Open Insurance: Brasil Na Dianteira
06, Out. 2021
Brasil é o primeiro país do mundo a regulamentar o Open
Insurance
Novas oportunidades para corretores, que são consultores
financeiros dos clientes
Fonte: CNseg / Sonho Seguro
O open insurance é visto com bons olhos pelos
seguradores, uma vez que tem o objetivo de aumentar a inclusão securitária. No
entanto, ainda precisa ser bem debatido, devido ao fato de o Brasil ser o
primeiro país do mundo a criar a regulação desse mercado de seguros aberto.
Esta foi a tônica da discussão do painel Open Insurance / Desafios da
implementação, realizado hoje na Conseguro 2021.
Participaram do painel, moderado por Alexandre Leal,
diretor executivo da CNseg, os palestrantes Chen Wei Chi, sócio de
Transformação Digital e Inovação para Serviços Financeiros da EY; Leonardo
Brasil, chefe de Departamento de Tecnologia da Informação da Superintendência
de Seguros Privados (Susep); Thiago Barata, coordenador de Projetos do Open
Insurance da Susep. Entre os debatedores, os conselheiros da estrutura inicial
responsável pela governança de implementação do Open Insurance: Danilo
Silveira, Diretor Executivo da FenSeg; João Batista Mendes Angelo, presidente da
Comissão de Produto por Sobrevivência da FenaPrevi e diretor de Produtos da
Zurich Santander; Marcio Coutinho Teixeira de Carvalho, diretor da Capemisa
Capitalização; e Rodrigo Ventura, fundador e presidente do Conselho da 88i
Seguradora Digital.
Alexandre Leal abriu o debate afirmando que a
implementação do open insurance é um grande desafio e, por isso, requer muitas
discussões e discernimento. Mas sua implementação também traz grandes
oportunidades. Na opinião dele, a governança está entre as principais preocupações,
assim como a proteção de dados dos clientes.
Outro ponto relevante do debate foi a participação do
corretor nesse processo. Todos os participantes avaliaram que o corretor, que é
uma figura central na distribuição dos produtos, por atuar como conselheiro
financeiro do cliente, terá grandes oportunidades com o crescimento do mercado.
Tanto que colocamos em audiência pública a criação da figura da Sociedade
Iniciadora de Serviços de Seguros (Siss). A idéia é que qualquer que seja o
intermediário esteja dentro deste conceito, seja fintech, insurtech ou
varejista, explicou Thiago Barata, da Susep. Segundo ele, a normativa
pretendida se aproxima do que é criado pelo open banking, com as iniciadoras de
pagamentos.
Barata reforçou que o open insurance significa criar o
ambiente para que consumidores e seguradoras acessem e compartilhem dados, de
forma segura e conveniente. Estes dados serão usados para desenvolver produtos
e serviços inovadores para o consumidor de seguro e de previdência, além de integrá-lo
ao open banking. Trata-se de um processo inevitável. Acontece no mundo
todo e em todos os segmentos da economia. Nos baseamos em experiências de
outros países, como Inglaterra, China, Estados Unidos, México. Temos trabalhado
próximo ao Banco Central, buscando alinhamento com o open banking, disse.
Leonardo Brasil lembrou que o open insurance é uma
iniciativa inovadora, que apresenta grandes desafios. Um deles é a
conectividade, uma vez que existem hoje diferentes ambientes tecnológicos nas
empresas. Como isso vai ser padronizado, para que as conexões sejam feitas de
forma moderna, rápida e segura, certamente é um desafio, bem como construir as
plataformas que criarão um ecossistema com outros players. Como fazer esta
integração é um dos pontos que vai exigir mais atenção de todos.
Brasil afirmou que o open banking exige altos padrões de
segurança do sistema bancário, o que deverá ocorrer também no setor de seguros.
Outro desafio é como mostrar ao consumidor as vantagens deste sistema. Neste
aspecto, completou, o corretor será um importante aliado, que pode atuar de
forma consultiva. Assim, em vez de atropelados pela onda, poderemos surfar,
afirmou.
Brasil é pioneiro em open insurance
Segundo Chen Wei Chi, o Brasil é pioneiro na
implementação do open insurance. Trata-se do primeiro modelo regulado em open
insurance no mundo. O fato é que estamos todos olhando para open banking, o que
significa que não precisamos recriar a roda, afirmou. Para ele, como o open
banking já está acontecendo, será possível usar esta experiência para evitar
problemas no open insurance.
Chen Wei Chi comparou o atual momento aos anos 1990,
quando surgiu a internet. Segundo ele, ainda não sabemos as dificuldades, mas
temos certeza de que em alguns anos teremos um novo mercado, com o cliente no
centro da estratégia de todos, o que muda a forma de distribuição, os produtos
e serviços, além do entendimento do cliente.
Para Danilo Silveira, o atual cenário exige humildade de
todos. Precisamos ter a grandeza de corrigir equívocos rapidamente. Avançar e
recuar de forma competente e rápida, disse. Segundo ele, o cronograma é muito
apertado, mas as seguradoras terão que atentar para diversos aspectos, como o
da concorrência, por exemplo. Temos que pensar em servir os que já consomem
seguros e também em trazer novos consumidores para este modelo de negócios, que
não tem regras definitivas, para podermos torná-lo mais adequado para todos os
participantes desta cadeia, disse.
A expectativa de João Batista Mendes Angelo é de que os
principais atores deste mercado sejam relevantes na construção da
regulamentação. Desejamos que toda esta inserção e criação de ambiente novo se
faça somando atores e garantido a preservação daqueles que trouxeram as
operações de seguros ao estágio que estão hoje, pontuou. Para ele, existe uma
certa preocupação sobre como garantir a integração dos corretores a este
processo de open insurance.
Como inserir pessoas de menor renda, pouco educadas
financeiramente, é um dos principais desafios, na visão de Marcio Coutinho
Teixeira de Carvalho. Como o consumidor, num país tão diversos como o Brasil,
vai aderir a esta estrutura? Todos nós queremos a multiplicação do setor, mas
temos outros desafios como colocar o produto na mão do consumidor. Temos
condições de fazer umbenchmarking com produtos e estrutura, mas não com o comportamento
dos consumidores, que diferem de acordo com cada região do país, disse.
