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Open Insurance: Brasil Na Dianteira

06, Out. 2021

Brasil é o primeiro país do mundo a regulamentar o Open Insurance

Novas oportunidades para corretores, que são consultores financeiros dos clientes

Fonte: CNseg / Sonho Seguro

O open insurance é visto com bons olhos pelos seguradores, uma vez que tem o objetivo de aumentar a inclusão securitária. No entanto, ainda precisa ser bem debatido, devido ao fato de o Brasil ser o primeiro país do mundo a criar a regulação desse mercado de seguros aberto. Esta foi a tônica da discussão do painel Open Insurance / Desafios da implementação, realizado hoje na Conseguro 2021.

Participaram do painel, moderado por Alexandre Leal, diretor executivo da CNseg, os palestrantes Chen Wei Chi, sócio de Transformação Digital e Inovação para Serviços Financeiros da EY; Leonardo Brasil, chefe de Departamento de Tecnologia da Informação da Superintendência de Seguros Privados (Susep); Thiago Barata, coordenador de Projetos do Open Insurance da Susep. Entre os debatedores, os conselheiros da estrutura inicial responsável pela governança de implementação do Open Insurance: Danilo Silveira, Diretor Executivo da FenSeg; João Batista Mendes Angelo, presidente da Comissão de Produto por Sobrevivência da FenaPrevi e diretor de Produtos da Zurich Santander; Marcio Coutinho Teixeira de Carvalho, diretor da Capemisa Capitalização; e Rodrigo Ventura, fundador e presidente do Conselho da 88i Seguradora Digital.

Alexandre Leal abriu o debate afirmando que a implementação do open insurance é um grande desafio e, por isso, requer muitas discussões e discernimento. Mas sua implementação também traz grandes oportunidades. Na opinião dele, a governança está entre as principais preocupações, assim como a proteção de dados dos clientes.

Outro ponto relevante do debate foi a participação do corretor nesse processo. Todos os participantes avaliaram que o corretor, que é uma figura central na distribuição dos produtos, por atuar como conselheiro financeiro do cliente, terá grandes oportunidades com o crescimento do mercado. Tanto que colocamos em audiência pública a criação da figura da Sociedade Iniciadora de Serviços de Seguros (Siss). A idéia é que qualquer que seja o intermediário esteja dentro deste conceito, seja fintech, insurtech ou varejista, explicou Thiago Barata, da Susep. Segundo ele, a normativa pretendida se aproxima do que é criado pelo open banking, com as iniciadoras de pagamentos.

Barata reforçou que o open insurance significa criar o ambiente para que consumidores e seguradoras acessem e compartilhem dados, de forma segura e conveniente. Estes dados serão usados para desenvolver produtos e serviços inovadores para o consumidor de seguro e de previdência, além de integrá-lo ao open banking. Trata-se de um processo inevitável. Acontece no mundo todo e em todos os segmentos da economia. Nos baseamos em experiências de outros países, como Inglaterra, China, Estados Unidos, México. Temos trabalhado próximo ao Banco Central, buscando alinhamento com o open banking, disse.

Leonardo Brasil lembrou que o open insurance é uma iniciativa inovadora, que apresenta grandes desafios. Um deles é a conectividade, uma vez que existem hoje diferentes ambientes tecnológicos nas empresas. Como isso vai ser padronizado, para que as conexões sejam feitas de forma moderna, rápida e segura, certamente é um desafio, bem como construir as plataformas que criarão um ecossistema com outros players. Como fazer esta integração é um dos pontos que vai exigir mais atenção de todos.

Brasil afirmou que o open banking exige altos padrões de segurança do sistema bancário, o que deverá ocorrer também no setor de seguros. Outro desafio é como mostrar ao consumidor as vantagens deste sistema. Neste aspecto, completou, o corretor será um importante aliado, que pode atuar de forma consultiva. Assim, em vez de atropelados pela onda, poderemos surfar, afirmou.

Brasil é pioneiro em open insurance

Segundo Chen Wei Chi, o Brasil é pioneiro na implementação do open insurance. Trata-se do primeiro modelo regulado em open insurance no mundo. O fato é que estamos todos olhando para open banking, o que significa que não precisamos recriar a roda, afirmou. Para ele, como o open banking já está acontecendo, será possível usar esta experiência para evitar problemas no open insurance.

Chen Wei Chi comparou o atual momento aos anos 1990, quando surgiu a internet. Segundo ele, ainda não sabemos as dificuldades, mas temos certeza de que em alguns anos teremos um novo mercado, com o cliente no centro da estratégia de todos, o que muda a forma de distribuição, os produtos e serviços, além do entendimento do cliente.

Para Danilo Silveira, o atual cenário exige humildade de todos. Precisamos ter a grandeza de corrigir equívocos rapidamente. Avançar e recuar de forma competente e rápida, disse. Segundo ele, o cronograma é muito apertado, mas as seguradoras terão que atentar para diversos aspectos, como o da concorrência, por exemplo. Temos que pensar em servir os que já consomem seguros e também em trazer novos consumidores para este modelo de negócios, que não tem regras definitivas, para podermos torná-lo mais adequado para todos os participantes desta cadeia, disse.

A expectativa de João Batista Mendes Angelo é de que os principais atores deste mercado sejam relevantes na construção da regulamentação. Desejamos que toda esta inserção e criação de ambiente novo se faça somando atores e garantido a preservação daqueles que trouxeram as operações de seguros ao estágio que estão hoje, pontuou. Para ele, existe uma certa preocupação sobre como garantir a integração dos corretores a este processo de open insurance.

Como inserir pessoas de menor renda, pouco educadas financeiramente, é um dos principais desafios, na visão de Marcio Coutinho Teixeira de Carvalho. Como o consumidor, num país tão diversos como o Brasil, vai aderir a esta estrutura? Todos nós queremos a multiplicação do setor, mas temos outros desafios como colocar o produto na mão do consumidor. Temos condições de fazer umbenchmarking com produtos e estrutura, mas não com o comportamento dos consumidores, que diferem de acordo com cada região do país, disse.

