Setor Elétrico: Demandas Atendidas
31, Ago. 2021
Setor Elétrico: Seguradoras investem em tecnologia e
especialistas para atender novas demandas
Fonte: Valor Econômico
Os executivos de seguradores especializadas em grandes
riscos e seguros financeiros estão de olho nos investimentos do setor de
energia. Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, o Brasil continuará
expandindo a sua matriz energética, com investimentos da ordem de R$ 400
bilhões previstos para os próximos dez anos. A venda de seguros no setor
elétrico não arrefeceu com a pandemia. Pelo contrário. Nos instiga a criar
coberturas e serviços diferenciados usando a tecnologia para atender diferentes
tipos de riscos deste segmento que se moderniza, afirma Pedro Mattosinho,
diretor de garantia da Fator Seguradora.
Nos últimos dois anos, mesmo diante de uma crise
pandêmica, o setor de energia registrou investimentos de US$ 30 bilhões
provenientes de 17 países, segundo dados do ministério de Minas e Energia. A
maior demanda deste setor é pelo seguro garantia. O mais conhecido é o
completion bond, que garante que o projeto financiado seja concluído dentro dos
valores e prazos projetados. Depois do seguro garantia contratual, vem o de
garantia judicial e os tradicionais seguros de engenharia, de responsabilidade
civil, incluindo o Directors & Officers (D&O) para executivos, e
apólices para mitigar perdas com o dia a dia operacional das usinas.
Apesar de não haver a abertura de informações detalhadas
sobre o quanto o setor de energia gera em vendas para as seguradoras, a
representatividade é relevante. Isto porque os projetos de energia, seja no
mercado livre ou no mercado regulado, fomentam uma enorme gama de outras
contratações e subcontratações, além de serviços de mão de obra e projetos
afeitos aos respectivos projetos, informa Roque de Melo, presidente da comissão
de garantia da Federação Nacional de Seguros Privados (FenSeg).
Segundo João Di Girolamo, responsável por seguro garantia
na Swiss Re Corporate Solutions Brasil Seguros, um dos produtos que tem
apresentado forte demanda é para proteger investidores no mercado livre de
comercialização de energia, regido pelas normas da Câmara de Comercialização de
Energia (CCEE). Ele tem cada vez mais se destacado no mercado de seguro
garantia, seja para o mercado de consumidor final, ou ainda para as
comercializadoras de energia, que transacionam grandes volumes de energia,
gerando novas oportunidades para o mercado segurador, afirma. Tal contrato é
conhecido como Power Purchase Agreement. A apólice garante ao vendedor da
energia, tido como segurado, que o comprador, chamado por tomador, honrará os
compromissos de pagamentos previstos no contrato de compra e venda de energia.
A redução na arrecadação financeira das distribuidoras, a
renegociação de contratos e a deterioração na qualidade creditícia com o
impacto em toda a cadeia que envolve o setor instigam as seguradoras a buscarem
soluções que atendam esta realidade. Notamos um crescimento gradual de
acionamento da apólice para a modalidade de compra e venda de energia. No
entanto, não chegamos a ter nenhum sinistro de fato concretizado para essa
modalidade. Em todos os casos, os tomadores acabaram liquidando os débitos com
o segurado, conta Roberto Hernández, diretor executivo de Seguros Corporativos
da Zurich no Brasil, cujo portfólio tem uma representação de 5% para o setor de
energia, comparado com 1% em 2020.
Henrique Machado, responsável por Linhas Financeiras na
Pottencial Seguradora, conta que a maior parte das situações das inadimplências
decorrentes da pandemia foram solucionadas através de renegociações entre as
partes, com a revisão de prazos ou de preço. A Pottencial integrou diversas
renegociações, visando o cumprimento das obrigações contratuais garantidas, bem
como as repactuadas, a fim de garantir tranquilidade e conforto às partes no
momento adverso, afirma. Uma das soluções é seguro paramétrico com cobertura
por baixo índice de pluviosidade, que já é tema em pauta na Aneel.
Especialistas sugerem que o setor elétrico analise a imposição desse tipo de
seguro às geradoras com baixa capacidade de estocagem, como as usinas a fio
d`água, solar e eólica.
Camila Jarlicht Chut, head do Seguro Garantia da Austral
Seguradora, prevê grandes oportunidades para o mercado com a retomada dos
investimentos, tendo em vista os leilões já previstos até o final do atual ano
e primeiro semestre do próximo. Estão programados ainda para 2021 dez leilões
de geração elétrica, dois leilões de transmissão de energia, três de petróleo e
gás, e quatro leilões no setor de mineração. Novos entrantes e novas estruturas
de financiamento como a participação de empresas estrangeiras e fundos de
investimento alteram os antigos perfis de risco e a subscrição das seguradoras.
Por isso investimos em ter um time de especialistas, diz Camila.
Paulo Mantovani, diretor de Energia e Mineração da
corretora Marsh Brasil, alerta que é imprescindível que as apólices de seguros
estejam dimensionadas de forma correta. É necessário revisitar as apólices
atuais de construção e operação das usinas, a fim de atestar se as
prerrogativas que foram adotadas para a colocação do risco no mercado estão de
acordo com o momento atual. Se o preço estiver muito abaixo da cotação do
mercado, é preciso aumentar o valor das apólices, recomenda.
