Mercado de Seguro & Agronegócio
18, Out. 2021
A Importância do seguro para o agronegócio
Fonte: Dinheiro Rural
O agronegócio sempre se destaca: apesar dos efeitos da
Covid-19, o Produto Interno Bruto (PIB) do setor fechou 2020 com expansão
recorde de 24,31%, em relação ao ano anterior. De acordo com dados da
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o segmento pôde ampliar para 26,6% sua
participação no PIB total do País neste ano.
As contribuições do agronegócio transcendem as atividades
diretamente ligadas à produção. Ao analisarmos a capacidade que temos de
aumentar a área de cultivo, notamos um impacto direto na geração de empregos.
De acordo com a CNA, no primeiro semestre de 2021, a produção de alimentos
gerou 151,3 mil empregos com carteira assinada no primeiro semestre de 2021
contra 62,6 mil novos postos de trabalho com carteira assinada.
Outro aspecto positivo está nos avanços tecnológicos nos
campos que viabilizam a aplicação de cálculos técnicos para a otimização de
colheita com base nas condições climáticas, drones que fazem a pulverização de
pesticidas e softwares que cruzam informações sobre a qualidade do solo com as
previsões meteorológicas. Ou seja, o setor tem forte potencial e pode ajudar o
Brasil a ter protagonismo no mercado internacional.
Somadas ao crescimento, existem também estratégias para
impulsionar os negócios e o custeio dos agricultores com políticas públicas que
auxiliam na contratação de seguros especializados. Sabe-se, por exemplo, que a
lavoura é uma indústria a céu aberto e que depende da tecnologia para fazer o
manejo da plantação e para antever riscos climáticos.
A cultura do seguro para a agricultura mudou nos últimos
dez anos e, atualmente, os empresários rurais enxergam os serviços e os
programas de gestão de risco como importantes ferramentas para mitigar impactos
nos negócios. Hoje, o produtor entende que precisa proteger o seu capital. Por
isso, o seguro é sinônimo de estabilidade financeira e a lavoura já é percebida
como uma empresa.
A mudança de visão abre oportunidades para o setor de
seguro, que customiza consultorias e apólices de acordo com a necessidade de
cada empresa. Sendo assim, qualquer contrato entre o produtor e a seguradora
exige cuidadosa análise de risco, de particularidades de cada região, além das
adversidades que podem surgir para garantir uma cobertura ampla e eficaz. A
ascensão dessa conscientização tem aberto as portas a seguros como Propriedade,
Penhor Rural, Máquinas e Equipamentos, Florestal, Animais, Vida do Produtor,
Safra e Plantio e muito mais.
Diante de um cenário favorável, com potencial de
crescimento de 27% nos próximos dez anos, de acordo com dados do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), é preciso fomentar uma integração
ainda mais intensa entre poder público e privado para que todas as
potencialidades sejam identificadas e para que os investimentos sigam crescendo
neste setor extremamente estratégico para o Brasil.
Ao atuarmos de forma assertiva, aumentamos as
oportunidades dos empresários do ramo e veremos o setor registrar um altíssimo
índice de produção, exportação e expansão dos negócios globalmente.
Mercado Pago estreia seguro contra crimes por Pix
Desde o lançamento, quase 90 milhões de pessoas já
fizeram transações pelo sistema, segundo o BC
Fonte: Reuters
O Mercado Pago, braço de finanças do Mercado Livre,
anunciou nesta quinta-feira o lançamento de um seguro contra perdas em
transações feitas por Pix mediante coação.
O seguro, criado em parceria com a BNP Paribas Cardif,
faz parte de um pacote que será ofertado aos cerca de 11 milhões de clientes de
cartões do Mercado Pago e também inclui indenizações contra perda, roubo morte
ou invalidez em decorrência de crime.
O Pix, sistema instantâneo e gratuito de transferências
bancárias lançado em novembro pelo Banco Central, ganhou rápida aceitação no
país. Desde então, quase 90 milhões de pessoas já fizeram transações pelo
sistema, segundo o BC.
Em resposta a crescentes alertas de ações criminosas
envolvendo o sistema, o BC a partir de semana passada limitou a mil reais o
valor de operações feitas pelo Pix entre 20h e 6h.
O seguro do Mercado Pago promete indenizar clientes
obrigados a transferir recursos sob ameaça de danos físicos. O seguro vale
também para saques sob coação em caixas eletrônicos e situações como o roubo de
bolsa contendo o cartão, desde que os crimes sejam notificados no prazo
estipulado.
A fintech criou dois tipos de plano de conta protegida.
Uma custa 3,50 reais por mês e inclui cobertura de até 5 mil reais. A outra de
5 reais mensais, indeniza até 10 mil reais em perdas.
Segundo o vice-presidente do Mercado Pago, Tulio
Oliveira, a fintech foi consultada por alguns clientes sobre esse tipo de
seguro, após o isolamento social provocado pelo pandemia ter acelerado a
digitalização das transações financeiras no Brasil.
Pessoas com vários aplicativos no celular que podem
envolver pagamentos online reportaram temor de que, ao serem alvos de crime,
pudessem ser obrigadas a fazer várias transações de uma vez, contou Oliveira.
Para evitar esse risco, algumas estariam espalhando aplicativos em diferentes
smartphones.
A gente tem bem mapeado o comportamento dos nossos
clientes e entendemos que esse seguro pode ajudar, disse o executivo.
O produto mostra como o Mercado Pago, lançado anos atrás
para ser uma carteira digital do Mercado Livre, vem ampliando a prateleira de
ofertas financeiras. A fintech desde ano passado já vende seguros de garantia
estendida para produtos como eletroeletrônicos e para perda ou roubo de
celular.