Já Rodrigo Ventura afirmou que vislumbra um cenário de
grande crescimento do setor de seguros nos próximos anos. Temos uma
oportunidade fabulosa, um oceano azul, em que pessoas das classes C e D, estão
à margem do mercado segurador, disse. Na opinião dele o Brasil tem muito para
crescer.
De acordo com Ventura, na China, em 2006, o setor
segurador equivalia a um terço do mercado brasileiro. Hoje, é três vezes o
tamanho do setor no Brasil. Esse crescimento exponencial se deu através do
digital. A explosão aconteceu por meio de diversos ecossistemas, impulsionados
pelo governo. Acredito que isso vai acontecer aqui no Brasil. Somamos sinergias
e avançamos juntos. Estamos num momento de transformação, disse.
Ventura lembrou que, com o surgimento da internet, todos
diziam que os Correios iriam acabar, mas o negócio de entregas se transformou
em e-commerce. O corretor vai morrer? Claro que não. Há muitas oportunidades,
como se transformar em influenciador digital, disse. A internet também muda a
experiência do cliente e torna o mercado muito mais inclusivo. As fintechs
criaram acesso a serviços financeiros para uma grande parcela da população. E o
mesmo vai acontecer em seguros, completou.
Susep abre consulta sobre nova figura de seguros
Sociedade iniciadora de serviços de seguros terá papel
semelhante ao iniciador de pagamentos no sistema financeiro
Fonte: Valor Econômico
A Superintendência de Seguros Privados (Susep) iniciou
uma consulta pública sobre credenciamento e funcionamento das sociedades
iniciadoras de serviço de seguro (Siss), uma nova figura do mercado trazida no
projeto do open insurance, ou seja, o sistema de compartilhamento de dados e
operações do setor, que tem a primeira fase prevista para 15 de dezembro. A
consulta fica aberta até o fim do mês.
Segundo a autarquia, no modelo proposto, seguradoras,
corretores e corretoras poderão constituir ou se transformar em Siss. As
seguradoras poderão exercer algumas atividades oferecidas pelas sociedades
iniciadoras ou constituir empresa com propósito específico de exercer essas
atividades de iniciação de serviços. Já os corretores de seguros também poderão
constituir ou se transformar em iniciadoras, na medida em que atendam aos requisitos
de capital e segurança cibernética, entre outros estabelecidos na resolução.
A minuta colocada em consulta pública indica que as
sociedades iniciadoras, como participantes obrigatórias no open insurance,
devem ser credenciadas pela Susep e constituídas sob a forma de sociedade
anônima. Deverão ter a prestação de serviço de iniciação de movimentação no
open insurance como objeto social exclusivo ou ser uma instituição iniciadora
de transação de pagamento devidamente autorizada, nos termos da regulamentação
do open banking.
A norma exige que as sociedades iniciadoras tenham
patrimônio líquido superior a R$ 1 milhão, além de seguir regras de governança,
de sigilo de dados e segurança cibernética, de modo semelhante às exigidas para
as sociedades seguradoras e atreladas à Lei Geral de Proteção de Dados. A norma
estabelece sanções e penalidades para hipóteses de descumprimento das regras do
open insurance pelas Siss, com a previsão de multas que podem chegar a R$ 600
mil por infração.
O serviço de iniciação de movimentação só pode ser feito
se ordenado pelo cliente. Isso também inclui a iniciação de procedimentos
relacionados à contratação de seguro, de plano de previdência complementar
aberta ou de título de capitalização, endosso, resgate ou portabilidade de
plano de previdência ou de capitalização, pagamento de sorteio, aviso de
sinistro, entre outros, aponta o regulador.
Para a superintendente da Susep, Solange Vieira, a Siss
aparece no ambiente open como um prestador de serviço que, há muito, vem sendo
utilizado pelo mercado de seguros, as insurtechs. A grande diferença é que a
Siss é obrigada a operar em um ambiente aberto e interligar todos os atores,
sem restrições ou escolhas, explica a executiva.
Onda crescente de ataques cibernéticos movimenta mercado
de seguros
Fonte: CQCS
O número de ataques de hackers aumentou nos últimos meses
e acendeu a luz vermelha nas empresas, que agora correm contra o tempo na busca
por formas concretas de proteção aos seus sistemas e dados. O Brasil tem sido
um dos principais alvos globais. De acordo com levantamento da consultoria
alemã Roland Berger, só este ano serão cerca de 9 milhões de ocorrências. Uma
das primeiras alternativas para aumentar essa segurança é, sem dúvida, a
contratação de um seguro contra riscos cibernéticos, o chamado seguro cyber
risk.
Os primeiros ataques cibernéticos aconteceram em 2007, na
Estônia, onde sites públicos e noticiários ficaram fora do ar, afetando o
governo e, principalmente, prejudicando a população. Já em 2017, um ataque
global atingiu computadores de mais de cem países, aumentando a curiosidade de
instituições e empresas por seguros que pudessem garantir perdas contra esse
tipo de crime. Até então, este era um mercado ainda irrelevante no Brasil.
Inicialmente, as seguradoras enxergaram um produto
interessante, ofereceram coberturas amplas, porém não houve demanda. Hoje, o
cenário é outro. As empresas procuram por apólices de seguros cibernéticos que
possam minimizar os prejuízos decorrentes do vazamento de dados, por exemplo. A
LGPD e as sanções nelas previstas, aliadas ao agravamento desses riscos pelo
incremento do home office na pandemia, deram o impulso final para que o produto
passasse a ser altamente procurado, num curto período.
Assim como as empresas seguradas, as seguradoras estão
confusas e buscam um caminho que as impeçam de garantir riscos em demasia.