Já Rodrigo Ventura afirmou que vislumbra um cenário de grande crescimento do setor de seguros nos próximos anos. Temos uma oportunidade fabulosa, um oceano azul, em que pessoas das classes C e D, estão à margem do mercado segurador, disse. Na opinião dele o Brasil tem muito para crescer.

De acordo com Ventura, na China, em 2006, o setor segurador equivalia a um terço do mercado brasileiro. Hoje, é três vezes o tamanho do setor no Brasil. Esse crescimento exponencial se deu através do digital. A explosão aconteceu por meio de diversos ecossistemas, impulsionados pelo governo. Acredito que isso vai acontecer aqui no Brasil. Somamos sinergias e avançamos juntos. Estamos num momento de transformação, disse.

Ventura lembrou que, com o surgimento da internet, todos diziam que os Correios iriam acabar, mas o negócio de entregas se transformou em e-commerce. O corretor vai morrer? Claro que não. Há muitas oportunidades, como se transformar em influenciador digital, disse. A internet também muda a experiência do cliente e torna o mercado muito mais inclusivo. As fintechs criaram acesso a serviços financeiros para uma grande parcela da população. E o mesmo vai acontecer em seguros, completou.

Susep abre consulta sobre nova figura de seguros

Sociedade iniciadora de serviços de seguros terá papel semelhante ao iniciador de pagamentos no sistema financeiro

Fonte: Valor Econômico

A Superintendência de Seguros Privados (Susep) iniciou uma consulta pública sobre credenciamento e funcionamento das sociedades iniciadoras de serviço de seguro (Siss), uma nova figura do mercado trazida no projeto do open insurance, ou seja, o sistema de compartilhamento de dados e operações do setor, que tem a primeira fase prevista para 15 de dezembro. A consulta fica aberta até o fim do mês.

Segundo a autarquia, no modelo proposto, seguradoras, corretores e corretoras poderão constituir ou se transformar em Siss. As seguradoras poderão exercer algumas atividades oferecidas pelas sociedades iniciadoras ou constituir empresa com propósito específico de exercer essas atividades de iniciação de serviços. Já os corretores de seguros também poderão constituir ou se transformar em iniciadoras, na medida em que atendam aos requisitos de capital e segurança cibernética, entre outros estabelecidos na resolução.

A minuta colocada em consulta pública indica que as sociedades iniciadoras, como participantes obrigatórias no open insurance, devem ser credenciadas pela Susep e constituídas sob a forma de sociedade anônima. Deverão ter a prestação de serviço de iniciação de movimentação no open insurance como objeto social exclusivo ou ser uma instituição iniciadora de transação de pagamento devidamente autorizada, nos termos da regulamentação do open banking.

A norma exige que as sociedades iniciadoras tenham patrimônio líquido superior a R$ 1 milhão, além de seguir regras de governança, de sigilo de dados e segurança cibernética, de modo semelhante às exigidas para as sociedades seguradoras e atreladas à Lei Geral de Proteção de Dados. A norma estabelece sanções e penalidades para hipóteses de descumprimento das regras do open insurance pelas Siss, com a previsão de multas que podem chegar a R$ 600 mil por infração.

O serviço de iniciação de movimentação só pode ser feito se ordenado pelo cliente. Isso também inclui a iniciação de procedimentos relacionados à contratação de seguro, de plano de previdência complementar aberta ou de título de capitalização, endosso, resgate ou portabilidade de plano de previdência ou de capitalização, pagamento de sorteio, aviso de sinistro, entre outros, aponta o regulador.

Para a superintendente da Susep, Solange Vieira, a Siss aparece no ambiente open como um prestador de serviço que, há muito, vem sendo utilizado pelo mercado de seguros, as insurtechs. A grande diferença é que a Siss é obrigada a operar em um ambiente aberto e interligar todos os atores, sem restrições ou escolhas, explica a executiva.

Onda crescente de ataques cibernéticos movimenta mercado de seguros

Fonte: CQCS

O número de ataques de hackers aumentou nos últimos meses e acendeu a luz vermelha nas empresas, que agora correm contra o tempo na busca por formas concretas de proteção aos seus sistemas e dados. O Brasil tem sido um dos principais alvos globais. De acordo com levantamento da consultoria alemã Roland Berger, só este ano serão cerca de 9 milhões de ocorrências. Uma das primeiras alternativas para aumentar essa segurança é, sem dúvida, a contratação de um seguro contra riscos cibernéticos, o chamado seguro cyber risk.

Os primeiros ataques cibernéticos aconteceram em 2007, na Estônia, onde sites públicos e noticiários ficaram fora do ar, afetando o governo e, principalmente, prejudicando a população. Já em 2017, um ataque global atingiu computadores de mais de cem países, aumentando a curiosidade de instituições e empresas por seguros que pudessem garantir perdas contra esse tipo de crime. Até então, este era um mercado ainda irrelevante no Brasil.

Inicialmente, as seguradoras enxergaram um produto interessante, ofereceram coberturas amplas, porém não houve demanda. Hoje, o cenário é outro. As empresas procuram por apólices de seguros cibernéticos que possam minimizar os prejuízos decorrentes do vazamento de dados, por exemplo. A LGPD e as sanções nelas previstas, aliadas ao agravamento desses riscos pelo incremento do home office na pandemia, deram o impulso final para que o produto passasse a ser altamente procurado, num curto período.

Assim como as empresas seguradas, as seguradoras estão confusas e buscam um caminho que as impeçam de garantir riscos em demasia.

