilidade, facilitando a solução dos problemas através das coberturas e as
assistências contratadas pelo segurado.
Já Roberto Hernández, da Zurich, observa que para manter
a resiliência das empresas é preciso executar um planejamento estratégico de
ações de gerenciamento de riscos que contemple a antecipação e o
desenvolvimento de planos de respostas. Isso permitirá, garante o executivo,
que as empresas tenham reações efetivas para uma variedade de cenários e as
ajudará a reduzir o impacto sobre as operações essenciais. Tão logo a pandemia
foi decretada, em março de 2020, a Zurich elaborou uma série de estudos e
cartilhas com orientações para companhias de todos os segmentos. A ideia era
que munidas de tais informações essas organizações conseguissem estabelecer
práticas para minimizar os reflexos diretos e indiretos nos negócios e na
rotina dos clientes. Nesse sentido, um dos planos elaborado por nossa companhia
contemplava a matriz de Planejamento para o impacto da pandemia e Políticas e
procedimentos durante uma pandemia. Esta matriz é um instrumento estratégico e,
quando colocada em prática, contribui para a resiliência da organização, em
qualquer situação de risco, assinala Hernández.
Produtos e produtos
Como os produtos e serviços do mercado de seguros podem
colaborar com os empreendedores destes novos negócios e como por meio deles é
possível mitigar os efeitos da interrupção do empreendimento? Sendo assim,
quais modelos de seguros mais adequados para esse cenário de crise?
Responsabilidade civil? Seguro empresarial? Seguro de vida?
Para Francisco Galiza, todos esses seguros são
importantes e úteis. Ele alerta, contudo, que a empresa precisa conversar com o
seu corretor para avaliar quais são os mais importantes, em termos de custos e
prioridades. Para cada tipo de empresa e de perfil dos empregados, a resposta
pode diferir, observa o consultor: Por exemplo: uma empresa muito centralizada
em um sócio de mais idade e com muito conhecimento, o seguro de vida pode ser o
mais importante. Já uma empresa que presta muito atendimento ao público, pode ser
o de responsabilidade civil. Cada caso é um caso, tem que se avaliar a situação
com cuidado.
A escolha de que rumo seguir em meio ao caos provocado
pela pandemia não tem sido fácil para ninguém. A tensão ao conferir o balanço
da empresa é latente e inevitável. Muitos empreendedores, especialmente os de
recentes negócios, estão lidando com um cenário desafiador que exige uma
transformação contínua para que a porta não seja fechada. A pandemia mostrou
que a saúde financeira das companhias está estreitamente associada à saúde
emocional e física dos líderes e de suas equipes. O estado psicológico de
empreendedores foi afetado, como aponta a pesquisa Efeitos da covid-19 na saúde
mental dos empreendedores do Brasil, desenvolvida no ano passado pela
Troposlab, especializada em inovação, em parceria com a Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG), por meio do Programa de Pós-Graduação em Psicologia:
Cognição e Comportamento e com o apoio, entre outras, do Sebrae, da Inovativa e
da Anprotec.
O resultado do estudo, que obteve 653 respostas de
praticamente todos os estados, foi divulgado em novembro e mostra que 51,1% dos
empreendedores tiveram a vida afetada pela pandemia, mas que se sentem bem na
maior parte do tempo, enquanto 24,9% alegaram ter sido muito afetados. A
necessidade de cuidados médicos com a saúde mental e até mesmo o uso de
antidepressivos e ansiolíticos no período em que foi realizado o estudo foram
confirmados por 15,6% dos empreendedores que responderam à pesquisa. De fato,
com a pandemia, houve uma piora na situação emocional das pessoas. Eu brinco
que muito se fala que a profissão do futuro é a área de TI. Para mim, é a área
de psicólogos e psiquiatras. Muito se espera do seguro, tem pesquisas com
consumidores que mostram isso, fato, sobretudo, pela pandemia. A sociedade
espera que o seguro possa resolver qualquer tipo de problema, corrigir as
distorções, eliminar os riscos. Só que isso é difícil, muitas vezes. Para mim,
nesse segmento emocional, só pode ajudar de uma forma indireta, fazendo um seguro
saúde que preste atendimento nessa área. Mas, na verdade, a discussão é
anterior à compra de um serviço, a pessoa que tem que buscar o seu equilíbrio
interno, tendo comprado um seguro ou não. Se não houver uma predisposição
pessoal para isso, acho que nenhum seguro vai resolver, cogita Galiza.