Valor do seguro tem queda de 12,5% no primeiro semestre
de 2021
Estudo realizado pela TEx leva em consideração o dataset
com maior com abrangência nacional, utilizado por mais de 20 mil Corretores
Fonte: Sonho Seguro
A TEx, insurtech especializada em soluções online para o
mercado segurador, divulga nesta quinta-feira (26) os números de julho do IPSA
(Índice de Preços do Seguro Automóvel). O estudo aponta a variação mensal dos
preços do seguro auto de acordo com gênero, região, faixa etária e idade do
veículo.
O IPSA indica que o valor do seguro caiu 12,5% entre os
meses de janeiro e julho. No primeiro mês do ano, por exemplo, ao contratar o
serviço para um automóvel de R﹩ 50 mil, o IPSA estava
fixado em 5,6% e o segurado pagava R﹩ 2.800,00 pelo seguro. Hoje
o percentual é de 4,9%, o que implicaria no valor de R﹩
2.450,00. Essa queda nem sempre pode ser percebida pelo cliente já que houve o
aumento generalizado de preço dos veículos 0KM e valorização dos usados nos
últimos meses, explica Genildo Dantas, gerente de inteligência de dados da TEx.
O estudo da TEx também traz informações quanto a evolução
dos valores por gênero e indica que o valor final do seguro é cerca de 20% mais
caro para os homens. Isso acontece porque há maior reincidência de homens em
acidentes graves e com perda total do veículo.
Quando a comparação é por faixa etária, o IPSA mostra que
os motoristas mais novos costumam pagar mais pelo seguro automotivo. Os
nascidos entre 1990 e 2014, conhecidos como geração Z, podem pagar quase o
dobro (7,4%) do que os nascidos entre 1943 e 1964, conhecidos como Baby Boomer
(3,8%).
A região que o segurado reside também é um dos fatores
analisados para precificação dos seguros. Para se ter uma ideia, em julho, o
seguro na Região Metropolitana de São Paulo chegou a ser 60% superior à Região
Metropolitana de Belém.
Analisando apenas a tabela FIPE, o IPSA revela que há uma
certa estabilidade nos valores dos seguros neste primeiro semestre. Um veículo,
cujo preço de tabela está entre R﹩ 10 mil a R﹩
30 mil, teve variação de 8,3% em janeiro chegando a 7,8% em julho.
Outros fatores que interferem nos preços dos seguros são
a idade do veículo e a quantidade de KM rodados. O estudo aponta que o valor do
seguro para um carro usado, de 6 a 10 anos, custa quase o dobro de um zero KM.
Uma nova indústria de seguros
Fonte: CQCS
Em um dos painéis do quarto dia de transmissões da
Maratona da inovação promovida pelo JRS, a discussão girou em torno do mercado
de seguros. Adilson Lavrador, diretor executivo de Operações, Tecnologia e
Sinistros da Tokio Marine, Daniel Arena, superintendente regional da Capemisa
Seguradora, Giovanni Balen, sócio e gestor de riscos diferenciados da Fracel
Corretora de Seguros, Newton Queiroz, CEO da Europ Assistance Brasil e Pedro
Mattosinho, diretor de garantia da Fator Seguradora, participaram do painel Uma
Nova Indústria de Seguros.
Adilson ressaltou que o corretor de seguros é o canal de
distribuição da companhia que procura sempre desenvolver produtos mais fáceis e
diferenciados para que o corretor consiga ter uma penetração maior junto ao
público. Existe muita oportunidade, as seguradoras e os corretores estão se
reinventando e vemos novas possibilidades todos os dias, enfatizou. Daniel
Arena também aposta no potencial do mercado. Os dados que temos é de que apenas
4% da população em comparação ao PIB tem seguro. Temos um vasto caminho a
percorrer para atingirmos os níveis de excelência de outros países. Vimos na
pandemia a necessidade das pessoas se protegerem, analisou. Para Giovanni
Balen, o Brasil tem potencial para aumentar a participação dos seguros no PIB.
Temos muitas possibilidades para desenvolver nosso mercado. A pandemia mostrou
isso, enfatizou.
Na opinião de Pedro Mattosinho, o tema inovação não é
novo. O mercado segurador é mais lento e reticente nas suas movimentações.
Agora passou a ser uma questão de sobrevivência, destacou. Já Newton Queiroz
enfatizou que existe um tema bastante interessante que é o crescimento do
prêmio e a queda da margem da seguradora que demonstra que algo precisa ser
feito. Isso significa criar produtos que nunca foram criados antes e que possam
ser pagos por essa classe menos favorecida que é a maior parte da população no
país, disse. Para Queiroz, microsseguros são quadrados em poder atender e
pensar em como fazer coisas novas. Falando em seguro auto, por exemplo, existe
um público que não vai comprar seguro porque não vende para essa pessoa uma
assistência de guincho? E embute um seguro de perda total. Precisamos ter um
olhar diferente de como podemos oferecer produtos para essas pessoas, analisou.
A Maratona da Inovação foi até sexta, dia 27, no canal do
Youtube do JRS.
Planos de saúde privados, novidades no front
Os planos de saúde privados começaram a criar corpo nos
anos 1960, quando a indústria foi atrás de alternativas mais eficientes para
substituir o atendimento oferecido pela rede pública, então corrupta,
anacrônica, mal aparelhada e lenta, o que encarecia o custo dos funcionários, afastados
por longos períodos, fruto de atestados médicos invariavelmente feitos sem
muito critério.