É hora de priorizar a saúde financeira dos funcionários
Fonte: Revista Cobertura / Autor: Felinto Sernache, líder
da área de consultoria e soluções em previdência para a América Latina na
Willis Towers Watson
A crise global trouxe uma preocupação generalizada com o
futuro, sobretudo financeiro. Se as empresas tiveram que rever seus gastos e
segurar custos, não foi diferente para os funcionários. O endividamento, ou
mesmo, a insegurança de conseguir arcar com as despesas mensais de uma família,
é um dos principais motivos de stress para homens e mulheres. Por isso, é cada
vez mais importante que as organizações aprendam a identificar meios de
impulsionar e melhorar a vida do colaborador como um todo.
Atualmente, os programas de bem-estar mostram que é
possível fazer muito mais do que depositar o salário na data certa para
contribuir com a diminuição da vulnerabilidade financeira dos colaboradores. E
não estou falando de benefícios que já são velhos conhecidos como a cesta
básica de final de ano ou participação nos lucros.
Para começar, de forma resumida, o conceito de bem-estar
financeiro se refere à capacidade do trabalhador de administrar adequadamente
sua renda. Mas olhando um pouco mais além é preciso entender que isso envolve:
o seu rendimento, a sua poupança, as suas dívidas, a sua expectativa de
aposentadoria, o seu conhecimento sobre produtos e serviços financeiros, bem
como a sua satisfação financeira, a comparação que faz com outros colegas e a
cultura financeira da empresa.
Tendo isso como base, as companhias estão buscando
soluções para melhorar como os funcionários lidam com o dinheiro. De acordo com
uma pesquisa da Willis Towers Watson (WTW) realizada em abril deste ano, 42%
das empresas afirmam oferecer aconselhamento financeiro individual sobre
aspectos de curto prazo, 39% realizam webinars que instruam sobre diversas
questões relacionadas a finanças que os empregados enfrentam e 30% promovem
apoio personalizado à decisão financeira para despesas, empréstimos e poupança.
É preciso lembrar muitas empresas de que para melhorar a
saúde financeira do trabalhador, é preciso proporcionar uma boa educação nesta
área. Oferecer seminários e treinamentos em gestão de dinheiro e cursos de
novas tecnologias relacionadas a finanças, é uma boa opção para quem está
iniciando um programa com foco em bem-estar corporativo.
Outro ponto é que para conseguir ajudar, as organizações
precisam se empenhar para entender a realidade de cada funcionário e o contexto
familiar. Há funcionários que vivem uma situação prolongada de desconforto devido
a dívidas de longo prazo, mas também existem aqueles que demonstram inquietação
por um problema financeiro momentâneo causado por uma situação inesperada,
aqueles que expressam preocupação com sua capacidade de lidar com a
aposentadoria, e por fim os que estão despreocupados, mas deveriam olhar com
mais atenção para o futuro financeiro.
Por isso, algumas empresas possuem algumas ações mais
estratégicas. De acordo com a pesquisa, 12% das empresas planejam ainda em 2021
usar dados de RH para monitorar sinais de estresse financeiro por segmento de
força de trabalho e pontos centrais de decisão financeira. O percentual ainda é
baixo, mas mostra que de fato há um movimento em direção de programas muito
mais direcionados estrategicamente. Além disso 18% querem até 2023 oferecer
suporte para a tomada de decisão financeira da família e para melhorar a
capacidade de resiliência diante dos problemas financeiros.
Por fim, o envolvimento da empresa na melhoria da saúde
financeira de seus colaboradores é fundamental para que ambos obtenham
benefícios de longo prazo. A sensação de ser valorizado pela organização por
qual se trabalha aumenta a possibilidade de crescimento profissional, além de
ampliar o valor do capital humano da companhia.
Conjuntura CNseg avalia retomada das economias mundiais
Publicação destaca desempenho positivo dos seguros em
diversos segmentos e traz novas projeções para o setor
Fonte: CNseg
Projeções menos otimistas para a retomada da economia
mundial, além dos efeitos das políticas econômicas adotadas no ápice da
pandemia, são os destaques da edição da Conjuntura CNseg nº 54, publicação da
Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg).
Na parte dedicada à conjuntura econômica, a avaliação é
que, no primeiro semestre deste ano, a retomada das duas maiores economias do
mundo, Estados Unidos e China, influenciou projeções otimistas para o
crescimento da economia global, com reflexos nos preços de ativos financeiros e
das commodities negociadas internacionalmente. Porém, um dos primeiros sinais
de que o otimismo inicial poderia ter sido um pouco exagerado foi a retomada de
medidas restritivas à circulação e às atividades econômicas em diversas regiões
do mundo, por conta da variante Delta do novo coronavírus. Ao mesmo tempo,
continuam as discussões sobre os efeitos de longo prazo dos estímulos monetário
e fiscal realizados durante o pior momento econômico da pandemia, se poderia
alimentar aumentos de preços acima de níveis considerados razoáveis.
Em agosto, a divulgação de índices de preços acima do esperado
em diversas economias tem contribuído para a crença de que a aceleração da
inflação não terá caráter transitório. Caminhoneiros na Grã-Bretanha, portos
dos EUA e semicondutores chineses que são base para produção de bens
industrializados no mundo inteiro, afetando até a compra de carros novos no
Brasil, são alguns exemplos de gargalos associados à pandemia que têm perdurado
mais que o esperado, mantendo a inflação ao consumidor alta.
Apesar da visão menos otimista na economia global, o
setor segurador brasileiro continua apresentando bom desempenho, encerrando o
sétimo mês do ano com crescimento acumulado de 16,8% (sem Saúde e DPVAT),
comparado ao mesmo período do ano anterior. O setor movimentou mais de R$ 172
bilhões em prêmios de seguros, contribuições de planos de previdência e
faturamento de capitalização. Em julho, o montante de R$ 27,4 bilhões (sem
Saúde e DPVAT) foi 3,2% maior do que o mesmo mês em 2020. Após o movimento de
forte recuperação a partir de março/2021, os diversos segmentos do setor de
seguros mostram uma trajetória de estabilidade.
