O DPVAT e a Exclusividade da CAIXA
22, Nov. 2021
TCU exige que Susep adote medidas
Fonte: CQCS
O Tribunal de Contas da União (TCU) julgou parcialmente
procedente a denúncia sobre possíveis irregularidades na gestão do seguro DPVAT
em 2021, ocorridas no âmbito do contrato firmado pela Susep com a Caixa
Econômica Federal. Além disso, os ministros determinaram que a autarquia adote,
no prazo de 90 dias, uma série de medidas, incluindo a apresentação dos
resultados de suas ações de fiscalização, com a efetiva adoção de medidas que
objetivem corrigir as falhas relacionadas aos atrasos superiores a 30 dias nos
pagamentos de indenizações, apresentando os dados relativos ao ano de 2021, mês
a mês; aperfeiçoar a forma de comunicação com os beneficiários com processos
pendentes de regularização, a fim de instá-los a complementar as
informações/documentos necessários; e aumentar o percentual mensal de
pagamentos do seguro DPVAT, apresentando os dados relativos ao ano de 2021, mês
a mês.
Além disso, o TCU exige que a Susep aprimore a
funcionalidade do aplicativo do seguro DPVAT, solucionando, desta forma, as
impropriedades detectadas no âmbito da Caixa, a fim de cumprir o princípio da
eficiência.
Foi determinado ainda à Secex Finanças (Secretaria de
Controle Externo do TCU) que monitore o cumprimento dessas ações de
fiscalização, apresentando ao Tribunal, no prazo de 60 dias, as conclusões dos
trabalhos.
Lucro das seguradoras cai 54%, para R$ 5,2 bi, no
acumulado de janeiro a setembro de 2021
Somente a Bradesco Seguros foi responsável por uma queda
de R$ 1,5 bilhão no período
Fonte: Sonho Seguro
O lucro líquido do mercado segurador recuou 54% de
janeiro a setembro deste ano, comparado aos R$ 11 bilhões registrados em mesmo
período de 2020, segundo dados enviados pelas seguradoras para a
Superintendência de Seguros Privados (Susep) e analisados pela consultoria Siscorp.
Já faturamento cresceu. O setor de seguros arrecadou R$ 224,29 bilhões no
acumulado até setembro deste ano, avanço de 13,2%.
A líder do ranking é a Caixa Seguradora, com R$ 1,57
bilhão, seguida por Bradesco, com R$ 1,51 bilhão e pelo Banco do Brasil, com R$
1,3 bilhão. Neste seleto grupo do bilhão, todas registraram queda no ganho do
período. A diferença está nas colocações. A Bradesco deixou a liderança,
assumida pela Caixa. O grupo da Cidade de Deus tem a segunda colocação, que era
da BB Seguros, agora em terceiro lugar.
A Porto Seguro, segundo os dados enviados a Susep, teve
seu lucro reduzido de R$ 1,064 bilhão para R$ 614 milhões no período analisado.
E o mesmo aconteceu a maioria listada no ranking das 50 maiores empresas.
Algumas tiveram um comportamento diferente. A Allianz
reverteu o lucro de R$ 286 milhões em 2020 para prejuízo de 147 milhões em
setembro deste ano. A Safra Seguros engordou o ganho, que passou de R$ 83
milhões para R$ 105 milhões. A AXA reverteu a perda de R$ 6,2 milhões para R$ 13
milhões.
A grande novidade foi a entrada da NEWE Seguros no grupo
das 50 maiores.
Petrobras vence leilão e fica com Porto de Santos
Terminais portuários terão R$ 700 milhões em
investimentos.
Fonte: Monitor Mercantil
A Petrobras foi a vencedora do leilão para concessão de
terminais portuários com a oferta única de R$ 558.250.000,99 pela concessão da
área STS08A no Porto de Santos, em São Paulo. O local é destinado à
movimentação, armazenagem e distribuição de granéis líquidos (combustíveis). O
tempo de concessão é de 25 anos. Havia ainda mais uma área, a STS08, mas a
Petrobras não fez nenhuma oferta, alegando que STS08A já reunia todas as
características estratégicas e necessárias para as operações da empresa.