No início, as empresas tinham acordos com hospitais
próximos, que atendiam os seus funcionários com vantagens evidentes, como a
qualidade e a rapidez do atendimento, que satisfaziam a empresa e o
funcionário. A empresa tinha menos afastamentos e os funcionários um melhor
serviço de saúde. Em seguida, as famílias passaram a serem incluídas e na
sequência surgiram as primeiras cooperativas de saúde e assistências médicas,
profissionalizando o serviço.
Não cabe aqui contar a história dos planos de saúde
privados no Brasil. Entre os primeiros passos e o cenário atual passou muita
água debaixo da ponte, com avanços e retrocessos moldando um dos grandes sonhos
de consumo dos brasileiros.
O grande divisor de águas foi a Lei dos Planos de Saúde
Privados, que entrou em vigor no final da década de 1990, criando as bases para
o que temos hoje. Foi das piores leis votadas pelo Congresso Nacional, tanto
que foi profundamente modificada por uma Medida Provisória, seguida de várias
outras, baixadas nos meses subsequentes, todas visando melhorar seu texto e
viabilizar o atendimento à saúde originalmente pretendido.
Do fim da década de 1990 para cá, o sistema evoluiu muito
e atualmente os planos de saúde privados se destacam no atendimento de seus
beneficiários contaminados pela covid19. Sem sua atuação, o quadro do SUS seria
muito mais grave e, com certeza, a saúde pública brasileira não teria ganhado o
reconhecimento da sociedade pelos relevantes serviços que vem prestando no
combate à pandemia.
Em função da Lei dos Planos de Saúde Privados, dos
avanços socioeconômicos e da atuação da ANS (Agência Nacional de Saúde
Suplementar), os planos de saúde privados, mesmo sendo operados por pessoas
jurídicas com desenhos diferentes e que exigiam planos com particularidades
diferentes, foram ficando cada vez mais parecidos.
Uma das consequências mais perversas foi o quase que
desaparecimento dos planos individuais, massacrados por regras que praticamente
os inviabilizou. Em seu lugar surgiram os planos coletivos por adesão, figura
inexistente na lei, mas que veio ocupar uma lacuna importante, oferecendo
cobertura para os órfãos dos planos individuais.
O resultado é que até agora o setor oferecia planos
coletivos empresariais e planos coletivos por adesão com desenho praticamente
igual. Mas o cenário começa a mudar. E a mudança é benvinda, porque acende a
chama da concorrência, não apenas em cima de condições e preço, mas em função
de novos desenhos, focados em nichos de mercado, como público-alvo, idade,
novos desenhos de redes credenciadas, parcerias com prestadores de serviços,
telemedicina, participações dos beneficiários, etc.
Desde a entrada em vigor da Lei dos Planos de Saúde
Privados é a primeira vez que novas marcas começam a surgir em campanhas
publicitárias e em publicações especializadas, analisando e apontando as
diferenças, pontos fortes e fragilidades desses produtos diante dos desenhos
tradicionais. E isto é muito positivo.
Com certeza, neste momento, eles estão longe de serem uma
ameaça para os planos de saúde tradicionais e para as grandes operadoras de
planos de saúde privados brasileiros.
O simples fato de serem inovadores não garante a todos
eles a certeza do sucesso. Mas o importante é que sua chegada mostra que há
espaço para trabalhar um produto indispensável para a sociedade brasileira. Com
o uso de novas tecnologias, criatividade, foco e profissionalismo, estes planos
estão oferecendo soluções inéditas e que podem ser o caminho para o crescimento
do setor, até porque, entre outras coisas, mexem no preço do produto.
Fonte: Estadão / Autor: Antonio Penteado Mendonça
Gastos com planos atingem o maior patamar desde o início
da pandemia
Em julho, despesas para cobrir atendimento consumiram 82%
das receitas, chegando a R$ 13,5 bi; média por trimestre iguala período pré-Covid.
Fonte: Monitor Mercantil
Os gastos das operadoras de planos de saúde em julho
bateram recorde desde o começo da pandemia. Em julho, a sinistralidade, ou
seja, o índice que mostra quanto das receitas dos planos de saúde foi consumido
para cobrir as despesas com o atendimento dos beneficiários, atingiu 82%, o
maior desde que o coronavírus chegou ao Brasil. Os dados foram apresentados no
Boletim Covid-19 (julho), divulgado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar
(ANS).
A sinistralidade no segundo trimestre do ano e a projeção
para este terceiro trimestre ficam em 82%, sete pontos percentuais a mais que o
primeiro trimestre. Assim, o índice se iguala ao terceiro trimestre de 2019
(pré-pandemia).
A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) vê
com preocupação a escalada de gastos. Os números são reflexo do que o setor vem
falando desde o fim do ano passado: mesmo com a pandemia, já havia uma retomada
dos procedimentos não urgentes. Essas despesas, somadas aos gastos necessários
para o tratamento da Covid-19, desencadearam um alto índice de despesas às
operadoras de saúde, que podem comprometer financeiramente a operação de muitas
delas, sobretudo as de pequeno e médio portes, pondera a diretora executiva da
FenaSaúde, Vera Valente.
A FenaSaúde, que representa os 15 maiores grupos de
planos médicos e exclusivamente odontológicos do país, fez um levantamento
sobre o quanto essas operadoras já investiram para custear o tratamento de
Covid para seus beneficiários, de março de 2020 até junho deste ano. São R$
16,8 bilhões pagos a hospitais, laboratórios e profissionais de saúde somente
com exames de Covid e internações hospitalares (com ou sem necessidade de UTI).