Os programas de seguro, que hoje contam com apólices referentes a vários riscos (como patrimônio físico, interrupção de operações, responsabilidade civil, vida, transporte, etc.), precisam ser revistos à luz dos desafios cibernéticos. Como todos sabem (menos a Susep), as seguradoras atuam com contratos padronizados. Por isso, os requisitos de cobertura das apólices de cyber risks precisam ser muito bem definidos, e até sofrer alterações em algumas cláusulas a depender do ramo de atividade do segurado, para minimizar erros e evitar problemas futuros, caso ocorra um sinistro garantido.

O seguro cibernético tem por objetivo garantir, ao mesmo tempo, riscos patrimoniais e responsabilidade civil. Sua cobertura é específica e, por envolver questões tecnológicas, as ameaças são constantemente alteradas, com velocidade que provavelmente não se equipara a nenhum outro tipo de seguro.

A contratação exige que o segurado adote medidas para estar sempre em cumprimento aos rígidos padrões de segurança no tratamento de dados, daí a importância de se contar com profissionais da área de tecnologia, inclusive corretores de seguro especializados no tema.

Dificilmente os executivos conseguirão definir as coberturas que suas empresas precisam, seguindo apenas os dados técnicos solicitados nos questionários das seguradoras. As coberturas são variadas, podendo garantir desde o pagamento para resgate de dados por extorsão de hackers (geralmente feito por criptomoedas, o que torna eventual pagamento ainda mais complexo), passando por despesas para contenção de vazamento de dados, comunicação aos usuários, custos de defesa, condenações cíveis por danos a usuários e até multas administrativas aplicadas pelas autoridades, dentre outras.

O fato é que as seguradoras vêm aumentando as exigências para a contratação desse tipo de apólice, que deve sofrer mudanças nos próximos anos, devido ao incremento de ameaças externas e possível aumento das sanções aplicadas no Brasil pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). A complexidade da formação desse produto exigirá um trabalho de parceria entre seguradora, corretores e segurados.

O mais curioso, contudo, é que ninguém está imune a tais riscos, nem mesmo as seguradoras, que começam a deixar de ser apenas garantidoras e passam a ser vítimas. Esta é uma realidade que já ocorre no mercado internacional.

Recentemente, hackers atacaram duas seguradoras relevantes: a CNA, que pagou US$ 40 milhões de resgate para voltar a ter acesso aos dados de seus segurados, e a AXA, uma das maiores do mundo e cada vez mais atuante no Brasil.

Curiosamente, as seguradoras são alvos convidativos para os hackers, pois o acesso aos dados dos clientes que contrataram apólices cyber risks permite uma verdadeira lista de potenciais novas vítimas, com a certeza de que estas terão uma seguradora robusta por trás, garantindo, por exemplo, os custos de resgate.

Por outro lado, tamanha a lista de exigências de segurança no tratamento de dados feitas pelas seguradoras aos segurados para aceitação dos riscos cibernéticos, é bem possível que a invasão aos sistemas dessas empresas seja até mesmo evitada, ante a provável dificuldade de rompimento de seus mecanismos de segurança e treinamento de funcionários no tratamento de dados.

Seja como for, enquanto o produto está se ajustando no Brasil, há questões complexas que deixam a discussão ainda mais cinzenta. O que fica claro é que os ataques podem ocorrer a qualquer empresa, independentemente do porte. É preciso contar com uma equipe multidisciplinar que contemple corretores de seguros especializados em cyber, advogados especialistas em seguros de grandes riscos complexos, profissionais de TI e tratamento de dados, além de relações públicas de crise, agentes de inteligência e até negociadores.

Todo esforço é válido para diminuir os riscos, mas com a certeza de que nunca haverá garantia de que uma invasão ou vazamento poderá ser impedido.

Autor: Pedro Ivo Mello é advogado especialista em seguros e resseguros e sócio do escritório Raphael Miranda Advogados

Empresas portuguesas, espanholas e francesas abrem guerra às seguradoras

Inquéritos recentes mostram inquietação de gestores de risco em Espanha e França. Empresas portuguesas, como Efacec e Jerónimo Martins, também apontam dureza e insuficiências da oferta seguradora.

Mais de uma dezena de grupos empresariais espanhóis, sete dos quais cotados em bolsa, integram um grupo de trabalho criado para analisar e encontrar saídas para o que consideram ser uma falta de soluções e inexistência de respostas adequadas no mercado segurador.

Queixam-se de não encontrar, nem em Espanha nem no mercado internacional, as coberturas de seguros de que necessitam. Além disso, afirmam em uníssono: os preços dos seguros estão subir muito. As críticas são igualmente assumidas por responsáveis de empresas portuguesas.

Em Espanha, o descontentamento é encabeçado pela Agers e Igrea, e inclui entre outras empresas, banco Santander, Telefónica, Repsol, Naturgy, Red Eléctrica, Ferrovial e ArcelorMittal todas cotadas no mercado acionista, mais Cepsa, El Corte Inglés, Gamesa, Sacyr e o grupo San José. Segundo noticiou o jornal Expansión estas empresas tiveram uma reunião para constituir um grupo de trabalho e traçar uma estratégia comum para lidar com o que designam endurecimento excessivo do ambiente de mercado (hardening, na gíria de seguros), com aumentos indiscriminados de preços e restrições de cobertura e capacidade, cita o portal Aseguranza afirmando que o movimento é encabeçado por associações de gestores de risco (Agers e Igrea).

Em comunicado conjunto, a Asociación Española de Gerencia de Riesgos y Seguros (Agers) e a Iniciativa de Gerentes de Riesgo Españoles e Associados (Igrea), confirmam ter tomado a liderança da iniciativa e afirmam que o grupo de trabalho (já formado) assume missão de responder às inquietações dos empresários. Querem assim, iniciar um diálogo, com autoridades e organismo regulador, para analisar os inconvenientes apontados e resolvê-los através de soluções possíveis, incluindo recurso a companhias cativas ou outras.