A outra área de terminais disponível no leilão, no
Complexo Portuário de Imbituba, em Santa Catarina, a IMB05, foi arrendada pela
Fertilizantes Santa Catarina Ltda., por R$ 200 mil, sendo também a única
empresa a fazer oferta. A área também é destinada para movimentação de granéis
líquidos combustíveis ou químicos, proveniente principalmente de Maceió (AL),
para abastecer empresas localizadas em toda a região Sul. O período de
concessão é de dez anos.
Segundo o secretário nacional de Portos, Diogo Pilone, a
partir de agora será feita uma análise para entender porque não houve
interessados na área STS08 em Santos e ao concluir esse estudo o leilão será
relançado. Vamos começar a estudar agora. O que temos notado em outros
processos de concessão é que há uma questão de custo de insumos que tem aumentado
bastante. É possível que tenhamos que fazer reavaliações sobre vocação do
terminal, acesso ferroviário, entre outras coisas.
Pilone destacou que, com a concessão no Porto de Santos,
é agregada mais capacidade de movimentação principalmente com os investimentos
em dois berços de atracação. Hoje esse é o principal gargalo do porto na cadeia
de granéis líquidos e combustíveis. Além de reduzir a fila de embarcação e
otimizar o fluxo de cargas, a concessão regularizará a precariedade dos
contratos, trazendo segurança jurídica.
Com relação a Imbituba, a concessão capacitará o porto a
diversificar o terminal a atender mais cadeias, sendo outro movimento
importante para o país. É um porto que tem, considerando todo o esforço da
equipe de gestão, trabalhado paras que tenha dependência menor de contratos,
que antes eram a principal fonte de receita.
De acordo com Pilone, a concessão das áreas dos dois
portos resultará em investimentos que totalizam R$ 700 milhões. Já o balanço do
ano contabiliza 12 leilões de arrendamentos portuários realizados, com R$1,7
bilhões de investimentos autorizados para os próximos três anos.
Essas ações também se somam a outros investimentos que
têm sido autorizados por meio de terminais de uso privado. Se considerarmos
tudo o que foi autorizado em investimentos desde 2019 em arrendamentos dentro
de portos organizados e terminais de uso privado estamos falando em algo em
torno de R$15 bilhões, disse.
O ministro de Infraestutura, Tarcísio de Freitas, disse
que o Programa de Arrendamentos Portuários é um grande sucesso e está
transformando o setor portuário brasileiro. Quando somamos arrendamentos
portuários e contratos de adesão para terminais privados já estamos batendo R$
14 bilhões em investimentos no setor. Isso é interessante porque dinamiza o
nosso setor portuário que fica cada vez mais eficiente, que responde às
expectativas do mercado.
Freitas ressaltou ainda que os investimentos atuais no
Porto de Santos auxiliam na preparação da companhia para a privatização. Em
pouco tempo devemos ter uma deliberação do Tribunal de Contas da União (TCU)
com esse projeto aprovado e leiloado no primeiro trimestre do ano que vem. Será
a primeira privatização portuária de nossa história, que abre caminho para
outras.
Segundo o ministro, o Brasil está caminhando para ter a
estrutura mais privada do mundo, porque estará com todos os aeroportos da rede
Infraero sob responsabilidade da iniciativa privada, está preparando a
concessão de 12 mil quilômetros de rodovias, com a expectativa de totalizar 50
mil quilômetros concedidos em 2022. Teremos as ferrovias e o saneamento básico
privados. O setor de energia estará cada vez mais nas mãos da iniciativa
privada principalmente com a venda da Eletrobras no ano que vem. Teremos
leilões muito bem sucedidos.
Um ano do Pix: qual o tamanho da transformação no sistema
financeiro?
Analisando de uma maneira prática e direta os efeitos do
Pix no Brasil, percebemos que sim, as mudanças estão acontecendo e temos alguns
números oficiais que demonstram isso
Quando o Banco Central anunciou o novo sistema de
pagamento instantâneo brasileiro, o famoso Pix, muitas especulações e
discussões sobre qual seria o impacto dessa ferramenta no setor financeiro
começaram a surgir. Ao completar um ano de operação, já conseguimos enxergar
se, de fato, mudanças e competições previstas aconteceram? Antes de responder a
essa pergunta, acredito que seja importante lembrar que, quando estamos no
campo da economia, é difícil estabelecer com precisão o impacto de um único
evento, pois existem muitas variáveis operando ao mesmo tempo.