Se forem considerados os atendimentos a pacientes com
outras doenças que não o novo coronavírus, esse valor passa de R$ 62 bilhões,
incluindo os custos de cirurgias eletivas e internações não Covid. Essa conta
não considera itens como terapias e consultas.
Vera Valente ainda faz mais uma ressalva em relação ao
futuro. A junção da diminuição das restrições sanitárias em muitos Estados
brasileiros com o aumento dos casos de Covid-19 ocasionados pela variante
Delta, infelizmente, vai obrigar muitas pessoas a procurarem atendimento
médico. Ou seja, a última metade do ano se projeta bastante preocupante para o
setor.
Os planos médicos de saúde ganharam 1,7 milhão de novos
beneficiários entre junho de 2020 e julho de 2021 em todo o país, segundo dados
da agência reguladora. Ou seja, a pandemia acentuou a necessidade dos
brasileiros de contarem com o atendimento de qualidade oferecido pelos
convênios médicos.
Estudo realizado pelo Instituto de Estudos de Saúde
Suplementar (Iess) mostrou que 84% dos beneficiários estão muito satisfeitos
com os planos de saúde. Em 2019, esse índice era de 80%. Dentre os quesitos
mais bem avaliados está o que se refere à cobertura dos planos de saúde, cuja
aprovação passou de 15%, em 2019, para 25%, em 2021.
Para a FenaSaúde, a melhora na aprovação se deve,
sobretudo, às iniciativas adotadas pelas operadoras de saúde no enfrentamento à
pandemia, com esforços constantes por salvar vidas, desde atendimentos de
emergência até o uso da telemedicina. Isso só foi possível graças ao
direcionamento de equipes e recursos para atendimento à Covid, capacitação,
treinamento, além de investimentos na ampliação de leitos e na construção de
novos hospitais, explica a diretora-executiva da FenaSaúde.
Engie negocia térmica de carvão por R$ 325 milhões
Fonte: Reset
Com tese de mobilizar capital para reduzir impacto
socioambiental negativo da usina, gestora negociava ativo desde fevereiro
A francesa Engie anunciou na noite de ontem a venda do
complexo de usinas térmicas a carvão de Jorge Lacerda para a gestora Fram
Capital, finalmente executando parte do seu plano de descarbonizar o portfólio
de ativos no país.
A gestora pagará até R$ 325 milhões por 100% do ativo,
que está localizado no município de Capivari de Baixo, no Sul de Santa
Catarina, sendo R$ 210 milhões no ato e R$ 115 milhões sujeitos a determinadas
condições previstas no contrato.
A venda do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda
possibilitará uma transição gradual para a economia da região Sul de Santa
Catarina, reduzindo potenciais impactos socioeconômicos locais quando comparada
a um processo de descontinuidade das operações, disse Eduardo Sattamini,
diretor-presidente da ENGIE Brasil Energia, em comunicado.
Caso não conseguisse vender a usina, a francesa tinha
planos de descomissioná-la e encerrar suas atividades em 2025, o que ameaçava
abrir uma crise social na região, onde cerca de 100 mil pessoas dependem
economicamente das atividades da usina e da mineração de carvão que a abastece.
Antiga e com tecnologias poluentes, seus contratos de
fornecimento expiram em 2028, fatores que desde o começo dificultaram a equação
para a negociação. A Engie colocou o ativo à venda pela primeira vez em 2017,
sem sucesso, e retomou o processo neste ano.
A Fram negociava a usina em regime de exclusividade desde
fevereiro, atraída pela possibilidade de mobilizar capital disposto a financiar
uma solução que reduzisse o impacto socioambiental negativo de Jorge Lacerda,
conforme mostrou o Reset.
Os cenários trabalhados pela gestora iam desde uma
extensão do prazo de funcionamento da usina por dois anos adicionais para gerar
recursos suficientes para pagar pela remediação ambiental do descomissionamento
até sua transição para uma fonte de energia menos poluente.
A Fram foi fundada em 2007 por Henry Gonzalez, um
ex-executivo do Santander, e tem como foco principal investimentos em private
equity.
Depois de vender Jorge Lacerda, a Engie ainda tem
pendente a negociação da térmica a carvão gaúcha de Pampa Sul para liquidar a
promessa de limpar sua matriz de geração no país, que hoje já provém 90% de
fontes renováveis. O plano faz parte de um compromisso global anunciado pela
francesa em 2016.
Eneva perfura em mais um bloco da oferta permanente
A Eneva iniciou, na última quarta-feira (25/8), a
perfuração do poço pioneiro (1-ENV-21-MA) do bloco PN-T-47, localizado na Bacia
do Parnaíba, segundo informações da ANP. O primeiro período exploratório deste
bloco vence em novembro de 2026.
O PN-T-47 foi adquirido no 1º Ciclo da Oferta Permanente,
realizado em 2019, junto com outros cinco blocos: PN-T-48A, PN-T-66, PN-T-67A,
PN-T-68 e PN-T-102A. Em julho deste ano, a Eneva solicitou, ao MME, o
enquadramento desses seis blocos como projetos prioritários de investimento na
área de infraestrutura de gás natural, de modo que a companhia possa emitir
debêntures visando o financiamento dos projetos.
A Eneva já realizou uma descoberta na área desses seis
blocos. Mais especificamente, no bloco PN-T-68, onde indícios de gás foram
encontrados no poço 1-ENV-13-MA em agosto do ano passado. Essa perfuração
foi a primeira realizada em área ofertada no 1º Ciclo da Oferta Permanente.