Projeções para 2021
O bom desempenho no primeiro semestre elevou os
percentuais de projeção do setor de seguros, que deve encerrar o ano com
crescimento entre 8,5% e 16,3%, de acordo com a publicação. Para o segmento de
Danos e Responsabilidades (sem DPVAT) a perspectiva é de que a evolução gire em
torno de 11,1% a 18,2%. Em Cobertura de Pessoas, cujos grupos e ramos de
seguros responderam de forma heterogênea à crise em 2020, a previsão é de que o
segmento apresente crescimento de 9,4% no cenário pessimista e de 13,7% no
cenário otimista. Na Saúde Suplementar, a expectativa é fechar entre 7,4% e
10,6%. Por último, a projeção para os Títulos de Capitalização também
apresentou significativa melhora em relação à divulgação anterior em razão do
bom desempenho no primeiro trimestre. Assim, a perspectiva é de que o segmento
cresça de 4,7% a 10,8% no ano.
O Brasil não acordou para o potencial da bioeconomia
Fonte: Dinheiro Rural
Com 70 milhões de hectares cultivados e um Valor Bruto de
Produção projetado de US$ 1 trilhão em 2021, o brasileiro tem que lutar
diuturnamente com a pecha de vilão do meio ambiente. Isso, afirma o presidente
a Embrapa, Celso Moretti, a despeito de adotar práticas sustentáveis únicas no
mundo. Entre elas o plantio direto e o modelo Integração Lavoura-Pasto-Floresta
(ILPF). Ainda assim, para o executivo, há falhas como a miopia sobre a economia
de baixo carbono e a falta de comunicação do setor com o mundo externo. Durante
muitos anos, falávamos só para o rural. Só que é fácil pregar para convertido.
Temos que falar com o público urbano nacional e internacional, disse à RURAL.
RURAL / Durante visita ao Brasil, o presidente da
Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26), Alok Sharma,
esteve na sede da Embrapa. Como foi o encontro?
Celso Moretti / Mais positivo, impossível. Foi uma
fantástica oportunidade de mostrar ao presidente Alok Sharma e ao embaixador do
Reino Unido no Brasil, Peter Wilson, o mundo real do agronegócio, um setor que
alimenta 800 milhões de pessoas, exporta para 180 países e ainda preserva quase
dois terços do território.
Que assuntos nortearam a conversa?
Comecei explicando sobre os seis biomas brasileiros com
ênfase à informação de que a Amazônia não é um vazio demográfico como imaginam.
Falamos também da história da agropecuária brasileira nas últimas cinco
décadas, entrando em temas como tecnologia, plantio direto, fixação biológica de
nitrogênio. Eles não conhecem o Brasil.
Falta ao País educar o mundo sobre o agro nacional?
O mundo e o brasileiro. Essa é uma mudança estratégica
que estamos fazendo na comunicação da Embrapa. Durante muitos anos, falávamos
só para o rural. Só que é fácil pregar para o convertido. Temos que falar com o
público urbano nacional e internacional. Temos que mostrar que a ciência está
no café-da-manhã, no almoço e no jantar das pessoas. Do pãozinho que tem o
trigo desenvolvido com tecnologia da Embrapa até a alface que foi adaptada aos
trópicos.
O uso do digital esbarra no fato de que hoje somente 30%
das propriedades têm internet.
Mesmo com todas as tecnologias sustentáveis desenvolvidas
pela Embrapa, o uso da terra continua sendo a maior fonte de emissões de gases
de efeito estufa do Brasil. O que é preciso fazer para o agro passar a
sequestrar carbono?
O Brasil já avançou bastante nos últimos anos. Hoje, dos
70 milhões de hectares cultivados, 50% já adotam o sistema de plantio direto, o
que mantém o carbono no solo. Já ao se calcular o impacto da fixação biológica
do nitrogênio, considerando apenas o cultivo da soja, chegamos a uma economia
de mais de 100 milhões de CO2 equivalente (quantidade de GEE em termos
equivalentes da quantidade de carbono) no ano passado. Ainda temos a Integração
Lavoura-Pasto- Floresta (ILPF), a carne carbono neutro e outras. O que falta é
aumentar a capacidade de levar a tecnologia de forma mais rápida aos pequenos
produtores e incluí-los neste novo modelo produtivo. A inclusão produtiva é uma
das frentes estratégicas da Embrapa.
Qual a situação da exclusão no campo?
Em 1991, o Brasil deixou o agro manco da perna da
assistência técnica e extensão rural quando acabou com o Sistema Embrater. Se
imaginarmos que 85% das propriedades são de pequenos produtores, fica fácil
inferir que existe uma parcela grande que está fora do processo tecnológico.
Como o setor e a própria sociedade podem se articular
para acelerar essa inclusão produtiva?
De fato só conseguiremos avançar na inclusão com a participação
dos diversos atores. Desde as secretarias de agricultura municipais, passando
pelas estaduais, pela Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural
(Anater), universidades, o Sistema S, a Embrapa e o setor privado. Lá fora,
impressiona ver o quanto o setor privado participa do financiamento da
indústria. Eles têm um sentimento de orgulho atrelado ao campo. Infelizmente, a
gente não vê isso acontecer no Brasil.
Financiamento é um problema no Brasil?
De certa forma. Nos Estados Unidos, por exemplo, os
próprios produtores criam fundos para financiar desenvolvimento de tecnologias
em entidades e universidades. Eles trabalham juntos nos problemas.
Qual seria o maior desafio da inclusão? Falta de
informação, de recursos ou de estrutura?
Realmente precisamos de investimento robusto e de uma
organização dos atores, mas tem outro ponto: o uso do digital esbarra no fato
de que hoje somente 30% das propriedades têm internet. Se não melhorarmos a
conectividade no campo, não vamos chegar às 6 milhões de propriedades rurais
que temos no Brasil.