Os programas de seguro, que hoje contam com apólices
referentes a vários riscos (como patrimônio físico, interrupção de operações,
responsabilidade civil, vida, transporte, etc.), precisam ser revistos à luz
dos desafios cibernéticos. Como todos sabem (menos a Susep), as seguradoras
atuam com contratos padronizados. Por isso, os requisitos de cobertura das
apólices de cyber risks precisam ser muito bem definidos, e até sofrer alterações
em algumas cláusulas a depender do ramo de atividade do segurado, para
minimizar erros e evitar problemas futuros, caso ocorra um sinistro garantido.
O seguro cibernético tem por objetivo garantir, ao mesmo
tempo, riscos patrimoniais e responsabilidade civil. Sua cobertura é específica
e, por envolver questões tecnológicas, as ameaças são constantemente alteradas,
com velocidade que provavelmente não se equipara a nenhum outro tipo de seguro.
A contratação exige que o segurado adote medidas para
estar sempre em cumprimento aos rígidos padrões de segurança no tratamento de
dados, daí a importância de se contar com profissionais da área de tecnologia,
inclusive corretores de seguro especializados no tema.
Dificilmente os executivos conseguirão definir as
coberturas que suas empresas precisam, seguindo apenas os dados técnicos
solicitados nos questionários das seguradoras. As coberturas são variadas,
podendo garantir desde o pagamento para resgate de dados por extorsão de
hackers (geralmente feito por criptomoedas, o que torna eventual pagamento
ainda mais complexo), passando por despesas para contenção de vazamento de
dados, comunicação aos usuários, custos de defesa, condenações cíveis por danos
a usuários e até multas administrativas aplicadas pelas autoridades, dentre
outras.
O fato é que as seguradoras vêm aumentando as exigências
para a contratação desse tipo de apólice, que deve sofrer mudanças nos próximos
anos, devido ao incremento de ameaças externas e possível aumento das sanções
aplicadas no Brasil pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). A
complexidade da formação desse produto exigirá um trabalho de parceria entre
seguradora, corretores e segurados.
O mais curioso, contudo, é que ninguém está imune a tais
riscos, nem mesmo as seguradoras, que começam a deixar de ser apenas
garantidoras e passam a ser vítimas. Esta é uma realidade que já ocorre no
mercado internacional.
Recentemente, hackers atacaram duas seguradoras
relevantes: a CNA, que pagou US$ 40 milhões de resgate para voltar a ter acesso
aos dados de seus segurados, e a AXA, uma das maiores do mundo e cada vez mais
atuante no Brasil.
Curiosamente, as seguradoras são alvos convidativos para
os hackers, pois o acesso aos dados dos clientes que contrataram apólices cyber
risks permite uma verdadeira lista de potenciais novas vítimas, com a certeza
de que estas terão uma seguradora robusta por trás, garantindo, por exemplo, os
custos de resgate.
Por outro lado, tamanha a lista de exigências de
segurança no tratamento de dados feitas pelas seguradoras aos segurados para
aceitação dos riscos cibernéticos, é bem possível que a invasão aos sistemas
dessas empresas seja até mesmo evitada, ante a provável dificuldade de
rompimento de seus mecanismos de segurança e treinamento de funcionários no
tratamento de dados.
Seja como for, enquanto o produto está se ajustando no
Brasil, há questões complexas que deixam a discussão ainda mais cinzenta. O que
fica claro é que os ataques podem ocorrer a qualquer empresa, independentemente
do porte. É preciso contar com uma equipe multidisciplinar que contemple
corretores de seguros especializados em cyber, advogados especialistas em
seguros de grandes riscos complexos, profissionais de TI e tratamento de dados,
além de relações públicas de crise, agentes de inteligência e até negociadores.
Todo esforço é válido para diminuir os riscos, mas com a
certeza de que nunca haverá garantia de que uma invasão ou vazamento poderá ser
impedido.
Autor: Pedro Ivo Mello é advogado especialista em seguros
e resseguros e sócio do escritório Raphael Miranda Advogados
Empresas portuguesas, espanholas e francesas abrem guerra
às seguradoras
Inquéritos recentes mostram inquietação de gestores de
risco em Espanha e França. Empresas portuguesas, como Efacec e Jerónimo
Martins, também apontam dureza e insuficiências da oferta seguradora.
Mais de uma dezena de grupos empresariais espanhóis, sete
dos quais cotados em bolsa, integram um grupo de trabalho criado para analisar
e encontrar saídas para o que consideram ser uma falta de soluções e
inexistência de respostas adequadas no mercado segurador.
Queixam-se de não encontrar, nem em Espanha nem no
mercado internacional, as coberturas de seguros de que necessitam. Além disso,
afirmam em uníssono: os preços dos seguros estão subir muito. As críticas são
igualmente assumidas por responsáveis de empresas portuguesas.
Em Espanha, o descontentamento é encabeçado pela Agers e
Igrea, e inclui entre outras empresas, banco Santander, Telefónica, Repsol,
Naturgy, Red Eléctrica, Ferrovial e ArcelorMittal todas cotadas no mercado
acionista, mais Cepsa, El Corte Inglés, Gamesa, Sacyr e o grupo San José.
Segundo noticiou o jornal Expansión estas empresas tiveram uma reunião para
constituir um grupo de trabalho e traçar uma estratégia comum para lidar com o
que designam endurecimento excessivo do ambiente de mercado (hardening, na
gíria de seguros), com aumentos indiscriminados de preços e restrições de
cobertura e capacidade, cita o portal Aseguranza afirmando que o movimento é
encabeçado por associações de gestores de risco (Agers e Igrea).
Em comunicado conjunto, a Asociación Española de Gerencia
de Riesgos y Seguros (Agers) e a Iniciativa de Gerentes de Riesgo Españoles e
Associados (Igrea), confirmam ter tomado a liderança da iniciativa e afirmam
que o grupo de trabalho (já formado) assume missão de responder às inquietações
dos empresários. Querem assim, iniciar um diálogo, com autoridades e organismo
regulador, para analisar os inconvenientes apontados e resolvê-los através de
soluções possíveis, incluindo recurso a companhias cativas ou outras.