Alicia Soler (diretora executiva da Agers) e Javier Navas (diretor e presidente da Igrea) prestarão apoio técnico e logístico ao grupo de trabalho para que consigam coordenação adequada às diligências, nomeadamente a realização de painéis de colaboração entre seguradoras, corretoras, gestores independentes de companhias cativas (seguradoras criadas no interior das organizações para a transferência dos seus próprios riscos), peritos em fiscalidade, finanças e legalidade, e com o próprio regulador (DGSFP), Direção Geral de Seguros e Pensões, que funciona sob tutela do Ministério Espanhol da Economia e Finanças.

Gestores portugueses desferem críticas aos seguros

O descontentamento parece ganhar uma dimensão ibérica. A insatisfação ficou documentada num inquérito da série Risk Frontiers Europe, com saldo de opiniões recolhidas junto de empresas em diversos setores que se deparam com dificuldades acrescidas para contratar coberturas D&O, seguros gerais e coberturas cyber. Além de queixas de endurecimento nos preços (na renovação de seguros), referem-se restrições de capacidade e omissão de determinadas coberturas (como vandalismo) que, dizem, anteriormente eram fáceis de incluir nas apólices de propriedade e danos (P&C).

Numa notícia que alude ao inquérito, outros executivos (alguns de empresas portuguesas) atiram mais críticas ao mercado segurador. Citados na Commercial Risk online (artigo em inglês, acesso gratuito), Luís Campilho, responsável financeiro da Efacec, Jorge Neto, responsável da área de seguros no grupo Jerónimo Martins juntam-se a Lourdes Freiría, assessora da Igrea e diretora de risco e seguros na construtora SanJosé num rol de críticas sobre preços e dificuldades de contratação, incluindo certas coberturas necessárias em operações internacionais.

Perante uma problemática que parece agravar-se neste período de pós-pandemia, as empresas espanholas ponderam soluções como autosseguro (através de cativas), transferir os riscos para o balanço através de franquias nas apólices ou até transferir risco para o mercado asiático, acrescenta o portal Aseguranza.

França confirma cenário de endurecimento

O sentimento de preocupação é similar entre o empresariado francês. Um relatório acabado de publicar pela Amrae (Association pour le Management des Risques et des Assurances de l’Entreprise), entidade que junta 1500 membros, representando mais de 750 organizações públicas e privadas, confirma a realidade de subida tarifária, agravado por aumento das franquias e restrição nas extensões das coberturas de seguros.

O relatório État du Marché & Perspectives 2022, Assurances des Entreprises dá testemunho de pressão crescente no mercado de seguros de propriedade e danos. A principal conclusão do estudo indica que 90%, de uma amostra composta por 65 empresas participantes no inquérito da Amrae, declara confrontar-se com aumento de preços nos seguros. O incremento tarifário continua tendência altista vinda de 2019 e 2020, nota o estudo realizado em colaboração com as corretoras Marsh, Aon, Diot, Siaci Saint Honoré e Verlingue.

As grandes empresas perspectivam que, em 2022, os prémios dos seus seguros (P&C) terão agravamento de 10% a 50%. Nos casos mais sensíveis, regiões mais expostas a eventos catastróficos, atividades em que se evidencie uma deriva da sinistralidade, o aumento de preços poderá situar-se entre 70% e 80%, consoante a graduação dos riscos. O acesso a coberturas contra ciberataques, por exemplo, está a tornar-se particularmente complicado.

Pela primeira vez em cerca de 20 anos, todos seguros vão aumentar em todas as seguradoras, pressionando as margens de negócio de muitas empresas, adverte Léopold Larios de Piña, vice-presidente da Amrae.

Numa referência às conclusões do relatório, o jornal Le Figaro afirma que, com a aproximação da campanha de renovação dos contratos de seguro, as empresas vão confrontar-se com aumentos vertiginosos nos preços dos seguros.

Fonte: ECO Seguros

CRISE ENERGÉTICA

A crise energética global é só a ponta do iceberg

Uma crise energética global e cadeias de suprimentos desorganizadas têm elevado a inflação ao redor do planeta. Como se não bastasse, o Brasil absorve esse cenário agregando seus próprios problemas

Em 1760, o falido George III, rei da Inglaterra, chegou a um acordo com o parlamento britânico para entregar todas as suas posses, incluindo terras e outros direitos, em troca de uma mesada anual.

O acordo feito por George criou o chamado Crown Estate, e tem sido prorrogado por todos os monarcas que o sucederam, incluindo Elizabeth II.

Atualmente, as terras e direitos estão avaliadas em cerca de 14,5 bilhões de libras, gerando 350 milhões anuais de lucro, com cerca de 15% indo para a rainha e o restante ficando com o governo.

Nos últimos anos, além de shoppings e condomínios residenciais, o administrador dos bens da família real têm ganhado dinheiro graças a um direito considerado inútil na época da criação do acordo: o leito marinho.

Em teoria, todo o leito marinho britânico pertence a rainha Elizabeth II, o que faz dela a maior beneficiária de uma nova tecnologia: as usinas eólicas off-shore.

De fato, nenhum país do mundo tem investido tanto em usinas eólicas em alto-mar como o Reino Unido, com 8% de toda energia instalada sendo provida por essa fonte, que rende a rainha 41 milhões em lucros todos os anos.

A meta do Reino Unido é chegar a 33% em 2030. E uma possível meta de 80% da energia sendo provida por geração eólica offshore em 2050 está sendo considerada.

O problema? A crise energética no Reino Unido atual ajuda a expor a fragilidade causada por essa dependência.

Fontes de geração eólica e solar são essencialmente fontes intermitentes de energia, o que significa que funcionam em horários não previsíveis e podem parar de funcionar sem aviso.