No desafio imposto pelo ESG (ambiental, social e de
governança), a agropecuária está sob escrutínio por estar associada à expansão
de áreas de biomas nativos. É possível construirmos um modelo de
desenvolvimento sustentável?
Apesar de algumas iniciativas, o Brasil não acordou para
o potencial da bioeconomia. Temos 25% das espécies de fauna e flora do mundo.
Só na Amazônia temos um estoque de microrganismos que ainda nem conhecemos e
que podem ser a solução para vários problemas, inclusive do agro.
Temos exemplos na Embrapa?
Vários. Um deles é o biofertilizante chamado BiomaPhos.
Na busca da solução para corrigir a carência de fósforo no solo brasileiro
(hoje importamos mais de 80% da demanda), nossos pesquisadores encontraram duas
bactérias do gênero Bacillus que atuam em dobradinha, uma no solo e a outra na
planta, liberando o fósforo que está preso no solo para a planta absorver. Na
safra 2019/20, esse biofertilizante foi utilizado em 300 mil hectares de milho
e soja. Na safra 2020/21, em 1,5 milhão de hectares e na 21/22 a perspectiva é
que chegue a 4 milhões de hectares. Nós avaliamos 238 áreas de produção de soja
e o ganho líquido foi de 4 sacas/ha.
A Embrapa é uma ilha de excelência em um país que
despreza a ciência em termos de financiamento e retenção de pesquisadores. Como
a iniciativa privada pode suprir esse vazio?
O primeiro ponto é avaliar os resultados. Ao longo dos 48
anos da Embrapa mostramos que dá certo. Quando a gente mostra a economia
associada ao uso de fertilizantes à base de nitrogênio, ou o quanto o
zoneamento de risco climático pode evitar em desperdício de recursos para o
Brasil, damos uma prova inequívoca de que vale investir no agronegócio
nacional. E aí retomo o ponto que não temos essa visão no País. Já ouvi de
empresários que eles já pagam muitos impostos, então se negam a financiar
pesquisa porque acreditam que cabe somente ao governo este papel. O governo já
faz um investimento de mais de R$ 3 bilhões na Embrapa para oferecer uma
organização pronta para que a iniciativa privada use e ajude a financiar.
Grandes marcas já estão conosco nessa jornada, mas tem espaço para mais.
Quando falamos em economia verde, o Brasil está sendo
tachado de vilão. Os Estados Unidos estão na lista dos que mais atacam, mas há
um documento produzido pelo agronegócio americano (Farms Here, Forest There)
que alerta o governo sobre os impactos negativos da expansão brasileira. Como
conciliar interesses?
Isso é do jogo. Os produtores americanos vão defender que
os Estados Unidos sejam os grandes provedores de alimentos do mundo. Do nosso
lado, temos que mostrar que nós produzimos mais e melhor do que qualquer outro
país. E fazemos isso com sustentabilidade e com tecnologia. Hoje alimentamos
800 milhões de pessoas, com uma produção de mais de 260 milhões de toneladas de
grãos (safra passada). Em cinco anos, a produção brasileira de grãos vai passar
para 300 milhões, sem a necessidade de derrubar a floresta Amazônica ou a Mata
Atlântica. Vamos fazer isso incorporando passagens degradadas e melhorando a
produtividade nas propriedades rurais com agricultura de baixo carbono.
A população mundial passará de 7 milhões para 10 milhões
de pessoas em 30 anos. Como garantir o Brasil como o principal provedor de
alimentos?
Temos que atuar em duas frentes. Aumentar a produtividade
e a eficiência, são juntas uma delas, e já estamos fazendo isso. Há 15 anos, a
soja colhia cerca de 2 milhões de toneladas por hectare. Hoje, chega a 6
milhões. Devemos ter também um salto de produtividade com um trigo tropical
desenvolvido pela Embrapa. De nossa demanda de 12 milhões de toneladas,
produzimos somente metade em 2,3 milhões de hectares. A média de produtividade
no Sul é de 2,9 toneladas. Já no Cerrado está chegando a 8 toneladas/ha graças
à tecnologia. Não tem outro lugar do mundo com produção deste cereal em área
tropical. Em cinco anos a produção brasileira de grãos vai passar para 300
milhões.
E a outra?
Aumento de produção. Vamos produzir mais. Temos no Brasil
90 milhões de hectares de pastagens com algum grau de degradação. Isso é 11% do
território brasileiro. A nossa contribuição para alimentação global passará de
12% para 20% usando áreas já abertas, ou seja, sem avançar nas florestas.
Qual será o papel da agricultura nacional na economia de
baixo carbono?
No Brasil estamos no segundo ciclo do Programa de
Agricultura de Baixo Carbono e temos sete programas nessa linha. Entre eles
estão o sistema ILPF, plantio direto, florestas plantadas, tratamento de
dejetos de animais, entre outros. Se há um setor econômico de um país que pode
afirmar de forma assertiva que está fazendo a descarbonização é o agro
brasileiro.
Mas há um problema que foge a este cenário que são os
ilegais que se beneficiam de um mercado interno que não consegue pagar pelo
prêmio dos produtos sustentáveis.
A questão do problema social em que vivemos e da nossa
incapacidade de fiscalizar são problemas postos. A solução é gerar renda e, em
alguns casos, distribuir renda. Do ponto de vista de uma empresa de tecnologia
e ciência, o que estamos fazendo é buscar soluções que sirvam aos pequenos,
médios e grandes produtores.