Só para começar, neste último ano, por exemplo, muito
mais que o lançamento do Pix, a economia enfrentou as consequências de uma
devastadora pandemia, mudanças significativas no setor financeiro com a chegada
do Open Banking, apostas expressivas de investidores em Neobanks, entre outros
fatores decisivos que afetam diretamente o comportamento das pessoas e
empresas. Por isso, fica difícil isolar o impacto individual de um único
sistema , mas me arrisco a tentar.
Analisando de uma maneira prática e direta os efeitos do
Pix no Brasil, percebemos que sim, as mudanças estão acontecendo e temos alguns
números oficiais que demonstram isso.
Em seu lançamento, muito se falou sobre os possíveis
efeitos positivos na concorrência e consequente democratização dos serviços
financeiros. Um indicador muito importante que reflete a concentração bancária
de um mercado é a porcentagem que os cinco maiores bancos de um país
representam no crédito total (ou nos depósitos). Se compararmos esse número,
vemos que o Brasil, em 2016, tinha 86% de concentração.
Nos últimos cinco anos, no entanto, esse indicador tem se
reduzido em sete pontos, e cada vez mais rápido, chegando em 2021 perto de
79,5%. Ainda assim os avanços são lentos: o País ainda é um mercado
extremamente concentrado, ficando atrás apenas da Holanda, que possui quase 90%
de concentração bancária. Nos Estados Unidos esse número está perto de 40%, já
a China e Índia ficam entre 35% e 37%.
Observando a questão da aderência, o Pix foi um sucesso
absoluto e é um dos melhores casos de adoção voluntária de um produto
financeiro no mundo. Em um ano de funcionamento, nove a cada 10 transferências
já são feitas pelo sistema e 105 milhões de pessoas, ou seja, mais da metade da
população brasileira, já usou. Num primeiro momento, quase todas as transações
no sistema eram feitas de pessoa para pessoa, mas agora 16% já são de
pagamentos a empresas.
O produto está melhorando muito e logo será possível
ainda pedir troco, fazer saques e pagar parcelado. A consequência dessas
mudanças e da grande aceitação está também no impulso da concorrência. Se
antes, os grandes bancos sempre tiveram vantagens muito expressivas em suas
redes de meios de pagamentos, hoje elas perdem importância quando existe uma
alternativa mais rápida, confortável, barata e segura e, principalmente, que
qualquer banco de médio e pequeno porte podem oferecer.
Dentro deste cenário de mudanças no último ano, a
pandemia também foi fator determinante para a concorrência financeira e não só
no Brasil, mas especialmente aqui. Os grandes bancos brasileiros tiveram
historicamente redes de distribuição e atendimento gigantescas, em consonância
com o tamanho do país. Há 20 anos, teria sido impossível para um banco sem
agências capturar clientes.
Mas a tecnologia foi desenvolvida e algumas pessoas, que
chamamos de early adopters (primeiros a adotar), começaram a migrar para os
canais digitais dos grandes bancos, e depois para Fintechs e Neobanks. A
pandemia gerou um problema logístico que fez com que a parcela que não
confiava, gostava e/ou entendia os canais digitais foi obrigada a os adotar.
Essa mudança forçada acabou acelerando o processo de digitalização, o que
equaliza hoje o poder de um banco com 5 mil agências com um que não possui
nenhuma e está apenas no ambiente digital.
Ainda sobre concorrência, não podemos deixar de citar
outros exemplos que estão impactando o mercado e ainda terão uma parcela grande
nas futuras mudanças dentro do setor financeiro. Os Neobanks possuem recursos
enormes para concorrer com os grandes bancos, podendo investir muito mais em
publicidade e desenvolvimento tecnológico. Isso porque eles não se importam com
o lucro na mesma medida que os bancos tradicionais. Os investidores dos grandes
bancos exigem rentabilidade, é claro, mas os investidores dos neobanks querem
crescimento de market share, qualidade de atendimento, etc. Ou seja, permitem
que eles possam baixar os preços a níveis que os concorrentes diretos não podem
acompanhar.