No último ano, a geração eólica chegou a representar 25% de toda geração no Reino Unido. Neste verão, época em que o consumo aumenta e os ventos diminuem, a geração eólica caiu para 7% do total, levando a ao aumento da demanda da importação de gás.

O preço do gás no mercado internacional, porém, está explodindo na medida em que a recuperação econômica da pandemia se mostra mais rápida do que o esperado. Neste ano, o gás natural chegou a subir 400% no mercado internacional, provocando um aumento de 250% no preço da energia.

A crise se estende também por conta do aumento da demanda do petróleo que, por sua vez, provoca desabastecimento, além de efeitos perversos na produção de alimentos, dependente de fertilizantes.

Do outro lado do Canal da Mancha, na França, problemas similares têm ocorrido. A diferença é que os franceses possuem produção elevada de energia nuclear, o que reduz os danos de um aumento na energia.

Na Alemanha, também dependente de importação de gás, a energia já subiu cerca de 113%.

Na Ásia, onde a recuperação econômica foi ainda mais ágil, a pressão sobre a indústria está sendo dupla: a crise energética e uma cadeia de suprimentos bagunçada.

A China busca lidar com o problema aumentando sua produção de carvão, a fonte mais poluente de todas, mas os fechamentos de fábricas já estão ocorrendo.

Uma crise da indústria de semicondutores também afeta o crescimento global, com as duas crises somadas gerando o pior cenário econômico possível: redução de crescimento econômico e aumento da inflação.

A possibilidade de crescimento zero no terceiro trimestre afeta, em especial, a China. Mas essa hipótese tem se espalhado ao redor do planeta por meio da queda no preço de commodities como o minério de ferro.

Esse cenário é preocupante para o Brasil.

Por aqui, estamos lidando com nossa própria crise: a dependência de chuvas. Não é um problema novo.

A hidrelétrica de Belo Monte, por exemplo, possui uma capacidade instalada de 11.200 Mw, mas viu sua geração variar entre 6.800 Mw, em fevereiro, e 280 Mw em outubro (dados de 2019).

Em resumo, nossos problemas nessa área não são novos, de maneira que a crise energética brasileira também não chega a ser nova.

A grande questão, em meio a bagunça global, é a posição do Brasil no mundo. Não estamos no lado das commodities ligadas à energia (petróleo e gás), mas sim daquelas que possuem forte ligação com crescimento econômico (soja, carne e minério de ferro).

Com uma redução do preço do minério de ferro, nossas exportações caem, pressionando o dólar, o que por sua vez eleva o preço em Real e puxa a inflação brasileira para cima.

Ao mesmo tempo, commodities como o petróleo possuem grande impacto no índice de inflação brasileiro.

Por conta da alta no barril de petróleo lá fora e da desvalorização do Real, a gasolina já subiu cerca de 45% no ano até aqui.

A bagunça generalizada nas linhas de suprimentos também pressiona o Brasil.

Por conta da pandemia, que levou as pessoas a ficarem em casa e aumentarem o consumo de eletrônicos (vendas de computadores e eletrônicos globais cresceram 26% em 2020), além de uma guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, que tirou de cena a maior fabricante chinesa de semicondutores, boa parte das indústrias tem reduzido sua produção.

Em suma, a demanda segue crescendo na medida em que as pessoas estão retomando sua vida cotidiana por conta da vacinação. Mas a oferta tem sido reduzida.

A indústria de automóveis, em especial, tem sido obrigada a fechar fábricas. Assim como a produção de smartphones e outros eletrônicos.

A retomada econômica pressiona cadeias de produção incapazes de atender seus consumidores, o que causa um efeito chamado de choque de oferta. Ao mesmo tempo, condições climáticas e dependência de fontes intermitentes levam a uma instabilidade energética poucas vezes vistas.

Na soma de tudo, o mundo tem visto a inflação crescer de maneira galopante.

Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e mesmo o Brasil estão com seus índices de inflação bastante acima da meta.

Isso acaba por corroer a renda, reduzindo o efeito que uma geração de empregos positiva, como no Brasil atual (com 2,2 milhões de empregos gerados até agosto) possa ter a médio e longo prazo.

Para os bancos centrais, tal inflação é fruto dessa bagunça e, portanto, transitória. Na prática, o mundo está promovendo uma transição energética em velocidade nunca vista, o que eleva a instabilidade e deixa cenários como o atual mais propensos.

O problema é que os BCs também possuem sua parcela de responsabilidade. No nosso caso, o Banco Central reduziu as taxas de juros de forma acelerada. Agora ele se vê obrigado a correr atrás da meta, gerando uma alta de preços em um momento onde todo o planeta já está instável.

Além de elevar a meta de inflação, o BC brasileiro também rebaixou a expectativa de crescimento. O PIB brasileiro, que alguns acreditavam poder crescer 7% esse ano, parece cada vez mais longe de atingir esse valor.

Como se fosse pouco, não devemos esquecer que o próximo ano será repleto de tensões eleitorais por aqui, um ambiente que, via de regra, já não favorece o câmbio.

Há inúmeros fatores ou interesses políticos que podem decorrer deste cenário global tão complicado. Para cada um deles, o Brasil parece ter um complicador próprio.

Em todo caso, convém ter precaução, ainda que a nível individual.

Fonte: InfoMoney / Autor: Felippe Hermes é jornalista e co-fundador do Spotniks.com

Crise energética mostra fragilidade de era da energia limpa

Fonte: Bloomberg

O mundo enfrenta a primeira grande crise resultante da transição para a energia limpa. Não será a última.

A escassez que abala os mercados de gás natural e eletricidade do Reino Unido à China coincide com a retomada da demanda após as restrições da pandemia. Mas o planeta tem enfrentado mercados de energia voláteis e escassez de oferta há décadas. A diferença agora é que as economias mais ricas também implementam uma das mais ambiciosas reformas de seus sistemas desde o início da era da eletricidade, sem uma maneira fácil de armazenar a energia gerada por fontes renováveis.