Alicia Soler (diretora executiva da Agers) e Javier Navas
(diretor e presidente da Igrea) prestarão apoio técnico e logístico ao grupo de
trabalho para que consigam coordenação adequada às diligências, nomeadamente a
realização de painéis de colaboração entre seguradoras, corretoras, gestores
independentes de companhias cativas (seguradoras criadas no interior das
organizações para a transferência dos seus próprios riscos), peritos em
fiscalidade, finanças e legalidade, e com o próprio regulador (DGSFP), Direção
Geral de Seguros e Pensões, que funciona sob tutela do Ministério Espanhol da
Economia e Finanças.
Gestores portugueses desferem críticas aos seguros
O descontentamento parece ganhar uma dimensão ibérica. A
insatisfação ficou documentada num inquérito da série Risk Frontiers Europe,
com saldo de opiniões recolhidas junto de empresas em diversos setores que se
deparam com dificuldades acrescidas para contratar coberturas D&O, seguros
gerais e coberturas cyber. Além de queixas de endurecimento nos preços (na
renovação de seguros), referem-se restrições de capacidade e omissão de
determinadas coberturas (como vandalismo) que, dizem, anteriormente eram fáceis
de incluir nas apólices de propriedade e danos (P&C).
Numa notícia que alude ao inquérito, outros executivos
(alguns de empresas portuguesas) atiram mais críticas ao mercado segurador.
Citados na Commercial Risk online (artigo em inglês, acesso gratuito), Luís
Campilho, responsável financeiro da Efacec, Jorge Neto, responsável da área de
seguros no grupo Jerónimo Martins juntam-se a Lourdes Freiría, assessora da
Igrea e diretora de risco e seguros na construtora SanJosé num rol de críticas
sobre preços e dificuldades de contratação, incluindo certas coberturas
necessárias em operações internacionais.
Perante uma problemática que parece agravar-se neste
período de pós-pandemia, as empresas espanholas ponderam soluções como
autosseguro (através de cativas), transferir os riscos para o balanço através
de franquias nas apólices ou até transferir risco para o mercado asiático,
acrescenta o portal Aseguranza.
França confirma cenário de endurecimento
O sentimento de preocupação é similar entre o
empresariado francês. Um relatório acabado de publicar pela Amrae (Association
pour le Management des Risques et des Assurances de l’Entreprise), entidade que
junta 1500 membros, representando mais de 750 organizações públicas e privadas,
confirma a realidade de subida tarifária, agravado por aumento das franquias e
restrição nas extensões das coberturas de seguros.
O relatório État du Marché & Perspectives 2022,
Assurances des Entreprises dá testemunho de pressão crescente no mercado de
seguros de propriedade e danos. A principal conclusão do estudo indica que 90%,
de uma amostra composta por 65 empresas participantes no inquérito da Amrae,
declara confrontar-se com aumento de preços nos seguros. O incremento tarifário
continua tendência altista vinda de 2019 e 2020, nota o estudo realizado em
colaboração com as corretoras Marsh, Aon, Diot, Siaci Saint Honoré e Verlingue.
As grandes empresas perspectivam que, em 2022, os prémios
dos seus seguros (P&C) terão agravamento de 10% a 50%. Nos casos mais
sensíveis, regiões mais expostas a eventos catastróficos, atividades em que se
evidencie uma deriva da sinistralidade, o aumento de preços poderá situar-se
entre 70% e 80%, consoante a graduação dos riscos. O acesso a coberturas contra
ciberataques, por exemplo, está a tornar-se particularmente complicado.
Pela primeira vez em cerca de 20 anos, todos seguros vão
aumentar em todas as seguradoras, pressionando as margens de negócio de muitas
empresas, adverte Léopold Larios de Piña, vice-presidente da Amrae.
Numa referência às conclusões do relatório, o jornal Le
Figaro afirma que, com a aproximação da campanha de renovação dos contratos de
seguro, as empresas vão confrontar-se com aumentos vertiginosos nos preços dos
seguros.
Fonte: ECO Seguros
CRISE ENERGÉTICA
A crise energética global é só a ponta do iceberg
Uma crise energética global e cadeias de suprimentos
desorganizadas têm elevado a inflação ao redor do planeta. Como se não
bastasse, o Brasil absorve esse cenário agregando seus próprios problemas
Em 1760, o falido George III, rei da Inglaterra, chegou a
um acordo com o parlamento britânico para entregar todas as suas posses,
incluindo terras e outros direitos, em troca de uma mesada anual.
O acordo feito por George criou o chamado Crown Estate, e
tem sido prorrogado por todos os monarcas que o sucederam, incluindo Elizabeth
II.
Atualmente, as terras e direitos estão avaliadas em cerca
de 14,5 bilhões de libras, gerando 350 milhões anuais de lucro, com cerca de
15% indo para a rainha e o restante ficando com o governo.
Nos últimos anos, além de shoppings e condomínios
residenciais, o administrador dos bens da família real têm ganhado dinheiro
graças a um direito considerado inútil na época da criação do acordo: o leito
marinho.
Em teoria, todo o leito marinho britânico pertence a
rainha Elizabeth II, o que faz dela a maior beneficiária de uma nova
tecnologia: as usinas eólicas off-shore.
De fato, nenhum país do mundo tem investido tanto em
usinas eólicas em alto-mar como o Reino Unido, com 8% de toda energia instalada
sendo provida por essa fonte, que rende a rainha 41 milhões em lucros todos os
anos.
A meta do Reino Unido é chegar a 33% em 2030. E uma
possível meta de 80% da energia sendo provida por geração eólica offshore em
2050 está sendo considerada.
O problema? A crise energética no Reino Unido atual ajuda
a expor a fragilidade causada por essa dependência.
Fontes de geração eólica e solar são essencialmente
fontes intermitentes de energia, o que significa que funcionam em horários não
previsíveis e podem parar de funcionar sem aviso.