O 1º choque de energia da era verde
Fonte: Estadão
No próximo mês, líderes de todo o mundo vão se reunir na
Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-26), dizendo o que
pretendem fazer para zerar as emissões globais líquidas de carbono até 2050. À
medida que se preparam para se comprometer com suas partes nesse esforço de 30
anos, a primeira grande ameaça da energia da era verde se revela diante dos
olhos deles. Desde maio, o preço de uma cesta de petróleo, carvão e gás
aumentou 95%. A Grã-Bretanha, anfitriã da cúpula, reativou suas usinas a
carvão, os preços da gasolina americana chegaram a US$ 3 o galão, apagões
atingiram a China e a Índia e Vladimir Putin acaba de lembrar à Europa que seu
abastecimento de combustível depende da boa vontade russa.
O pânico é um lembrete de que a vida moderna precisa de
energia abundante: sem ela, as contas se tornam caras demais, as casas congelam
e os negócios ficam estagnados. O pânico também expôs problemas mais profundos
conforme o mundo muda para um sistema de energia menos poluente, incluindo
investimento inadequado em energias renováveis e combustíveis fósseis de
transição, riscos geopolíticos crescentes e amortecedores de segurança frágeis
nos mercados de energia. Sem mudanças rápidas, haverá mais crises de energia e,
talvez, uma revolta contra as políticas climáticas.
A ideia de tal escassez parecia ridícula em 2020, quando
a demanda global caiu 5%, a maior redução desde a Segunda Guerra, provocando
cortes de custos no setor de energia. Mas, com a recuperação da economia, a
demanda aumentou, mesmo com os estoques ficando perigosamente baixos. Reservas
de petróleo estão em apenas 94% de seu nível habitual, os de gás europeu estão
em 86% e os de carvão indiano e chinês estão abaixo de 50%.
O mundo talvez ainda escape de uma grave recessão de
energia: os pequenos problemas podem ser resolvidos, e a Rússia e a Organização
dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) talvez aumentem a contragosto a
produção de petróleo e gás. No mínimo, porém, o custo será inflação mais alta e
crescimento mais lento.
Três problemas são motivos de preocupação. Em primeiro
lugar, o investimento em energia está funcionando na metade do necessário para
alcançar a ambição de atingir o valor líquido de zero até 2050.
Os gastos com energias renováveis precisam aumentar. E a
oferta e a demanda de combustíveis fósseis poluentes precisam ser reduzidas em
conjunto. Os combustíveis fósseis atendem a 83% da demanda primária. A
combinação deve passar do carvão e do petróleo para o gás, que tem menos da metade
das emissões do carvão. As ameaças legais, a pressão dos investidores e o medo
das regulamentações levaram o investimento em combustíveis fósseis a cair 40%
desde 2015.
O gás pode causar problemas. Muitos países,
principalmente na Ásia, precisam de um combustível para usar na transição. Além
de usar gasodutos, a maioria importa gás natural liquefeito (GNL). Pouquíssimos
projetos estão entrando em operação. Segundo a Bernstein, empresa de pesquisa,
o déficit global de GNL em relação à demanda pode subir dos atuais 2% para 14%
em 2030.
O segundo problema é a geopolítica: as democracias ricas
abriram mão da produção de combustíveis fósseis e o abastecimento mudou para
autocracias com menos escrúpulos e custos mais baixos, incluindo a administrada
por Putin.
A cota da produção de petróleo da Opep mais a Rússia
talvez aumente dos atuais 46% para 50%, ou mais, até 2030. A Rússia é a fonte
de 41% do gás importado pela Europa e sua influência crescerá quando inaugurar
o gasoduto Nord Stream 2 e conquistar mercados na Ásia.
O último problema é o projeto falho dos mercados de
energia. A desregulamentação desde os anos 1990 fez com que muitos países
passassem de estatais decrépitas para sistemas privados nos quais os preços da
eletricidade e do gás são definidos pelos mercados, oferecidos por fornecedores
concorrentes que aumentam a oferta se os preços disparam. Mas eles estão tendo
dificuldade de lidar com a nova realidade de queda na produção de combustíveis
fósseis, fornecedores autocráticos e uma parcela crescente de energia solar e
eólica intermitente. Assim como o Lehman Brothers dependeu de empréstimos de um
dia para o outro, algumas empresas de energia garantem fornecimentos para
famílias e empresas que compram em um mercado à vista não confiável.
O perigo é de que o abalo diminua o ritmo da mudança.
Esta semana, Li Keqiang, o primeiro-ministro da China, disse que a transição
energética deve ser segura e com um bom ritmo, um código para usar o carvão por
mais tempo. A opinião pública no Ocidente, inclusive nos Estados Unidos, apoia
a energia limpa, mas pode mudar conforme os preços altos surjam.
Os governos precisam responder reformulando os mercados
de energia. Amortecedores de segurança maiores devem absorver a escassez e
lidar com a intermitência da energia renovável. Os fornecedores de energia
deveriam manter mais reservas, assim como os bancos estocam capital. Os
governos podem convidar as empresas para licitar contratos apoiados em
fornecimento de energia.
A maioria das reservas será de gás, mas, em algum momento,
tecnologias de bateria e de hidrogênio podem assumir o controle. Mais usinas
nucleares, a captura e o armazenamento de dióxido de carbono, ou ambos, são
vitais para fornecer energia limpa e confiável.
Uma oferta mais diversificada pode enfraquecer o domínio
de países autocráticos ricos em petróleo, como a Rússia. Hoje, isso significa
intensificar os negócios de GNL. Com o tempo, isso exigirá mais comércio global
de eletricidade. Hoje, apenas 4% da eletricidade nos países ricos é
comercializada internacionalmente, em comparação com 24% do gás global e 46% do
petróleo. Construir redes submarinas é parte da resposta, e converter energia
limpa em hidrogênio e transportá-lo em navios também pode ajudar.