Para Bernardo Ribeiro, da Azos, os empreendedores que não
conseguiram se adaptar a uma nova forma de se comunicar com seus colaboradores
são aqueles que mais estão sofrendo financeiramente e emocionalmente. O sucesso
das empresas, ressalta ele, está, e sempre esteve, relacionado à qualidade da
comunicação em todos os níveis da empresa. O setor de seguros, assim como
outros, precisa se reinventar neste novo modelo de trabalho, híbrido ou remoto,
para que todos os colaboradores participem da tomada de decisão e tenham
clareza sobre como a empresa está, quais são os objetivos e para onde a empresa
tem que ir. A Azos possui vários rituais e diversas ferramentas para que todos
colaboradores participem das decisões e entendam com clareza os nossos
objetivos, e isso tem nos ajudado muito, diz Ribeiro.
Apesar da crise, há oportunidades
Definitivamente não é tarefa das mais simples empreender
em um momento tão conturbado e sem certezas de que haverá realmente uma
recuperação econômica ou mesmo de que a covid-19 irá ser efetivamente
controlada. O consultor Giuliny Shauer alerta que a regra do jogo é justamente
compreender que ela simplesmente não existe.
Recomendação número um: olhar linha a linha. Se suas
receitas estão reduzidas a 30%, todas as suas linhas têm de ser reduzidas a 30%
também. Outra coisa que falamos bastante é investir no mercado digital. Se você
não tem dinheiro para um e-commerce, vale aderir a um marketplace onde você
pode anunciar seu produto digitalmente. Não precisa ser milionário para vender
na internet. A última recomendação que dou é que, no limite, você pare de pagar
os impostos, depois você pare de pagar empréstimos bancários, financeiras e vai
negocie; depois pare de pagar os fornecedores não essenciais para seu negócio;
depois pare de pagar os essenciais e, por último, pare de pagar salário, porque
aí o seu negócio vai entrando em colapso. O cafezinho da galera, por exemplo,
vá abrindo mão, sugere Shauer.
O consultor lembra ser comum o empreendedor seguir
justamente a mão inversa. É engraçado porque a maioria das empresas faz o
contrário. Não paga o salário do funcionário, mas paga imposto. Isso significa
ligar uma bomba nuclear para seu negócio. Se tiver fôlego e uma boa estratégia
comercial e o bolso relativamente cheio ainda, você vai sair da pandemia como
uma referência do mercado. Em toda crise, há oportunidade, conclui Shauer.
Retomada em marcha lenta
Fonte: Estadão
A recuperação da economia, proclamada pelo governo e
celebrada no mercado financeiro, continua precária, com duas quedas mensais
consecutivas, de 1,5% em março e 0,7% em abril, segundo a Fundação Getulio
Vargas (FGV). O quadro parece muito mais promissor quando a comparação é feita
com as piores fases do ano passado. O confronto com abril de 2020, momento de
maior impacto da pandemia, mostra um ganho, espetacular à primeira vista, de
12,3%. Mas a ilusão some quando se faz um balanço mais amplo. O resultado
acumulado em 12 meses ainda foi 1,8% menor que o do período anterior, mostrando
uma retomada ainda incompleta. Os números são do Monitor do PIB-FGV, a mais
detalhada prévia mensal do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado a cada três
meses pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os percalços da recuperação, reflexos da ação errática do
governo, também aparecem, claramente, nos dados trimestrais, com a perda de
impulso dos negócios. No trimestre móvel encerrado em outubro de 2020 o PIB foi
6,2% maior que no período de maio a julho. O avanço caiu para 1,8% nos três meses
terminados em janeiro e para 0,3% no período fevereiro-abril. A redução do
auxílio emergencial a partir de setembro, sua suspensão entre janeiro e março e
a interrupção das políticas anticrise até abril são nitidamente assinaladas por
esses números.