No último ano, a geração eólica chegou a representar 25%
de toda geração no Reino Unido. Neste verão, época em que o consumo aumenta e
os ventos diminuem, a geração eólica caiu para 7% do total, levando a ao
aumento da demanda da importação de gás.
O preço do gás no mercado internacional, porém, está
explodindo na medida em que a recuperação econômica da pandemia se mostra mais
rápida do que o esperado. Neste ano, o gás natural chegou a subir 400% no
mercado internacional, provocando um aumento de 250% no preço da energia.
A crise se estende também por conta do aumento da demanda
do petróleo que, por sua vez, provoca desabastecimento, além de efeitos
perversos na produção de alimentos, dependente de fertilizantes.
Do outro lado do Canal da Mancha, na França, problemas
similares têm ocorrido. A diferença é que os franceses possuem produção elevada
de energia nuclear, o que reduz os danos de um aumento na energia.
Na Alemanha, também dependente de importação de gás, a
energia já subiu cerca de 113%.
Na Ásia, onde a recuperação econômica foi ainda mais
ágil, a pressão sobre a indústria está sendo dupla: a crise energética e uma
cadeia de suprimentos bagunçada.
A China busca lidar com o problema aumentando sua
produção de carvão, a fonte mais poluente de todas, mas os fechamentos de
fábricas já estão ocorrendo.
Uma crise da indústria de semicondutores também afeta o
crescimento global, com as duas crises somadas gerando o pior cenário econômico
possível: redução de crescimento econômico e aumento da inflação.
A possibilidade de crescimento zero no terceiro trimestre
afeta, em especial, a China. Mas essa hipótese tem se espalhado ao redor do
planeta por meio da queda no preço de commodities como o minério de ferro.
Esse cenário é preocupante para o Brasil.
Por aqui, estamos lidando com nossa própria crise: a
dependência de chuvas. Não é um problema novo.
A hidrelétrica de Belo Monte, por exemplo, possui uma
capacidade instalada de 11.200 Mw, mas viu sua geração variar entre 6.800 Mw,
em fevereiro, e 280 Mw em outubro (dados de 2019).
Em resumo, nossos problemas nessa área não são novos, de
maneira que a crise energética brasileira também não chega a ser nova.
A grande questão, em meio a bagunça global, é a posição
do Brasil no mundo. Não estamos no lado das commodities ligadas à energia
(petróleo e gás), mas sim daquelas que possuem forte ligação com crescimento
econômico (soja, carne e minério de ferro).
Com uma redução do preço do minério de ferro, nossas
exportações caem, pressionando o dólar, o que por sua vez eleva o preço em Real
e puxa a inflação brasileira para cima.
Ao mesmo tempo, commodities como o petróleo possuem
grande impacto no índice de inflação brasileiro.
Por conta da alta no barril de petróleo lá fora e da
desvalorização do Real, a gasolina já subiu cerca de 45% no ano até aqui.
A bagunça generalizada nas linhas de suprimentos também
pressiona o Brasil.
Por conta da pandemia, que levou as pessoas a ficarem em
casa e aumentarem o consumo de eletrônicos (vendas de computadores e
eletrônicos globais cresceram 26% em 2020), além de uma guerra comercial entre
a China e os Estados Unidos, que tirou de cena a maior fabricante chinesa de
semicondutores, boa parte das indústrias tem reduzido sua produção.
Em suma, a demanda segue crescendo na medida em que as
pessoas estão retomando sua vida cotidiana por conta da vacinação. Mas a oferta
tem sido reduzida.
A indústria de automóveis, em especial, tem sido obrigada
a fechar fábricas. Assim como a produção de smartphones e outros eletrônicos.
A retomada econômica pressiona cadeias de produção
incapazes de atender seus consumidores, o que causa um efeito chamado de choque
de oferta. Ao mesmo tempo, condições climáticas e dependência de fontes
intermitentes levam a uma instabilidade energética poucas vezes vistas.
Na soma de tudo, o mundo tem visto a inflação crescer de
maneira galopante.
Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e mesmo o Brasil
estão com seus índices de inflação bastante acima da meta.
Isso acaba por corroer a renda, reduzindo o efeito que
uma geração de empregos positiva, como no Brasil atual (com 2,2 milhões de
empregos gerados até agosto) possa ter a médio e longo prazo.
Para os bancos centrais, tal inflação é fruto dessa
bagunça e, portanto, transitória. Na prática, o mundo está promovendo uma
transição energética em velocidade nunca vista, o que eleva a instabilidade e
deixa cenários como o atual mais propensos.
O problema é que os BCs também possuem sua parcela de
responsabilidade. No nosso caso, o Banco Central reduziu as taxas de juros de
forma acelerada. Agora ele se vê obrigado a correr atrás da meta, gerando uma
alta de preços em um momento onde todo o planeta já está instável.
Além de elevar a meta de inflação, o BC brasileiro também
rebaixou a expectativa de crescimento. O PIB brasileiro, que alguns acreditavam
poder crescer 7% esse ano, parece cada vez mais longe de atingir esse valor.
Como se fosse pouco, não devemos esquecer que o próximo
ano será repleto de tensões eleitorais por aqui, um ambiente que, via de regra,
já não favorece o câmbio.
Há inúmeros fatores ou interesses políticos que podem
decorrer deste cenário global tão complicado. Para cada um deles, o Brasil
parece ter um complicador próprio.
Em todo caso, convém ter precaução, ainda que a nível
individual.
Fonte: InfoMoney / Autor: Felippe Hermes é jornalista e
co-fundador do Spotniks.com
Crise energética mostra fragilidade de era da energia
limpa
Fonte: Bloomberg
O mundo enfrenta a primeira grande crise resultante da
transição para a energia limpa. Não será a última.
A escassez que abala os mercados de gás natural e
eletricidade do Reino Unido à China coincide com a retomada da demanda após as
restrições da pandemia. Mas o planeta tem enfrentado mercados de energia
voláteis e escassez de oferta há décadas. A diferença agora é que as economias
mais ricas também implementam uma das mais ambiciosas reformas de seus sistemas
desde o início da era da eletricidade, sem uma maneira fácil de armazenar a
energia gerada por fontes renováveis.