A petroleira é operadora de 25 blocos exploratórios, dos
quais 17 estão localizados na Bacia do Parnaíba. As oito áreas restantes foram
arrematadas no 2º Ciclo da Oferta Permanente, em 2020, sendo sete blocos
exploratórios nas bacias do Amazonas e Paraná e a área de acumulação marginal
de Juruá, na Bacia de Solimões.
Em seu portfólio, a Eneva tem ainda cinco campos
produtores (Gavião Real, Gavião Vermelho, Gavião Branco, Gavião Caboclo e
Gavião Azul) e quatro em desenvolvimento (Gavião Preto, Gavião Branco Norte,
Gavião Tesoura e Gavião Carijó). Esses nove ativos estão localizados na Bacia
do Parnaíba, região onde opera o Complexo Parnaíba (parque de geração
termelétrica com 2,8 GW de capacidade instalada). Há ainda o campo de Azulão,
no Amazonas.
Fonte: Revista Brasil Energia
Em manifesto, agronegócio diz que crescimento econômico
requer paz
Fonte: Poder360
Entidades do agronegócio publicaram um manifesto em
defesa da democracia nesta 2ª feira (30.ago.2021). O texto diz que o Brasil
precisa de paz e tranquilidade para ter um desenvolvimento socioeconômico
efetivo e sustentável. Para o setor, a crise institucional custa caro ao país.
O manifesto é assinado por 7 entidades representativas do
agronegócio e é mais duro que o manifesto da Fiesp (Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo) que provocou racha entre o governo e a Febraban (Federação
Brasileira de Bancos). O manifesto da Fiesp pede harmonia entre os Três Poderes
e teve a publicação adiada para depois do 7 de Setembro.
Segundo o setor, o texto foi elaborado devido à
preocupação com este momento de instabilidade político-econômica, social e
institucional pelo qual passa o Brasil. As entidades dizem no texto que estão
cumprindo o dever de se juntar a muitas outras vozes responsáveis, em
chamamento a que nossas lideranças se mostrem à altura do Brasil.
Lembrando que representam boa parte das exportações
brasileiras e geram milhões de empregos no país, as entidades do agronegócio
dizem que precisam de estabilidade, segurança jurídica, harmonia, liberdade e
do Estado Democrático de Direito para trabalhar. O desenvolvimento econômico e
social do Brasil, para ser efetivo e sustentável, requer paz e tranquilidade,
falam.
O manifesto também afirma que o Brasil não pode se
apresentar à comunidade internacional como uma sociedade permanentemente
tensionada em crises intermináveis ou em risco de retrocessos e rupturas
institucionais. E alerta: isto está nos custando caro e levará tempo para
reverter.
Assinam o texto Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), Abisolo (Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal), Abrapalma (Associação Brasileira de Produtores de Óleo de Palma), Ibá (Indústria Brasileira de Árvores), Sindiveg (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal) e CropLife Brasil.
Brasil pode ter severa crise energética, prejudicando PIB, diz Eurasia
Fonte: Estadão
A consultoria de risco Eurasia avalia que, se não chover
o suficiente para que o País volte à média histórica de precipitação, o Brasil
pode ter de enfrentar uma séria crise de geração de energia elétrica em 2022,
prejudicando o crescimento econômico esperado para o pós-pandemia e,
consequentemente, as chances do presidente Jair Bolsonaro de conquistar um
segundo mandato.
Nos últimos dias, o governo acendeu o sinal de alerta
para o setor de produção elétrica. Com uma das piores estiagens da história do
País, a preocupação dos técnicos é de que falte água nos reservatórios das
usinas hidrelétricas para sustentar a demanda por energia.
Segundo a consultoria avalia no relatório, publicado
hoje, a principal medida divulgada até então pelo governo, que é aumentar as
taxas da conta de luz, pode ser insuficiente para reduzir o consumo de energia
e desafogar a geração até novembro, mês em que está prevista a volta das
chuvas.
A expectativa é de que o governo deve anunciar um
acréscimo à bandeira vermelha 2 e propor uma bonificação aos clientes que
voluntariamente reduzirem a demanda. Com a inflação avançando, a opção do
governo foi por um aumento maior por um período mais curto. Para a Eurasia,
caso falte água nos reservatórios, há a possibilidade de faltar energia no
País, o que compromete o crescimento econômico e prejudica ainda mais os
índices de aprovação de Bolsonaro.
Ruptura
O relatório da Eurasia também reforça que o presidente
deve seguir inflamando seus apoiadores contra outras instituições, em especial,
o Supremo Tribunal Federal (STF), em antecipação às manifestações do dia 7 de
setembro. Nas últimas semanas, Bolsonaro tem ensaiado demonstrações de poder,
como o desfile militar em Brasília, ainda que o resultado tenha sido
frustrante. Sob pressão dos apoiadores para reagir a contratempos do Judiciário
e Legislativo, os incentivos que existem devem fomentar ataques à Justiça e à
imprensa.
Roubos a bancos no Brasil têm queda desde 2012
Fonte: Estadão
Os roubos a instituições financeiras mantêm tendência de
queda no País desde 2012, apesar de aumentos pontuais em 2015 e 2020. Há nove
anos, cinco bancos eram assaltados por dia no País. No ano passado, a média foi
de 1,4 roubo a cada 24 horas. Os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança
Pública.