Com tantos eventos e acontecimentos neste ano que passou,
a mudança em geral está sendo possível graças à parcela de responsabilidade de
cada uma delas, seja Pix, Pandemia, Open Banking e Neobanks. O fato é que todos
incentivam um mercado mais competitivo, o que desempenha um papel fundamental
para a economia do País.
Fonte: InfoMoney / Autor: Julián Colombo / economista com
mais de 20 anos de carreira em banco, também Julián Colombo é co-fundador e CEO
da N5, empresa de software dedicada à transformação digital no setor financeiro.
BC sobe compulsório e deve retirar até R$ 42 bilhões da
economia
Fonte: Poder360
O BC (Banco Central) eleva a partir desta 2ª feira
(22.nov.2021) a alíquota para o depósito compulsório. Subirá de 17% para 20%.
Esse percentual havia sido reduzido (de 25% para 17%) em março de 2020 por
causa da pandemia.
A volta da taxa de 20% representa a retirada de
circulação de R$ 42 bilhões, que serão enviados ao BC. Ou seja, o dinheiro não
poderá ser mais utilizado pelos bancos para empréstimos a empresas e pessoas
físicas.
Mas haverá exceções. Os bancos que depositarem ativos com
acesso às Linhas Financeiras de Liquidez poderão manter o percentual de 17%.
Segundo a autoridade monetária, desde o início da crise,
R$ 330 bilhões foram injetados na economia com a redução do depósito
compulsório a prazo (dinheiro que fica com o BC e é remunerado pela Selic, a
taxa básica de juros). Esse foi uma forma de estimular o crescimento da
economia em meio à pandemia.
No final do mês passado, o volume de recolhimentos
compulsórios atingiu R$ 439 bilhões. A maior parte do dinheiro correspondente
às aplicações em depósitos a prazo (R$ 223 bilhões). Em seguida, encaixe de
Poupança (R$ 154 bilhões) e, por fim, recursos à vista (R$ 62 bilhões).
O infográfico elaborado pelo Poder36o (abaixo) mostra a
evolução das principais modalidades nos últimos meses. É possível ver que no
início da pandemia, em março de 2020, houve uma queda no volume de depósitos.
Depois, o nível voltou a subir, mas está abaixo do patamar pré-covid.
Menos dinheiro, mais juros
A mudança no compulsório é mais uma forma de o BC retirar
liquidez do mercado. Essa é uma tendência natural. Diversos bancos centrais
anunciaram a redução das medidas de incentivo lançadas no início da covid.
O ex-diretor do BC Carlos Thadeu de Freitas Gomes disse
ao Poder360 que, ao elevar o compulsório, a autoridade monetária abre espaço
para uma alta da taxa de juros ao consumidor. Motivo: os bancos terão menos
dinheiro e serão mais seletivos para emprestar.
Para o ex-diretor do BC, a medida terá pouco efeito no
controle da inflação. Segundo ele, os preços são pressionados mais fortemente
pelo lado da oferta. Logo, o aumento dos compulsórios não deve ajudar muito.
O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima
Gonçalves, disse que o volume a ser devolvido ao mercado não lhe parece
expressivo.
Gabriel Leal de Barros, economista-chefe da RPS Capital,
avalia que a subida da alíquota dos compulsórios a prazo de 17% para 20% não
eleva tanto a taxa de juros para o consumidor, pois o aumento do risco nos
últimos meses já fez com que os bancos sejam mais cautelosos nas concessões de
crédito.
No início do Plano Real, o compulsório foi utilizado
vigorosamente como meio de estabilizar a oferta monetária, o crédito e a
paridade cambial. Depois, houve uma utilização em menor intensidade do
mecanismo.
Já na crise financeira global de 2008, a ferramenta
voltou a ser utilizada intensamente. O objetivo principal foi prover liquidez
para os bancos, especialmente para as instituições menores e mais frágeis.