A transição para uma energia mais limpa tem como objetivo tornar esses sistemas mais resilientes, e não menos. Mas a mudança real levará décadas, durante as quais o mundo ainda dependerá dos combustíveis fósseis, mesmo com os principais produtores alterando drasticamente suas estratégias de produção.

É uma mensagem de advertência sobre o quão complexa será a transição energética, disse Daniel Yergin, um dos principais analistas de energia e autor do livro The New Map: Energy, Climate and the Clash of Nations.

No meio desta mudança fundamental, o sistema de energia mundial tornou-se notavelmente mais frágil e mais propenso a choques.

Volatilidade

A turbulência na Europa é um exemplo. Após um inverno mais frio do que o normal que esgotou os estoques de gás natural, os preços do gás e da eletricidade dispararam, já que a demanda das economias em recuperação cresceu rápido demais para que os suprimentos conseguissem acompanhar. Algo semelhante provavelmente teria acontecido se a Covid-19 tivesse surgido há 20 anos.

Mas agora, Reino Unido e o continente europeu contam com uma combinação muito diferente de fontes de energia. O carvão foi reduzido drasticamente, sendo substituído em muitos casos por um gás de combustão mais limpa. Mas o aumento da demanda global este ano encolheu a oferta de gás. Ao mesmo tempo, duas outras fontes de energia, vento e água, tiveram produção abaixo do normal, com velocidades dos ventos mais lentas e poucas chuvas em países como a Noruega.

Em outras palavras: um mercado global de gás sob pressão elevou os preços da eletricidade para níveis recordes, e a transição amplificou o problema.

A crise que atinge a Europa é um sinal dos tipos de choque que podem abalar mais partes do planeta. Mesmo com as energias solar e eólica cada vez mais abundantes e baratas, muitos países ainda dependerão, durante décadas, do gás natural e de outros combustíveis fósseis como reserva. No entanto, o interesse de investidores e de empresas em aumentar a produção desse tipo de combustível está diminuindo.

Essa é uma boa receita para a volatilidade, escreveu Nikos Tsafos, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, em análise recente.

Estamos definitivamente migrando para um sistema que é mais vulnerável, disse Tsafos, presidente do núcleo James R. Schlesinger para energia e geopolítica do centro, em entrevista.

A própria transição, imperativa para o planeta, não causou o aperto. Mas qualquer sistema grande e complexo pode se tornar mais frágil quando passa por grandes mudanças.

CRISE CLIMÁTICA

China pode surpreender o mundo na cúpula do clima em Glasgow

Fonte: Reuters

O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore tem esperanças de que a China e os Estados Unidos deixem de lado as diferenças nas negociações sobre mudanças climáticas durante cúpula da ONU em Glasgow, assim como trabalharam juntos em 2015 para firmar o Acordo de Paris.

Ao falar em uma entrevista transmitida na segunda-feira na conferência Reuters Impact, Gore disse que a China pode surpreender o mundo ao apresentar uma ou ambas de suas metas de atingir o pico das emissões e se tornar neutra em emissões de carbono.

Gore disse que as fricções entre China e os Estados Unidos, os dois maiores emissores de gases do efeito estufa no planeta, precisam ser levadas em conta. Pequim e Washington se confrontaram por conta de abusos aos direitos humanos em Xinjiang e Hong Kong, e também por conta de atividades militares no Mar do Sul da China.

Mas Gore, que foi um dos ganhadores do Prêmio Nobel da Paz em 2007 por seu trabalho para informar o mundo sobre as mudanças climáticas, espera que as tensões entre os dois países sejam aliviadas nas conversas da COP26 da ONU em Glasgow, na Escócia, que começam em 31 de outubro.

É verdade que no início do ano não parecia que os astros estavam alinhados, disse. Desde então, nós temos visto uma promessa bem vinda do presidente Xi Jinping na Assembleia-Geral da ONU, anunciando que a China irá suspender o financiamento a usinas de carvão no exterior.

Xi anunciou no mês passado que a China vai parar de construir novas usinas de energia movidas a carvão fora do país, após promessas similares de Japão e Coreia do Sul no início do ano. O enviado especial dos EUA para o Clima, John Kerry, também havia pedido que a China segue a medida.

Antes da COP26, líderes empresariais globais e políticos estão participando da conferência Reuters Impact para discutir iniciativas para mitigar as mudanças climáticas e impulsionar o crescimento sustentável.

Gore disse que acredita que Xi possa apresentar alguma das metas estabelecidas no ano passado na Assembleia-Geral da ONU, de que a China chegaria ao pico de emissões antes de 2030 e se tornaria neutra em carbono antes de 2060.

A China pode surpreender o mundo em Glasgow, disse Gore.

O presidente norte-americano, Joe Biden, prometeu em setembro trabalhar junto do Congresso para dobrar a verba para ajudar os países em desenvolvimento a se adaptarem às mudanças climáticas para 11,4 bilhões por ano até 2024, e Gore disse que isso pode ajudar outros países a aumentarem suas verbas.

Um aumento de verbas pode ajudar a atingir uma meta global estabelecida há mais de uma década, de 100 bilhões de dólares por ano até 2020 para ajudar países vulneráveis às mudanças climáticas, um prazo que veio e se foi sem que o objetivo fosse alcançado.

Medidas devem ser adotadas para frear o aquecimento global

Fonte: Estadão

Em abril deste ano o presidente americano, Joe Biden, reuniu 40 líderes mundiais na Cúpula do Clima para discutir medidas de redução de gases de efeito estufa (GEEs) que a crise climática exige. Na ocasião, Biden anunciou que as emissões americanas serão reduzidas pela metade até 2030 a partir dos valores de 2005. Seguindo os anúncios de compromissos climáticos feitos por outros países, além de se comprometer a eliminar o desmatamento ilegal até 2030, o Brasil declarou que antecipará para 2050 a meta de neutralizar as emissões até 2060. O compromisso de neutralizar as emissões já havia sido feito em dezembro de 2020, quando o Brasil revisou suas metas, conhecidas como NDCs (Nationally Determined Contributions).