Tudo isso exigirá que os gastos de capital em energia mais
do que dobrem para US$ 4 trilhões a US$ 5 trilhões por ano. Da perspectiva dos
investidores, a política é difícil de entender. Muitos países têm metas de
zerar as emissões líquidas, mas nenhum plano de como conseguir isso e ainda não
combinaram com o público que as contas e os impostos precisam aumentar. Um
banquete móvel de subsídios para energias renováveis e obstáculos regulatórios
e legais tornam o investimento em projetos de combustíveis fósseis arriscado.
A resposta ideal é um preço global do carbono que reduza
implacavelmente as emissões, ajude as empresas a julgar quais projetos gerariam
dinheiro e aumente as receitas fiscais para apoiar os perdedores da transição
energética. No entanto, os esquemas de preços cobrem apenas um quinto de todas
as emissões. Os líderes na COP-26 devem ir além das promessas e lidar com as
letras miúdas de como a transição funcionará. Ainda mais se eles se reunirem
sob lâmpadas movidas a carvão.
Entidades de caminhoneiros propõem greve em 1º de
novembro
Fonte: Forbes
Três entidades nacionais de trabalhadores vinculados ao
setor de transporte de cargas anunciaram que decidiram decretar estado de greve
e que vão iniciar greve nacional a partir de 1º de novembro se o governo federal
não atender reivindicações que remontam à paralisação dos caminhoneiros em
2018.
A decisão foi tomada durante encontro no Rio de Janeiro
que reuniu as entidades CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em
Transportes e Logística), vinculada à CUT (Central Única dos Trabalhadores);
CNTRC (Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas) e Abrava
(Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores), segundo
comunicado enviado à imprensa na noite de ontem (16).
As três entidades já fizeram outras convocações de greve
nacional dos caminhoneiros, incluindo em fevereiro e julho deste ano, mas com a
categoria dividida entre grupos que apoiam e são contra o governo de Jair
Bolsonaro os protestos não chegaram ao nível de mobilização de 2018 em que o
país parou por mais de 10 dias.
A situação é que nenhuma das reinvindicações acordadas na
ocasião da paralisação de 2018 foram atendidas, afirmou no comunicado o
presidente da Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e
Celetistas, deputado Nereu Crispim (PSL-RS).
Entre as reivindicações da categoria estava a aplicação
efetiva da chamada tabela de fretes mínimos. O assunto está parado no STF
(Supremo Tribunal Federal) desde que o governo de Michel Temer cedeu à pressão
dos caminhoneiros em 2018, aceitando a criação de um piso mínimo obrigatório de
fretes para os caminhoneiros autônomos, algo que levou entidades
transportadoras do setor privado a questionar a legalidade do mecanismo na
Justiça.
O governo federal tem afirmado que está aberto ao diálogo
com os caminhoneiros e tem feito uma série de concessões paliativas aos
motoristas, como incluí-los como grupo prioritário de vacinação contra a
Covid-19.
Mas uma das principais queixas dos motoristas é
justamente o custo do combustível, reajustado para cima seguidas vezes nos
últimos meses pela Petrobras. O preço médio do diesel no país acumula alta de
mais de 50% neste ano.
No final de setembro, a Petrobras anunciou aumento de 9%
no preço médio do diesel vendido em suas refinarias, após 85 dias de
estabilidade. A Ticket Log calculou na semana passada que o preço médio do
diesel comum nos postos do Brasil subiu 5,55% na primeira quinzena de outubro
ante o fechamento de setembro, para R$ 5,203 por litro. O valor representa
avanço de 41% sobre a média registrada em outubro de 2020, segundo a empresa.
A Câmara dos Deputados aprovou na semana passada projeto
que torna fixo o ICMS incidente sobre os combustíveis, uma proposta defendida
por Bolsonaro, mas que não conta com apoio de boa parte dos governadores, que
calculam que perderão R$ 24 bilhões em arrecadação. O texto vai ser analisado
pelo Senado.
Preocupação dos jovens brasileiros: inflação alta e
desemprego
Fonte: Estadão
Apoiar a reeleição do presidente Jair Bolsonaro em 2022
está fora de cogitação para 45% dos eleitores entre 16 e 34 anos, segundo
pesquisa do Ipec. Eles afirmaram preferir votar em qualquer outro candidato,
independentemente de suas convicções partidárias. E os motivos não são apenas
ideológicos, mas também econômicos. Aliadas aos efeitos da pandemia do mortal
coronavírus, a inflação alta e a dificuldade em conseguir um emprego explicam a
rejeição entre os jovens medida pela pesquisa.
Antes do governo Bolsonaro, nunca precisei deixar de
comer alguma coisa pelo preço. Nunca vi os alimentos tão caros, disse a
analista de transportes Gisele Caires, de 31 anos, ao explicar por que se
arrependeu do voto em 2018. Assim como ela, 28% dos jovens que escolheram
Bolsonaro se disseram arrependidos. E a inflação é o motivo para quase um terço
deles.
Obtida pelo Estadão, pesquisa encomendada pela Fundação
Tide Setubal e pela Avaaz confirma o que outros levantamentos já apontavam
sobre a percepção dos jovens. Segundo o Ipec, a fração de eleitores de
Bolsonaro na faixa etária pesquisada não passa de 24%, porcentual inferior ao
obtido na eleição passada, quando 31% disseram ter votado no atual presidente.
O locutor Felipe Tellis, de 29 anos, sente as mesmas
dificuldades de Gisele. A percepção de menor poder de compra, refeições que não
têm mais carne e o espanto de ver famílias inteiras morando nas ruas. É
impossível que haja um candidato que me represente menos, afirmou.
Tellis também citou declarações consideradas machistas,
racistas e homofóbicas de Bolsonaro, além de sua postura na pandemia, como fatores
para optar por qualquer outro nome em eventual segundo turno em 2022. Ele me
fez achar o (João) Doria um bom gestor.
As respostas obtidas pela pesquisa exemplificam, segundo
o cientista político Marcio Black, as preocupações dos jovens em relação ao futuro.