Renda em queda ameaça retomada
Fonte: Estadão
Decerto o País voltaria a sorrir, aliviado, se as
projeções do governo anunciadas nos últimos dias se concretizassem. Emprego
para mais 5 milhões de brasileiros hoje sem ocupação, crescimento econômico
acima de 2% em 2022 e crescimento estrutural da produtividade estão entre as
joias que, segundo um alto funcionário do Ministério da Economia, adornarão o
cenário em que os brasileiros voltarão a viver felizes.
Irritantemente, porém, a realidade, continua a
empalidecer o quadro de cores vibrantes que o governo insiste em mostrar ao
público, na tentativa de convencê-lo da inexcedível competência de um homem
público, hoje na Presidência da República, cujo desempenho compromete o
presente e o futuro do País.
A inflação torna mais pobre quem tem renda, a prometida
recuperação é lenta e a combinação de diversos fatores ameaça a atividade
econômica em 2022. Ao contrário do governo, instituições privadas já preveem
crescimento pífio do Produto Interno Bruto (PIB), de 1% ou menos, no ano que
vem.
Quem vive do rendimento do trabalho está vendo sua renda
ser lenta, mas sistematicamente corroída pela alta generalizada dos preços.
Recomposições salariais dos empregados formais não estão mais nem repondo a
inflação. A perda de renda real, já observada entre trabalhadores sem carteira
assinada, estende-se aos que têm registro. Dúvida sobre o valor exato dos
benefícios do Auxílio Brasil, o substituto bolsonarista do Bolsa Família, que
começaram a ser pagos no dia 17 de novembro, ameaça o rendimento dos mais
pobres, cujo número aumentou.
Falar em recuperação rápida do emprego, da renda e da
atividade econômica no momento é escarnecer de milhões de pessoas cuja vida
real tem sido sistematicamente apagada dos cenários do governo.
Trabalhadores que mantiveram emprego com carteira assinada
durante e depois da fase mais crítica da pandemia de covid-19 certamente estão
em situação melhor do que a dos que conseguiram ocupação informal, sem
garantias legais e geralmente de remuneração mais baixa, ou a dos que ficaram
sem ocupação. Mas mesmo os empregados formais pagam o preço de uma economia
prejudicada por políticas sem rumo do governo Bolsonaro e, agora, pela alta da
inflação.
O Salariômetro, pesquisa realizada pela Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) da Universidade de São Paulo,
constatou que o reajuste mediano das negociações coletivas (convenções e
acordos coletivos) concluídos em setembro ficou 1,9 ponto porcentual abaixo do
Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo IBGE e que
baliza as negociações salariais.
É a maior perda real de salário observada em 12 meses.
Menos de 10% das 140 negociações fechadas no mês resultaram em algum ganho real
para os trabalhadores. Benefícios que costumam fazer parte desses entendimentos
entre empregados e empregadores tiveram seu valor reduzido. O vale-alimentação,
cujo valor real mediano chegou a superar R$ 450 em junho do ano passado, ficou
em R$ 253 nos acordos de setembro.
A redução do rendimento se estende também para outros
trabalhadores. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua, do
IBGE, o indicador mais amplo e confiável da situação do mercado de trabalho
brasileiro, mostrou que o rendimento real habitualmente recebido em todos os
trabalhos pelas pessoas ocupadas no trimestre de junho a agosto de 2021 ficou
em R$ 2.489, 4,3% menor do que o do trimestre março-maio e nada menos que 10,2%
menor do que o de um ano antes.
A manutenção de altas taxas de desocupação e a renda real
em queda fizeram estagnar a massa de rendimento real.
Programas sociais que, em parte do ano passado,
contribuíram para reduzir o número de pessoas na faixa de pobreza e evitar
queda mais intensa da atividade econômica foram reformulados, sem que seu
impacto fosse avaliado.
É difícil imaginar que essa combinação, cujo resultado é
perda generalizada de renda, possa estimular o consumo de bens e serviços nos
próximos meses. O quadro, por isso, continua ruim, muito ao contrário do que o
governo tenta desenhar.
Governo insiste em minirreforma trabalhista
Fonte: Folha SP
O governo planeja insistir na votação de um projeto que
flexibiliza a legislação trabalhista com a justificativa de melhorar as
condições para os informais.
Ao contrário das duas vezes anteriores, em que o
Executivo foi o principal defensor das mudanças, o Ministério do Trabalho e da
Previdência agora quer a liderança do Congresso na discussão.