Um levantamento feito pela Federação Brasileira de Bancos
(Febraban) mostra que o número de roubos em caixas eletrônicos também vem
caindo há pelo menos sete anos no Brasil. Segundo a instituição, houve 150 ataques
a esses equipamentos no primeiro semestre deste ano. No mesmo período do ano
passado, foram 255.
Apesar da redução, ataques pontuais e sofisticados
assustam principalmente a população de cidades no interior. Foi o que aconteceu
na madrugada desta segunda-feira. Este foi o primeiro roubo a banco registrado
na cidade de Araçatuba desde 2009. Até julho deste ano, 10 instituições
bancárias foram assaltadas em todo o Estado, de acordo com a SSP. No mesmo
período do ano passado foram 15. O número é muito menor que o anotado no início
da década. Em 2011, 153 bancos foram roubados nos sete primeiros meses do ano.
Jânia Perla Diógenes de Aquino, antropóloga e professora
da Universidade Federal do Ceará, diz que o investimento feito pelos bancos na
segurança das agências dificultou muito esse tipo de crime. Nos anos 1990 e
2000, os assaltos eram muito mais simples, com uso de arma de brinquedo ou no
formato de sequestros. Hoje, o treinamento de seguranças e a implementação de
cofres que só abrem em horários determinados impedem essa forma de crime.
O que se viu, portanto, foi uma sofisticação na forma de
roubar os bancos. No ataque realizado em Araçatuba, por exemplo, os criminosos
espalharam explosivos pela cidade. Foi um crime planejado, diz Jânia. Outra
característica do roubo desta segunda apontada pela pesquisadora é o uso de
reféns no capô dos veículos. Essa é uma técnica, segundo ela, para evitar tiros
que poderiam vir de prédios ou de helicópteros.
Renato Sérgio de Lima, sociólogo e presidente do Fórum
Brasileiro de Segurança Pública, diz que esse tipo de crime é incomum em
Araçatuba. A cidade abriga uma penitenciária e, por isso, tem instituições
policiais mais fortes, dificultando as ações criminosas. O especialista diz que
o assalto acende um alerta para as instituições pelo momento em que ocorreu,
próximo de manifestações marcadas para o dia 7 de setembro e na época em que o
projeto antiterrorismo foi resgatado na Câmara. Ele fala que o episódio ajuda a
contrapor a polícia e o governo, aumenta a sensação de pânico e cria desordem.
O ambiente está muito explosivo. Pode ser tudo uma grande coincidência, mas
casos como esse, que fogem à regra, precisam ser investigados, diz.
Para evitar que esse tipo de crime se repita, Lima cobra
mais eficiência dos serviços de inteligência. Se esse serviço estivesse
atuante, teria previsto a ação. O sociólogo fala que o clima de ruptura
institucional acaba afetando os profissionais da linha de frente. As polícias
ficam com medo de criar problema e acabam não cooperando entre si, o que
atrapalha muito o trabalho de inteligência.
Uma forma de antecipar ataques assim é investir em
apreensões de armamentos que, segundo ele, estão em queda. Um dos motivos para
a diminuição das apreensões, diz, é o apoio institucional ao acesso facilitado
a esses equipamentos. Quando você desestrutura o sistema que existe para
fiscalizar o porte de arma, fragiliza o combate à arma ilegal.
Lima diz que só o trabalho da polícia vai poder apontar
quem está por trás do assalto em Araçatuba. Para ele, pode ter sido obra tanto
da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) quanto de algum rival que esteja
querendo aproveitar o enfraquecimento do grupo para ganhar espaço na região. Em
nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que mantém 380 policiais na
busca pelos criminosos. Uma equipe do Grupo de Ações Tática Especiais está em
operação no município para o desmantelamento de 16 explosivos em pontos
diferentes.
Polícia Federal
A ocorrência, segundo a Secretaria de Segurança Pública
de São Paulo (SSP), será registrada e investigada pela Polícia Federal.
A secretaria destacou, porém, a prisão de 46 pessoas que
estariam envolvidas em roubos a banco no Estado, aumento de 142% em relação ao
ano anterior, segundo as autoridades de segurança. O órgão também disse que os
casos de roubos a banco em Ourinhos e Botucatu foram esclarecidos e parte das
quadrilhas está presa.
Um simples contêiner parado explica a crise do comércio
global
Fonte: Bloomberg
Em algum lugar no porto de Xangai, o mais movimentado do
mundo, um contêiner cheio de fertilizantes está entre dezenas de milhares de
caixas esperando uma carona para os EUA. O contêiner está no pátio há meses,
preso por tufões e surtos de Covid que agravaram o enorme congestionamento na
cadeia global de abastecimento.
O fertilizante está estacionado no local desde maio, mas
o porto é apenas uma escala na longa jornada do coração da China até a região
central dos EUA. Entregas que geralmente eram finalizadas em semanas hoje
demoram mais de um semestre. Esse prazo deve continuar aumentando porque a
mercadoria mal começou o percurso de 15.000 quilômetros.
Esta é a história de um mero contêiner e sua árdua
jornada ao redor do mundo. Algumas das barreiras que impedem sua chegada podem
ser específicas, mas sua trajetória é típica do que vem acontecendo no comércio
global durante a pandemia.
Território mapeado
Dos EUA ao Sudão e à China, há contêineres parados em
portos, ferrovias e armazéns enquanto a pandemia não dá trégua. O setor abrange
25 milhões de contêineres e aproximadamente 6.000 navios para transportá-los.