Uma das revisões foi a eliminação dos Planos Setoriais, o que foi um acerto, por serem muito genéricos e sem metas objetivas. Apenas para citar um exemplo, a meta para o setor agropecuário, que é o segundo setor que mais emite GEEs no Brasil, atrás apenas dos desmatamentos, era fortalecer o Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC).

Outra revisão foi a alteração do valor da linha de base de emissões totais em 2005 com a manutenção dos compromissos de redução, decisão que foi interpretada como manobra para diminuir a meta brasileira de forma indireta. As emissões totais declaradas na COP em Paris, e que definiram o compromisso brasileiro, eram da ordem de 2,1 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente (tCO2e) e passaram para 2,8 bilhões de tCO2e, um aumento de 33%, mas foram mantidos os compromissos de redução anteriores: 37% e 43% até 2025 e 2030, respectivamente. A fim de manter a meta inicial, as reduções precisariam ser de 53% e 57%, respectivamente.

Embora os países tenham manifestado compromissos para reduzir suas emissões, elas serão insuficientes para impedir o aumento da temperatura global. Um estudo da ONU (Emissions Gap Report 2020) concluiu que o mundo caminha para um aumento de temperatura superior a 3°C neste século. Este patamar vai muito além das metas do Acordo de Paris, que busca manter o aumento do aquecimento global em 1,5°C. Especialistas apontam que o mundo precisa de metas mais ambiciosas.

No setor de energia, a Agência Internacional de Energia divulgou estudo com ações que devem ser adotadas para alcançar a neutralidade nas emissões em 2050. O estudo apresenta dezenas de ações necessárias, suas consequências e revela a dificuldade que será reduzir as emissões de GEEs no setor de energia global. A conclusão para o setor de energia repete a conclusão global: o mundo está atrasado.

Olhando para o Brasil, o caminho da neutralidade requer a definição de um roteiro com urgência. Quais ações serão necessárias? Quando elas devem começar? Quais os investimentos necessários? Quais setores econômicos podem dar maiores contribuições?

Não encontramos nenhuma proposta que será apresentada e discutida na COP-26, em Glasgow, de 31 de outubro a 12 de novembro, para regulamentar o artigo 6 do Acordo de Paris, que prevê o estabelecimento de um mercado de carbono global. A mesma falta de informações e de interlocutores se repete quando buscamos as propostas que o Brasil pretende levar para Glasgow.

As COPs precisam ter menos conversas e mais decisões. As intermináveis buscas por consensos só atrasam as medidas práticas de redução de emissões. É frustrante e preocupante a ausência de lideranças para reunir os países que mais emitem GEEs (os 10 maiores emissores são responsáveis por 64% das emissões globais) e estabelecer critérios objetivos de redução de emissões.

Um sinal claro para acelerar a redução das emissões de GEEs seria a mudança do formato dessas conferências, pouco conclusivas e custosas, passando a promover reuniões multilaterais focadas nos maiores emissores, com metas claras e ações definidas por país, inclusive com mecanismos de cooperação e de financiamento climático.

Qual país dará o primeiro passo?

Pandora Papers expõe paraísos fiscais nos Estados Unidos

Fonte: AFP

Longe da Suíça ou das Bahamas, vários estados rurais dos Estados Unidos são paraísos fiscais que flexibilizam suas leis para atrair capitais, como Dakota do Sul, que vem à tona na Pandora Papers.

Na última década, Dakota do Sul, Nevada e mais de uma dúzia de estados americanos tornaram-se líderes em questões de sigilo financeiro, destaca a extensa investigação jornalística.

Sigilo fiscal, regimes que permitem às empresas evitar o pagamento de impostos, ou a particulares evitar pagamentos durante uma sucessão, esses estados competem para atrair fundos, americanos e estrangeiros. Cerca de metade dos estados do país estão nessa competição, explicou à AFP Chuck Collins, do Institute for Policy Studies, e um dos especialistas que deu elementos de contexto aos jornalistas que trabalharam nos Pandora Papers.

O especialista citou, entre outros, Alasca, Wyoming e Nevada. Eles são, acima de tudo, pequenos estados, nos quais uma indústria de serviços mais focada em finanças terá grande poder, disse.

Você precisa criar uma empresa fantasma que reúna atividades internacionais para evitar o pagamento de impostos? Delaware é, de certa forma, o primeiro paraíso fiscal se você deseja criar uma sociedade anônima de responsabilidade limitada, diz Collins. Se você deseja criar um trust, estados como Dakota do Sul alteraram suas leis para permiti-lo, acrescenta.

Ao oferecer a essas sociedades financeiras a possibilidade de durar 100 anos, ou mesmo para sempre, os ativos incluídos nesses esquemas podem ser transmitidos de geração em geração, sem o pagamento de impostos no momento da sucessão.

Dakota do Sul, estado rural do centro-norte, é um precursor no assunto desde os anos 1970 e 1980, quando quis captar fundos no momento em que sua economia ia muito mal. Em 1981, o estado começou a autorizar empréstimos a qualquer taxa de juros, para atrair a atividade de cartões do Citibank e os empregos associados. Ano após ano, os legisladores estaduais aprovaram normas redigidas por membros do setor dos trusts, detalha a Pandora Papers.

Os escritórios de advogados tributaristas instalados em Sioux Falls destacam em seus sites as vantagens dessas leis, a discrição ou os baixos impostos do sistema. Os ativos dos clientes nos trusts de Dakota do Sul mais do que quadruplicaram na última década, para US$ 360 bilhões, acrescenta a investigação.