A transição para uma energia mais limpa tem como objetivo
tornar esses sistemas mais resilientes, e não menos. Mas a mudança real levará
décadas, durante as quais o mundo ainda dependerá dos combustíveis fósseis,
mesmo com os principais produtores alterando drasticamente suas estratégias de
produção.
É uma mensagem de advertência sobre o quão complexa será
a transição energética, disse Daniel Yergin, um dos principais analistas de
energia e autor do livro The New Map: Energy, Climate and the Clash of Nations.
No meio desta mudança fundamental, o sistema de energia
mundial tornou-se notavelmente mais frágil e mais propenso a choques.
Volatilidade
A turbulência na Europa é um exemplo. Após um inverno
mais frio do que o normal que esgotou os estoques de gás natural, os preços do
gás e da eletricidade dispararam, já que a demanda das economias em recuperação
cresceu rápido demais para que os suprimentos conseguissem acompanhar. Algo
semelhante provavelmente teria acontecido se a Covid-19 tivesse surgido há 20
anos.
Mas agora, Reino Unido e o continente europeu contam com
uma combinação muito diferente de fontes de energia. O carvão foi reduzido
drasticamente, sendo substituído em muitos casos por um gás de combustão mais
limpa. Mas o aumento da demanda global este ano encolheu a oferta de gás. Ao
mesmo tempo, duas outras fontes de energia, vento e água, tiveram produção
abaixo do normal, com velocidades dos ventos mais lentas e poucas chuvas em
países como a Noruega.
Em outras palavras: um mercado global de gás sob pressão
elevou os preços da eletricidade para níveis recordes, e a transição amplificou
o problema.
A crise que atinge a Europa é um sinal dos tipos de
choque que podem abalar mais partes do planeta. Mesmo com as energias solar e
eólica cada vez mais abundantes e baratas, muitos países ainda dependerão,
durante décadas, do gás natural e de outros combustíveis fósseis como reserva.
No entanto, o interesse de investidores e de empresas em aumentar a produção
desse tipo de combustível está diminuindo.
Essa é uma boa receita para a volatilidade, escreveu
Nikos Tsafos, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, em análise
recente.
Estamos definitivamente migrando para um sistema que é
mais vulnerável, disse Tsafos, presidente do núcleo James R. Schlesinger para
energia e geopolítica do centro, em entrevista.
A própria transição, imperativa para o planeta, não
causou o aperto. Mas qualquer sistema grande e complexo pode se tornar mais
frágil quando passa por grandes mudanças.
CRISE CLIMÁTICA
China pode surpreender o mundo na cúpula do clima em
Glasgow
Fonte: Reuters
O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore tem
esperanças de que a China e os Estados Unidos deixem de lado as diferenças nas
negociações sobre mudanças climáticas durante cúpula da ONU em Glasgow, assim
como trabalharam juntos em 2015 para firmar o Acordo de Paris.
Ao falar em uma entrevista transmitida na segunda-feira
na conferência Reuters Impact, Gore disse que a China pode surpreender o mundo
ao apresentar uma ou ambas de suas metas de atingir o pico das emissões e se
tornar neutra em emissões de carbono.
Gore disse que as fricções entre China e os Estados
Unidos, os dois maiores emissores de gases do efeito estufa no planeta,
precisam ser levadas em conta. Pequim e Washington se confrontaram por conta de
abusos aos direitos humanos em Xinjiang e Hong Kong, e também por conta de atividades
militares no Mar do Sul da China.
Mas Gore, que foi um dos ganhadores do Prêmio Nobel da
Paz em 2007 por seu trabalho para informar o mundo sobre as mudanças
climáticas, espera que as tensões entre os dois países sejam aliviadas nas
conversas da COP26 da ONU em Glasgow, na Escócia, que começam em 31 de outubro.
É verdade que no início do ano não parecia que os astros
estavam alinhados, disse. Desde então, nós temos visto uma promessa bem vinda
do presidente Xi Jinping na Assembleia-Geral da ONU, anunciando que a China irá
suspender o financiamento a usinas de carvão no exterior.
Xi anunciou no mês passado que a China vai parar de
construir novas usinas de energia movidas a carvão fora do país, após promessas
similares de Japão e Coreia do Sul no início do ano. O enviado especial dos EUA
para o Clima, John Kerry, também havia pedido que a China segue a medida.
Antes da COP26, líderes empresariais globais e políticos
estão participando da conferência Reuters Impact para discutir iniciativas para
mitigar as mudanças climáticas e impulsionar o crescimento sustentável.
Gore disse que acredita que Xi possa apresentar alguma
das metas estabelecidas no ano passado na Assembleia-Geral da ONU, de que a
China chegaria ao pico de emissões antes de 2030 e se tornaria neutra em
carbono antes de 2060.
A China pode surpreender o mundo em Glasgow, disse Gore.
O presidente norte-americano, Joe Biden, prometeu em
setembro trabalhar junto do Congresso para dobrar a verba para ajudar os países
em desenvolvimento a se adaptarem às mudanças climáticas para 11,4 bilhões por
ano até 2024, e Gore disse que isso pode ajudar outros países a aumentarem suas
verbas.
Um aumento de verbas pode ajudar a atingir uma meta
global estabelecida há mais de uma década, de 100 bilhões de dólares por ano
até 2020 para ajudar países vulneráveis às mudanças climáticas, um prazo que
veio e se foi sem que o objetivo fosse alcançado.
Medidas devem ser adotadas para frear o aquecimento
global
Fonte: Estadão
Em abril deste ano o presidente americano, Joe Biden,
reuniu 40 líderes mundiais na Cúpula do Clima para discutir medidas de redução
de gases de efeito estufa (GEEs) que a crise climática exige. Na ocasião, Biden
anunciou que as emissões americanas serão reduzidas pela metade até 2030 a
partir dos valores de 2005. Seguindo os anúncios de compromissos climáticos
feitos por outros países, além de se comprometer a eliminar o desmatamento
ilegal até 2030, o Brasil declarou que antecipará para 2050 a meta de
neutralizar as emissões até 2060. O compromisso de neutralizar as emissões já
havia sido feito em dezembro de 2020, quando o Brasil revisou suas metas,
conhecidas como NDCs (Nationally Determined Contributions).