Eles têm a vida toda pela frente e estão vendo uma série de barreiras à sua
trajetória em função das decisões do governo. A inflação e o desemprego são
problemas que interrompem um ciclo de desenvolvimento. No caso dos jovens mais
carentes, a pandemia ainda os tirou da escola e os deixou mais atrasados,
ressaltou o coordenador do Programa de Democracia e Cidadania Ativa da Fundação
Tide Setubal.
A má gestão da economia é uma das grandes inabilidades do
governo e está entre as que mais afetam a opinião da juventude, segundo a
coordenadora de campanhas sênior da Avaaz, Nana Queiroz. Imagine entrar no
mercado de trabalho num momento de recordes de desemprego e inflação como este?
Quando vemos o perfil das pessoas que estão morando nas ruas e em situação de
miséria, vemos famílias, crianças e jovens.
Desinteresse
A desesperança ajuda a explicar ainda a falta de
interesse dos jovens no processo eleitoral. De acordo com o Tribunal Superior
Eleitoral, o número de eleitores com idade entre 16 e 17 anos diminuiu de 2,3
milhões, em 2016, para pouco mais de 1 milhão nas eleições municipais de 2020.
O momento também faz com que uma parcela dos jovens já
cogite voto em branco ou nulo. O estudante João Pedro Branquinho, de 19 anos,
está nesse grupo. Para ele, anular o voto é uma forma de simbolizar sua
frustração com o sistema político. Não acredito mais que votar em um candidato,
mesmo que tenha um viés com o qual me identifique, vá proporcionar as mudanças
que defendo, afirmou.
Na China, headhunters vão retomar técnicas do passado
Fonte: Folha SP
A desativação do LinkedIn na China, anunciada pela
Microsoft na semana passada, vai ter reflexos no trabalho das empresas de
recrutamento brasileiras que usam a rede social como ferramenta.
A plataforma era acessada para mapear mercados em regiões
de alto interesse corporativo como Xangai e Pequim, segundo Isis Borges,
diretora do Talenses Group.
Via LinkedIn, descobrimos como as empresas de lá são
organizadas, onde estão e o porte delas, afirma.
Além de ajudar os headhunters a compreender o perfil das
companhias locais, a rede também facilitava o contato direto com profissionais
estrangeiros e chineses no país. Vamos voltar para a velha técnica de fazer
ligações e pedidos de indicações, diz Borges.
Por outro lado, ela prevê que a mudança ajude a valorizar
o trabalho dos recrutadores, uma vez que, sem o LinkedIn, os profissionais têm
o networking construído longo da carreira.
Por que o preço do petróleo dispara no mundo todo?
Fonte: BBCNews
O preço do barril de petróleo do tipo WTI ultrapassou
US$80 (R$ 436) na última segunda-feira (11/10), foi a primeira vez em quase
oito anos.
A cotação do West Texas Intermediate (WTI), tipo de
petróleo cru que serve como referência de preço nos EUA, fechou a US$ 80,52,
confirmando a trajetória de alta que vem registrando há meses.
A pandemia covid-19 e as medidas de restrição à
circulação adotadas em diversos países para fazer frente ao novo coronavírus
derrubaram os preços. Há apenas um ano, o WTI custava apenas US$ 40.
Com o fim da pandemia se aproximando, contudo, os preços
dispararam. O que está por trás desse aumento significativo?
A resposta a essa pergunta, segundo os especialistas,
inclui não apenas fatores tradicionais, como o desempenho dos países da OPEP
(Organização dos Países Exportadores de Petróleo), ou conjunturais, como a
pandemia, mas também uma nova estratégia das empresas produtoras de petróleo
nos Estados Unidos.
Demanda reativada, fornecimento controlado
Há uma grande correlação entre a situação de pandemia e o
aumento dos preços do petróleo, diz Mark Finley, pesquisador especializado em
energia e petróleo da Rice University, nos EUA.
O especialista explica que, assim como em 2020 houve uma
forte ligação entre a pandemia e a queda do preço do petróleo, neste ano a
recuperação influenciou tanto a demanda quanto a oferta de petróleo.
Esse é o principal fator. Do lado da demanda, estamos
vendo uma reativação da economia e da mobilidade após o impacto da covid-19,
então após termos experimentado a maior queda registrada no ano passado na
demanda por petróleo, este ano nós provavelmente registraremos o maior aumento,
afirma.
Do lado da oferta, há uma combinação de cortes de
produção pela Opep e por outros produtores, como a Rússia (que faz parte do que
hoje é conhecido como Opep+), e uma queda na produção nos Estados Unidos e em
outros lugares devido aos baixos preços que registraram o barril no ano
passado, acrescenta Finley.
A Opep, a Rússia e outros produtores mantêm um acordo
para aumentar progressivamente a oferta com o objetivo de eliminar os cortes de
produção que aplicaram para fazer frente à queda da demanda devido à pandemia.
Esses aumentos, no entanto, não são automáticos, uma vez
que os países reúnem mensalmente para avaliar o mercado e decidir sobre sua
aplicação.
A estratégia inusitada dos produtores americanos
Um elemento novo que tem contribuído para o aumento do
preço do petróleo bruto é a restrição também por produtores de petróleo nos
Estados Unidos.
Esta é uma estratégia incomum para essas empresas, que
costumavam aumentar a produção sempre que os preços do petróleo eram
favoráveis.
Uma das histórias surpreendentes no mercado de petróleo
este ano é que os produtores nos Estados Unidos foram muito disciplinados e não
responderam ao aumento dos preços com um aumento drástico na extração de
petróleo, diz Finley.
Houve um aumento, mas não está nem remotamente perto de
onde estava antes da pandemia, quando, aliás, os preços estavam mais baixos do
que agora. Foi uma grande mudança, acrescenta.