Pouca transparência financeira

Dezenas de outros estados seguiram o exemplo de Dakota do Sul, em maior ou menor grau. Em 2020, 17 das 20 jurisdições menos restritivas do mundo para trusts estavam localizadas em estados americanos, segundo um estudo universitário israelense citado na Pandora Papers.

Os Estados Unidos ocupam o 25º lugar no ranking 2020 de paraísos fiscais da ONG Tax Justice Network. Em termos de transparência financeira, a maior potência mundial ocupa o segundo lugar no pódio, atrás das Ilhas Cayman.

Por outro lado, os Estados Unidos representam mais de um quinto (21,27%) do mercado mundial de serviços financeiros destinados a não residentes, destacou a ONG. Nesse contexto, o governo Joe Biden lidera as grandes potências que desejam harmonizar as políticas fiscais entre os países.

O presidente americano está determinado a trazer mais transparência para os sistemas financeiros doméstico e internacional, destacou ontem a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.

Zuckerberg rebate acusações e diz que Facebook não prioriza lucro

Fonte: Folha SP

Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, publicou na noite desta terça-feira (5) um longo texto em seu perfil na rede social, no qual comenta a queda dos serviços do grupo. Ele também se defende de acusações sobre como a companhia teria lidado com informações de que suas redes prejudicam a imagem que adolescentes têm de si próprios.

Segundo o executivo, a mensagem foi enviada para os funcionários da companhia. Nela, afirmou que as acusações de que a empresa prioriza o lucro sobre a segurança e o bem-estar dos seus usuários não são verdadeiras. Também disse que a maioria dos colaboradores não deve perceber como a imagem da empresa tem sido retratada de forma equivocada.

Sobre a queda nos serviços, ocorrida nesta segunda-feira (4), ele disse que foi a pior falha em anos e que a empresa passou as últimas 24 horas avaliando como fortalecer seus sistemas contra esse tipo de problema.

A preocupação mais profunda com uma interrupção como essa não é quantas pessoas mudam para serviços da concorrência ou quanto dinheiro perdemos, mas o que isso significa para as pessoas que dependem dos nossos serviços para se comunicar com seus entes queridos, administrar seus negócios ou apoiar suas comunidades, disse.

Zuckerberg disse que é difícil para os funcionários ver a cobertura que a imprensa faz sobre o grupo, pois não refletiria a empresa que eles conhecem. O executivo se referia às denúncias de que o Facebook sabia que seu conteúdo prejudicava crianças e adolescentes, fazendo-as sentirem-se piores sobre si mesmas, e que não teria agido para resolver o problema.

A maior parte do pronunciamento foi sobre esse caso. Ele listou medidas que, na sua opinião, provam que isso não é verdade, como o fato da empresa se preocupar em fazer pesquisas sobre a percepção que esse grupo tem das redes, e ter ferramentas pelas quais os pais podem controlar o conteúdo que os filhos acessam.

Tenho orgulho de tudo o que fazemos para continuar construindo os melhores produtos sociais do mundo e sou grato a todos vocês pelo trabalho que realizam aqui todos os dias, afirmou.

Conjuntura Interna

Produção industrial caiu pelo terceiro mês seguido

Indústria caminha para estagnação em 2021.

A produção industrial do Brasil caiu pelo terceiro mês seguido, registrando retração de 0,7% na passagem de julho para agosto. Com esse resultado, o setor acumula ganho de 9,2% no ano e de 7,2% nos últimos 12 meses. A indústria ainda está 2,9% abaixo do patamar de fevereiro de 2020, na pré-pandemia da Covid-19, e 19,1% abaixo do nível recorde, registrado em maio de 2011. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) e foram divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O gerente da pesquisa, André Macedo, explica que o resultado do mês segue a tendência acompanhada durante o ano.

O resultado de agosto não difere muito do panorama que a gente já vem apresentando ao longo de 2021. Claro que isso tem os efeitos da pandemia sobre os processos produtivos. Fica bem evidente esse desarranjo das cadeias produtivas, bem exemplificado pelo desabastecimento de matérias-primas, de insumos para a produção de bens finais. Fica também muito bem evidenciado o encarecimento dos custos de produção, isso sob a ótica da oferta”, disse André Macedo.

De acordo com o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), variações positivas, quando existem, ocorrem mais em função de bases de comparação muito baixas do que por um processo de retomada do nível de atividade da indústria.

Os obstáculos são de diferentes ordens: do lado da oferta, ainda há gargalos na obtenção de insumos e pressão de custos; do lado da demanda, a inflação corrói poder de compra da população em um quadro de elevado desemprego. Além disso, o ambiente de incerteza se mantém, renovando suas causas sob os riscos da crise hídrica e da tensão política”, analisa o Iedi.

O desempenho do bimestre jul-ago/21 aponta para um quadro de estagnação na entrada do segundo semestres, à medida em que as bases de comparação com 2020 vão deixando de ser tão baixas.

O Iedi observa que a falta de dinamismo industrial não está restrita a um ou outro ramo, mas se mostra bastante difundida. Em agosto, dos 26 ramos acompanhados pelo IBGE, 15 ficaram no negativo na comparação com julho) e 19 deles estão em um patamar inferior ao pré-crise. Entre as quatro grandes categorias econômicas, três registraram queda em agosto.

O resultado de agosto interrompeu 11 meses seguidos de crescimento na comparação anual, com queda de 0,7% em relação a agosto de 2020. Macedo ressalta que as bases de comparação dos meses anteriores estavam muito depreciadas.

Para Felipe Sichel, estrategista chefe do Modalmais, a PIM ficou abaixo da nossa expectativa, de -0,5%. A leitura da PIM reverte nossa projeção de indústria para o terceiro trimestre e passamos a esperar queda próxima a 1% no período.

Fonte: Agência Brasil

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