Mas os fatos podem ser mais feios que o retrato desenhado
por essas estatísticas, adverte o pessoal da FGV. Além de matar milhares de
pessoas, lotar os hospitais e devastar os negócios, a pandemia pode ter
desarrumado amplamente os fatores sazonais. Os economistas costumam, ao ordenar
a série dos números, descontar o efeito dos fatores típicos de cada fase do
ano. Isso é necessário para tornar os dados comparáveis. No Brasil e no
exterior especialistas vêm examinando os impactos da pandemia naqueles fatores.
Esses efeitos, esta é a suspeita, podem ter prejudicado a
construção das séries desde o ano passado. Por isso, cálculos alternativos têm
sido elaborados, com base nos padrões sazonais levados em conta entre 2000 e
2019. Esses cálculos indicam, para abril, uma queda de 1,5%, mais que o dobro
do recuo de 0,7% registrado no Monitor do PIB. É preciso, portanto,
considerar com cautela os números com ajustes sazonais até agora divulgados,
advertem os técnicos da FGV. Essa advertência vale, naturalmente, para os dados
de todas as fontes produtoras de estatísticas.
Mesmo sem essa ressalva, o desempenho apontado pelo
Monitor justifica muita cautela diante das avaliações da economia e das
projeções. As previsões de crescimento do PIB neste ano, fortemente
influenciadas pelo resultado do primeiro trimestre, podem estar muito
sobrestimadas, alertam os pesquisadores Claudio Considera, Juliana Trece e
Roberto Olinto, em texto recente sobre os efeitos da pandemia nos fatores
sazonais. Considera coordena a elaboração do Monitor do PIB. Segundo esse
artigo, o crescimento econômico no primeiro trimestre pode ter sido de apenas
0,4%, se for levada em conta, na construção da série, a sazonalidade
considerada até 2019. O IBGE mostrou expansão de 1,2%.
Sem correção, porém, do possível problema da
sazonalidade, os números do Monitor já tornam aconselhável um pouco mais de
prudência na avaliação das condições e das perspectivas econômicas. O avanço de
apenas 0,3% no trimestre móvel encerrado em abril indica uma considerável perda
de ritmo desde o fim do ano passado. A queda de 1,8% da produção geral da
indústria. e de 2,8% no caso da indústria de transformação, é mais uma
confirmação do baixo dinamismo do setor. Na sequência dos trimestres,
encerrados em outubro, janeiro e abril, a expansão do consumo passou de 5,4%
para 1,7% e 0,3%. Esses dados provavelmente refletem as mudanças no auxílio
emergencial e a piora das condições de emprego. Dão mais clareza, portanto, à
diferença, já amplamente reconhecida, entre a recuperação econômica celebrada
no mercado financeiro e as condições da maior parte dos brasileiros.
Acesse as edições mais recentes das publicações do mercado:
Revista Apólice: https://www.revistaapolice.com.br/2021/05/edicao-265/
Revista Cobertura: https://www.revistacobertura.com.br/revistas/revista-cobertura/revista-cobertura-edicao-231/#2
Revista Segurador Brasil: https://issuu.com/revistaseguradorbrasil/docs/segurador_166_
Revista Seguro Total: https://revistasegurototal.com.br/2021/06/14/mercados-de-vida-e-previdencia-apresentam-crescimento/
Revista Insurance Corp: http://insurancecorp.com.br/pt/content/pdf/ic_ed35_2021.pdf
Caderno de Seguros: https://cnseg.org.br/publicacoes/revista-de-seguros-n-916.html
Revista Brasil Energia: https://editorabrasilenergia.com.br/wp-content/uploads/sites/1/flips/129726/Bia469v3/2/index.html