De acordo com dados da Baker Hughes, que presta serviços
para o setor de óleo e gás, houve cerca de 533 perfurações operacionais nos
Estados Unidos na semana passada, o que representa um aumento de 233 em relação
a um ano atrás, mas muito menos do que os 1.580 que estavam ativos da última
vez que o petróleo atingiu esses preços em outubro de 2014.
Os Estados Unidos têm grande capacidade de aumentar sua
produção rapidamente por meio da exploração do petróleo de xisto, cujos poços
podem entrar em operação em um curto espaço de tempo e que não requerem grandes
investimentos de longo prazo.
Atualmente, cerca de 65% da produção dos EUA é de
petróleo de xisto, de acordo com dados do governo americano.
Normalmente, sempre que os preços do petróleo aumentem substancialmente,
os produtores de xisto aumentam a extração. Mas desta vez isso não aconteceu.
Por quê?
É principalmente por causa dos investidores, diz Mark
Finley. Há 10 anos essas empresas crescem rapidamente, mas sem dar muito
dinheiro aos seus investidores, que agora estão mais cautelosos e exigem que,
em vez de reinvestir os lucros na abertura de mais poços e aumento da produção,
as empresas utilizem os recursos de uma forma mais astuta para que possam ter
lucro, explica.
A desaceleração econômica causada pela pandemia de
covid-19 atingiu duramente muitas empresas de petróleo nos Estados Unidos, onde
o petróleo WTI chegou a ser negociado a preços negativos. Em outras palavras,
as empresas tiveram que contratar terceiros para cuidar do petróleo e não
precisar armazená-lo.
Isso nunca aconteceu antes e é em parte responsável pela
cautela [no mercado]. Acho que isso teve um impacto. Pode ser um dos motivos
pelos quais os investidores mudaram sua atitude dessa forma, diz Finley.
Com essa estratégia, a indústria de petróleo de xisto dos
Estados Unidos provavelmente alcançará os melhores resultados financeiros de
sua história neste ano, acrescenta.
Assim, a contenção da produção beneficia não só os países
da Opep e seus aliados, mas também as empresas americanas.
Pressões inflacionárias
A rápida recuperação da demanda após a paralisação da
atividade causada pela pandemia levou a uma situação econômica complexa.
Os problemas na cadeia de abastecimento e o aumento dos
preços das matérias-primas estão levando a uma relativa escassez de certos
tipos de produtos, o que alimenta as pressões inflacionárias O aumento do preço
do petróleo bruto se soma a tudo isso.
O aumento do preço do petróleo contribui para o aumento
da inflação porque o petróleo é matéria-prima de muitos produtos,
principalmente da gasolina e do diesel, que é um combustível para transporte,
mas também é usado em muitos casos como combustível para geração de
eletricidade diz José Valera, advogado e especialista em petróleo do escritório
de advocacia Mayor Brown, em Houston (Texas), nos EUA.
Além disso, o petróleo também é um insumo da indústria
petroquímica, onde é utilizado na fabricação de plásticos e outros produtos,
acrescenta.
Nos Estados Unidos, os motoristas já estão sentindo o
impacto do aumento do preço da gasolina, pois estão pagando cerca de 40% a mais
por litro do que há um ano. No Brasil, os preços estão ainda mais altos devido
à desvalorização do real ante ao dólar.
Valera explica que, à medida que o preço do petróleo
sobe, aumenta o custo de produção da gasolina e do diesel, o que se traduz em
custos mais elevados para os produtores e transportadores. Esses custos acabam
sendo repassados ao consumidor, com aumento de preços.
Os produtores e transportadores precisam recuperar esses
custos mais elevados para continuar mantendo suas margens de lucro e, assim,
poder sustentar a perenidade do seu próprio negócio, afirma.
Valera vê perspectivas de que o valor do barril de
petróleo continue subindo ou, pelo menos, não caia substancialmente em relação
aos níveis atuais.
A recuperação da economia após o impacto da pandemia está
se manifestando com um crescimento bastante sustentado na maioria dos países do
mundo, que, como vemos agora, se traduz em aumento do consumo de energia e
combustíveis, o que significa maior demanda por petróleo. Mas a produção não
vai necessariamente aumentar na mesma proporção, alerta.
O desafio da mudança climática
José Valera afirma que, além da estratégia da Opep e de
outros países de limitar a produção de petróleo, há outro fator que limita a
produção: o fato de muitas petroleiras investirem menos em petróleo para
investir mais em energia e combustíveis renováveis.
Longe de ser resultado de boas intenções, a mudança
acontece porque as sociedades ao redor do mundo estão pressionando as empresas
a fazer essa transição, especialmente na Europa, diz Mark Finley.
Empresas como a Shell, Total ou BP estão tentando colocar
mais recursos em novas formas de energia. Algumas empresas americanas como a
Chevron e a ExxonMobil também disseram que estão procurando maneiras de reduzir
as emissões de dióxido de carbono de suas operações, disse ele.
Finley destaca que o aumento do preço do petróleo bruto
ocorre em um contexto de aumento do custo do carvão e da eletricidade em muitos
lugares.
Parte do que acontece é que houve uma adaptação do
panorama energético tradicional e é importante lembrar que, embora todos
queiram caminhar em direção a um futuro de baixo consumo de combustíveis
fósseis, eles ainda fornecem 85% da demanda mundial de energia, afirma.
O principal desafio para nós como sociedade, para a
política e para as empresas é como continuar a fornecer energia confiável e
acessível para manter a economia funcionando hoje, enquanto, ao mesmo tempo,
investe e planeja a transição para um futuro com baixo consumo de combustível
fóssil, afirma Finley.
Há uma coisa que ficou clara com pandemia de covid-19. No ano passado, vimos a maior queda nas emissões de CO² da história, mas ninguém quer repetir essa experiência porque foi impulsionada pela maior queda na economia mundial desde a Segunda Guerra. Essa não é a melhor maneira de reduzir o CO², conclui.
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