Uma das revisões foi a eliminação dos Planos Setoriais, o
que foi um acerto, por serem muito genéricos e sem metas objetivas. Apenas para
citar um exemplo, a meta para o setor agropecuário, que é o segundo setor que
mais emite GEEs no Brasil, atrás apenas dos desmatamentos, era fortalecer o
Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC).
Outra revisão foi a alteração do valor da linha de base
de emissões totais em 2005 com a manutenção dos compromissos de redução,
decisão que foi interpretada como manobra para diminuir a meta brasileira de
forma indireta. As emissões totais declaradas na COP em Paris, e que definiram
o compromisso brasileiro, eram da ordem de 2,1 bilhões de toneladas de gás
carbônico equivalente (tCO2e) e passaram para 2,8 bilhões de tCO2e, um aumento
de 33%, mas foram mantidos os compromissos de redução anteriores: 37% e 43% até
2025 e 2030, respectivamente. A fim de manter a meta inicial, as reduções
precisariam ser de 53% e 57%, respectivamente.
Embora os países tenham manifestado compromissos para
reduzir suas emissões, elas serão insuficientes para impedir o aumento da
temperatura global. Um estudo da ONU (Emissions Gap Report 2020) concluiu que o
mundo caminha para um aumento de temperatura superior a 3°C neste século. Este
patamar vai muito além das metas do Acordo de Paris, que busca manter o aumento
do aquecimento global em 1,5°C. Especialistas apontam que o mundo precisa de
metas mais ambiciosas.
No setor de energia, a Agência Internacional de Energia
divulgou estudo com ações que devem ser adotadas para alcançar a neutralidade
nas emissões em 2050. O estudo apresenta dezenas de ações necessárias, suas
consequências e revela a dificuldade que será reduzir as emissões de GEEs no
setor de energia global. A conclusão para o setor de energia repete a conclusão
global: o mundo está atrasado.
Olhando para o Brasil, o caminho da neutralidade requer a
definição de um roteiro com urgência. Quais ações serão necessárias? Quando
elas devem começar? Quais os investimentos necessários? Quais setores
econômicos podem dar maiores contribuições?
Não encontramos nenhuma proposta que será apresentada e
discutida na COP-26, em Glasgow, de 31 de outubro a 12 de novembro, para
regulamentar o artigo 6 do Acordo de Paris, que prevê o estabelecimento de um
mercado de carbono global. A mesma falta de informações e de interlocutores se
repete quando buscamos as propostas que o Brasil pretende levar para Glasgow.
As COPs precisam ter menos conversas e mais decisões. As
intermináveis buscas por consensos só atrasam as medidas práticas de redução de
emissões. É frustrante e preocupante a ausência de lideranças para reunir os
países que mais emitem GEEs (os 10 maiores emissores são responsáveis por 64%
das emissões globais) e estabelecer critérios objetivos de redução de emissões.
Um sinal claro para acelerar a redução das emissões de
GEEs seria a mudança do formato dessas conferências, pouco conclusivas e
custosas, passando a promover reuniões multilaterais focadas nos maiores
emissores, com metas claras e ações definidas por país, inclusive com
mecanismos de cooperação e de financiamento climático.
Qual país dará o primeiro passo?
Pandora Papers expõe paraísos fiscais nos Estados Unidos
Fonte: AFP
Longe da Suíça ou das Bahamas, vários estados rurais dos
Estados Unidos são paraísos fiscais que flexibilizam suas leis para atrair
capitais, como Dakota do Sul, que vem à tona na Pandora Papers.
Na última década, Dakota do Sul, Nevada e mais de uma
dúzia de estados americanos tornaram-se líderes em questões de sigilo
financeiro, destaca a extensa investigação jornalística.
Sigilo fiscal, regimes que permitem às empresas evitar o
pagamento de impostos, ou a particulares evitar pagamentos durante uma
sucessão, esses estados competem para atrair fundos, americanos e estrangeiros.
Cerca de metade dos estados do país estão nessa competição, explicou à AFP
Chuck Collins, do Institute for Policy Studies, e um dos especialistas que deu
elementos de contexto aos jornalistas que trabalharam nos Pandora Papers.
O especialista citou, entre outros, Alasca, Wyoming e
Nevada. Eles são, acima de tudo, pequenos estados, nos quais uma indústria de
serviços mais focada em finanças terá grande poder, disse.
Você precisa criar uma empresa fantasma que reúna
atividades internacionais para evitar o pagamento de impostos? Delaware é, de
certa forma, o primeiro paraíso fiscal se você deseja criar uma sociedade
anônima de responsabilidade limitada, diz Collins. Se você deseja criar um
trust, estados como Dakota do Sul alteraram suas leis para permiti-lo,
acrescenta.
Ao oferecer a essas sociedades financeiras a
possibilidade de durar 100 anos, ou mesmo para sempre, os ativos incluídos
nesses esquemas podem ser transmitidos de geração em geração, sem o pagamento
de impostos no momento da sucessão.
Dakota do Sul, estado rural do centro-norte, é um
precursor no assunto desde os anos 1970 e 1980, quando quis captar fundos no
momento em que sua economia ia muito mal. Em 1981, o estado começou a autorizar
empréstimos a qualquer taxa de juros, para atrair a atividade de cartões do
Citibank e os empregos associados. Ano após ano, os legisladores estaduais
aprovaram normas redigidas por membros do setor dos trusts, detalha a Pandora
Papers.
Os escritórios de advogados tributaristas instalados em
Sioux Falls destacam em seus sites as vantagens dessas leis, a discrição ou os
baixos impostos do sistema. Os ativos dos clientes nos trusts de Dakota do Sul
mais do que quadruplicaram na última década, para US$ 360 bilhões, acrescenta a
investigação.