Cada contêiner atrasado retarda alguma atividade econômica, elevando custos
para os consumidores e dificultando a chegada de alimentos à mesa do consumidor
ou de presentes a tempo de celebrar o Natal.
O caso é um ensinamento sobre os efeitos em cascata nas
cadeias de suprimentos. A diversificação tem limites porque todas as redes
ainda estão intimamente ligadas à China.
Todos os caminhos levam à China e isso tem grande efeito
em toda a cadeia de abastecimento, disse Dawn Tiura, dirigente da Sourcing
Industry Group nos EUA. O congestionamento em um porto ou fábrica tem
implicações de longo alcance nas instalações vizinhas, que se espalham pelo
mundo.
Gasolina nunca foi tão cara no Brasil, mas por quê?
Entenda o que faz o preço disparar
Fonte: InfoMoney
Impactos do combustível a mais de R$ 7 por litro em
alguns estados ampliam a inflação e são sentidos no bolso do consumidor
Nunca foi tão caro encher o tanque. O preço médio do
litro da gasolina comum no Brasil chegou a R$ 5,955 na última semana, segundo
levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP) feito entre os dias 15 e 21, mas pôde ser encontrado acima de R$ 7 em
postos no Acre, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. O valor médio de agosto, R$
5,90, é o maior dos últimos 20 anos em termos nominais. Desde o início de 2021,
o combustível aumentou quase 28%.
Um dos principais motivos é a cotação do petróleo no
mercado internacional. O barril do tipo Brent, negociado em Londres e usado
pela Petrobras para cálculo de preço, aumentou quase 40% desde o início do ano,
pressionando os preços dos combustíveis fósseis em geral.
A Petrobras, que fornece para as distribuidoras, calcula
o preço nas refinarias com base na cotação do petróleo e na taxa de câmbio,
pois a commodity é cotada em dólar. Nesse sentido, a valorização da moeda
norte-americana, acumulada em 1,55% em 2021, também forçou para cima a
gasolina. A estatal aumentou o preço do combustível nove vezes somente neste
ano.
Depois de uma forte queda no início da pandemia de
Covid-19, resultado do desaquecimento da economia mundial e de uma disputa
entre Arábia Saudita e Rússia, que inundaram o mercado na ocasião, forçando os
preços para baixo, a cotação do petróleo voltou a subir conforme as atividades
econômicas foram sendo retomadas. Mas se o consumo de combustíveis cresceu, a
produção mundial não avançou no mesmo ritmo.
De acordo com informações da Agência Internacional de
Energia (AIE), a produção mundial de combustíveis estava em 92,3 milhões de
barris por dia no segundo trimestre de 2020, ao passo que a demanda era de 84,8
milhões de barris. No mesmo período de 2021, a procura aumentou para 96,7
milhões de barris diários, mas a produção ficou em 94,9 milhões de barris. Segundo
projeções da AIE, a produção mundial só deve voltar a ultrapassar a demanda no
primeiro trimestre de 2022.
Mas há outros fatores que podem influenciar na cotação do
petróleo, como um recrudescimento da pandemia, com a variante Delta, e riscos
geopolíticos, a exemplo de conflitos regionais. Não temos controle sobre esta
volatilidade, afirmou o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura de
Energia (CBIE), Pedro Rodrigues.
Na variação do câmbio, porém, o Brasil poderia ter mais
tranquilidade. A desvalorização do real ocorre por motivos externos e internos,
e entre estes fatores estão as incertezas sobre o futuro da pandemia, o
compromisso do governo com a reponsabilidade fiscal e a instabilidade política.
O peso do etanol
Outro item que contribui para o aumento da gasolina é o
preço do etanol. No Brasil o etanol hidratado é vendido como combustível nos
postos e o etanol anidro é misturado à gasolina na razão de 27%. Ambos estão em
alta.
O preço do etanol anidro amentou 5,18% no último
levantamento semanal feito em São Paulo pela Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz e Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada
(Esalq/Cepea), da Universidade de São Paulo (USP). No ano, a variação chega a
56,5%.
Uma das razões é o resultado da safra de cana-de-açúcar
2021/2022, que está abaixo da produção do ciclo anterior. O último levantamento
da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê redução de 9,5% na
colheita de cana e de 10,8% no volume total de etanol.
Na crise hídrica, uma das culturas mais afetadas é a da
cana. Ocorreram perdas grandes com a seca e com as geadas, disse o economista
André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas
(Ibre-FGV).
O etanol anidro está mais rentável para os usineiros do
que o hidratado, então mesmo com a quebra de safra houve aumento da produção do
primeiro e redução do último.
Houve, até́ a data do levantamento, priorização na
produção do álcool anidro, 10,8 bilhões [de litros], com crescimento de 5,9% em
relação ao ano anterior, em detrimento do hidratado, 18,3 bilhões, redução de
18,5% em razão da maior rentabilidade do anidro neste exercício, informa o
relatório da Conab.
O preço médio do etanol hidratado, vendido nos postos,
avançou 37% ao longo do ano e está em R$ 4,50, de acordo com a ANP. Além da
redução da produção, o próprio avanço do valor da gasolina influencia a
precificação.
De acordo com Rodrigues, do CBIE, o etanol hidratado
tende a aumentar quando a gasolina sobe, num ciclo que se retroalimenta. Os
preços nos postos são livres. Quando um produto concorrente sobe, [o dono do
posto] aumenta o outro também, comentou. A ANP pesquisa preços, mas não os
controla.
Para o consumidor economizar ao abastecer, considerando
as diferenças de desempenho dos automóveis com os dois combustíveis, o valor do
etanol hidratado tem que ser de até 70% o da gasolina. Se a preocupação é
ambiental, no entanto, não há o que discutir: o biocombustível é muito menos
poluente.
A composição do preço da gasolina
Segundo a ANP, o valor da gasolina nos postos de
combustível é composto da seguinte forma: preço do produtor da gasolina
(35,6%), que basicamente é a Petrobras; preço do etanol anidro (14,8%);
tributos federais como Cide, PIS/Pasep e Cofins (12,6%); tributos estaduais,
que é o ICMS (28,1%); e margem da distribuição e revenda (9%). Os percentuais
podem variar conforme o período e o estado de comercialização.
Os impostos são o item com maior peso no bolo,
principalmente o ICMS, que é estadual. Os governos sempre olham para a gasolina
como fonte de arrecadação, como na eletricidade, e não com olhar de políticas
públicas adequadas, observou Rodrigues. Segundo Braz, neste momento, porém, não
há margem para redução de tributos, pois os estados estão endividados e têm
pouca capacidade de investimentos.
Na avaliação dos analistas, não existem alternativas de
curto prazo para segurar o preço da gasolina. Na visão de Rodrigues, porém, os
governo podem promover iniciativas para atender determinados segmentos da
população usando recursos do Tesouro, como é o caso do Vale Gás, em São Paulo,
que transfere dinheiro para famílias vulneráveis comprarem gás de cozinha. Para
Braz, as soluções são de longo prazo, como a construção de novas refinarias.
O governo pode intervir?
No passado, o governo costumava intervir no preço da
gasolina por meio da Petrobras. Na avaliação de analistas, porém, a prática não
é recomendável. Vale lembrar que a petrolífera, apesar de estatal, é uma
companhia de capital aberto, e eventuais intervenções podem causar prejuízos
aos demais acionistas.
Sempre que o governo tentou dissociar a política de
preços das leis do mercado, criou ineficiências no setor e na remuneração do
capital privado, que espera ganhar rentabilidade. Com o represamento [de
preços], isso se transforma em prejuízo, observou Braz.
Segundo os economistas, intervenções inibem investimentos
não só na Petrobras, mas no setor como um todo. Expulsam os investidores e
alguém vai ter que pagar a conta, declarou Rodrigues. Exemplo disso é o baixo
número de refinarias no País (18), em comparação com os Estados Unidos, por
medo do governo. São 160 nos EUA, ressaltou.
Em fevereiro deste ano, em meio à escalada de preços, o
presidente Jair Bolsonaro trocou o comando da Petrobras, anunciando pelas suas
redes sociais que o general Joaquim Silva e Luna substituiria Roberto Castello
Branco, que então ocupava a presidência da estatal. Isso fez as ações da
empresa despencarem, foram quatro meses até que os papéis da companhia
retornassem ao patamar anterior à mudança.
Os impactos na inflação
Assim como a gasolina, e por fatores semelhantes, o preço
médio do gás liquefeito de petróleo (GLP), o de botijão, aumentou 21,5% desde
janeiro, para R$ 94,40 em agosto. Em estados como Mato Grosso e Pará, chega
a R$ 130. São itens que têm participação importante no Índice de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA), o indicador oficial de inflação do Brasil, medido pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ou seja, além de doer no bolso na hora de abastecer o
carro ou de cozinhar, os aumentos dos preços dos combustíveis se refletem
diretamente na inflação, que neste ano, até julho, era de 4,76%. Gás e gasolina
estão entre os itens que mais contribuíram para o avanço do índice.
Isso porque, além do impacto direto, há também efeitos
indiretos. Assim como a gasolina e o etanol, o preço médio do diesel também
está em alta de quase 25% desde janeiro, e a maior parte dos transportes de
carga e coletivos do país depende deste combustível. Conclusão: ele força para
cima o custo das mercadorias e da mobilidade.
O aumento do diesel é até mais perigoso. A gasolina afeta orçamento familiar, mas o diesel pesa no escoamento de produtos, no frete e no ônibus urbano, observou Braz. Pode fazer até os produtos da feira livre subirem.
Acesse as edições mais recentes das publicações do mercado:
Revista Apólice: https://www.revistaapolice.com.br/2021/05/edicao-265/
Revista Cobertura: https://www.revistacobertura.com.br/revistas/revista-cobertura/revista-cobertura-edicao-231/#2
Revista Segurador Brasil: https://issuu.com/revistaseguradorbrasil/docs/segurador_166_
Revista Seguro Total: https://revistasegurototal.com.br/2021/06/14/mercados-de-vida-e-previdencia-apresentam-crescimento/
Revista Insurance Corp:
Caderno de Seguros: https://cnseg.org.br/publicacoes/revista-de-seguros-n-916.html
Revista Brasil Energia: https://editorabrasilenergia.com.br/wp-content/uploads/sites/1/flips/129726/Bia469v3/2/index.html
Relatório 2020 da CNseg (destaca os seus projetos e ações em ano desafiador): https://cnseg.org.br/noticias/relatorio-2020-da-cnseg-destaca-os-seus-projetos-e-acoes-em-ano-desafiador.html
2021 / CNseg: O Setor de Seguros Brasileiro: https://cnseg.org.br/publicacoes/o-setor-de-seguros-brasileiro-folder-2021.html