Pouca transparência financeira
Dezenas de outros estados seguiram o exemplo de Dakota do
Sul, em maior ou menor grau. Em 2020, 17 das 20 jurisdições menos restritivas
do mundo para trusts estavam localizadas em estados americanos, segundo um
estudo universitário israelense citado na Pandora Papers.
Os Estados Unidos ocupam o 25º lugar no ranking 2020 de
paraísos fiscais da ONG Tax Justice Network. Em termos de transparência financeira,
a maior potência mundial ocupa o segundo lugar no pódio, atrás das Ilhas
Cayman.
Por outro lado, os Estados Unidos representam mais de um
quinto (21,27%) do mercado mundial de serviços financeiros destinados a não
residentes, destacou a ONG. Nesse contexto, o governo Joe Biden lidera as
grandes potências que desejam harmonizar as políticas fiscais entre os países.
O presidente americano está determinado a trazer mais
transparência para os sistemas financeiros doméstico e internacional, destacou
ontem a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.
Zuckerberg rebate acusações e diz que Facebook não
prioriza lucro
Fonte: Folha SP
Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, publicou na noite
desta terça-feira (5) um longo texto em seu perfil na rede social, no qual comenta
a queda dos serviços do grupo. Ele também se defende de acusações sobre como a
companhia teria lidado com informações de que suas redes prejudicam a imagem
que adolescentes têm de si próprios.
Segundo o executivo, a mensagem foi enviada para os funcionários
da companhia. Nela, afirmou que as acusações de que a empresa prioriza o lucro
sobre a segurança e o bem-estar dos seus usuários não são verdadeiras. Também
disse que a maioria dos colaboradores não deve perceber como a imagem da
empresa tem sido retratada de forma equivocada.
Sobre a queda nos serviços, ocorrida nesta segunda-feira
(4), ele disse que foi a pior falha em anos e que a empresa passou as últimas
24 horas avaliando como fortalecer seus sistemas contra esse tipo de problema.
A preocupação mais profunda com uma interrupção como essa
não é quantas pessoas mudam para serviços da concorrência ou quanto dinheiro
perdemos, mas o que isso significa para as pessoas que dependem dos nossos
serviços para se comunicar com seus entes queridos, administrar seus negócios
ou apoiar suas comunidades, disse.
Zuckerberg disse que é difícil para os funcionários ver a
cobertura que a imprensa faz sobre o grupo, pois não refletiria a empresa que
eles conhecem. O executivo se referia às denúncias de que o Facebook sabia que
seu conteúdo prejudicava crianças e adolescentes, fazendo-as sentirem-se piores
sobre si mesmas, e que não teria agido para resolver o problema.
A maior parte do pronunciamento foi sobre esse caso. Ele
listou medidas que, na sua opinião, provam que isso não é verdade, como o fato
da empresa se preocupar em fazer pesquisas sobre a percepção que esse grupo tem
das redes, e ter ferramentas pelas quais os pais podem controlar o conteúdo que
os filhos acessam.
Tenho orgulho de tudo o que fazemos para continuar
construindo os melhores produtos sociais do mundo e sou grato a todos vocês
pelo trabalho que realizam aqui todos os dias, afirmou.
Conjuntura Interna
Produção industrial caiu pelo terceiro mês seguido
Indústria caminha para estagnação em 2021.
A produção industrial do Brasil caiu pelo terceiro mês
seguido, registrando retração de 0,7% na passagem de julho para agosto. Com
esse resultado, o setor acumula ganho de 9,2% no ano e de 7,2% nos últimos 12
meses. A indústria ainda está 2,9% abaixo do patamar de fevereiro de 2020, na
pré-pandemia da Covid-19, e 19,1% abaixo do nível recorde, registrado em maio
de 2011. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) e foram divulgados
hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O gerente da
pesquisa, André Macedo, explica que o resultado do mês segue a tendência
acompanhada durante o ano.
O resultado de agosto não difere muito do panorama que a
gente já vem apresentando ao longo de 2021. Claro que isso tem os efeitos da
pandemia sobre os processos produtivos. Fica bem evidente esse desarranjo das
cadeias produtivas, bem exemplificado pelo desabastecimento de matérias-primas,
de insumos para a produção de bens finais. Fica também muito bem evidenciado o
encarecimento dos custos de produção, isso sob a ótica da oferta”, disse André
Macedo.
De acordo com o Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial (Iedi), variações positivas, quando existem, ocorrem
mais em função de bases de comparação muito baixas do que por um processo de
retomada do nível de atividade da indústria.
Os obstáculos são de diferentes ordens: do lado da
oferta, ainda há gargalos na obtenção de insumos e pressão de custos; do lado
da demanda, a inflação corrói poder de compra da população em um quadro de
elevado desemprego. Além disso, o ambiente de incerteza se mantém, renovando
suas causas sob os riscos da crise hídrica e da tensão política”, analisa o
Iedi.
O desempenho do bimestre jul-ago/21 aponta para um quadro
de estagnação na entrada do segundo semestres, à medida em que as bases de
comparação com 2020 vão deixando de ser tão baixas.
O Iedi observa que a falta de dinamismo industrial não
está restrita a um ou outro ramo, mas se mostra bastante difundida. Em agosto,
dos 26 ramos acompanhados pelo IBGE, 15 ficaram no negativo na comparação com
julho) e 19 deles estão em um patamar inferior ao pré-crise. Entre as quatro
grandes categorias econômicas, três registraram queda em agosto.
O resultado de agosto interrompeu 11 meses seguidos de
crescimento na comparação anual, com queda de 0,7% em relação a agosto de 2020.
Macedo ressalta que as bases de comparação dos meses anteriores estavam muito
depreciadas.
Para Felipe Sichel, estrategista chefe do Modalmais, a
PIM ficou abaixo da nossa expectativa, de -0,5%. A leitura da PIM reverte nossa
projeção de indústria para o terceiro trimestre e passamos a esperar queda
próxima a 1% no período.
Fonte: Agência Brasil
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