O secretário-executivo da pasta, Bruno Dalcolmo, afirmou
à Folha que o momento é de esforço para reduzir os quase 14 milhões de
desempregados. Precisamos repensar o sistema trabalhista brasileiro, disse.
Ele afirmou que, apesar de o mercado formal ter
conseguido limitar perdas durante a pandemia -beneficiado por medidas
emergenciais, como o programa de manutenção de empregos-, ainda há muito a ser
feito, em especial quando considerado o patamar da informalidade.
Temos um percentual de informalidade de 40%, mas que
mascara muito das realidades locais. Em Santa Catarina, 70% do mercado de
trabalho é formal. Mas no Norte e no Nordeste, 75% das pessoas em alguns
estados são informais. São pessoas que não vão se aposentar, disse.
Dalcolmo lamentou que a minirreforma trabalhista para
flexibilizar as regras de contratação de jovens e pessoas de baixa renda,
proposta pelo governo por meio da MP (medida provisória) 1.045, tenha sido barrada
pelo Senado.
O texto, que reduzia ou retirava obrigações como o
pagamento do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), foi aprovado apenas
pela Câmara.
Dalcolmo afirmou que a derrubada da proposta ocorreu por
causa de uma disputa política em ambiente de ar condicionado entre as duas
Casas, mas disse acreditar que é possível retomar o texto. Se a MP 1.045 pode
ser aperfeiçoada, vamos trabalhar para isso, disse.
Agora, o plano é deixar a liderança com os próprios
congressistas. O correto é dar esse protagonismo ao Parlamento. Estamos em
diálogo com as duas Casas, afirmou.
Entendemos que não faz sentido mandar por MP [novamente]
e não faz sentido apresentar esse novo texto sem haver uma sensibilização de
ambas as Casas em relação ao drama. Entendo que há uma crescente sensibilização
e conscientização para oferecer um ataque para a melhoria do mercado de
trabalho, afirmou.
Um dos argumentos usados é que congressistas de alguns
estados estariam se posicionando sem conhecer a realidade do trabalho informal
em suas próprias regiões.
Apesar de reconhecer como difícil uma aprovação final
tanto na Câmara como no Senado ainda neste ano, Dalcolmo disse confiar que o
tema seja ao menos recolocado em alguma das Casas.
Mais do que esperança, tenho confiança de que esse tema
possa ser retomado pelo Congresso. O processo eleitoral é sempre muito
deletério, mas esse é um tema suprapartidário. É de Estado, não de governo,
afirmou Dalcolmo.
A estratégia de Dalcolmo, porém, tende a enfrentar
resistência no Congresso. Líderes da base aliada ouvidos pela Folha disseram ou
não saber da iniciativa ou que dificilmente seria aprovada qualquer
minirreforma trabalhista antes das eleições.
O economista Daniel Duque, do FGV Ibre (Instituto
Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), afirmou que medidas como
essa tendem a funcionar mais no longo prazo e que, diante do atual cenário da
atividade, funcionaria apenas marginalmente.
Ideias como essa já foram tentadas e têm sido tentadas
nos últimos anos, e elas até tendem a funcionar no médio e longo prazo, quando
a economia converge para seu nível de atividade natural. No entanto, em um
momento como esse, com muita ociosidade no mercado de trabalho, esse tipo de
medida tende a ser menos eficaz, disse Duque.
O que o mercado de trabalho precisa mesmo é de aceleração
da economia e da taxa de vacinação para poder puxar o nível de empregos. Sem
essa maior demanda, essas flexibilizações [trabalhistas] ajudam mais
marginalmente, afirmou o economista.
De qualquer forma, o calendário ameaça deixar a proposta
novamente no plano das ideias. Conforme o tempo passa e o Congresso se dedica a
outros temas, como a PEC (proposta de emenda à Constituição) dos Precatórios, a
janela para reformas vai se fechando diante da aproximação do calendário
eleitoral.
O pacote trabalhista que estava na MP rejeitada pelo
Senado causou polêmica ao propor a alteração de diversos pontos da CLT
(Consolidação das Leis do Trabalho). Membros do governo avaliam que essa estratégia
foi equivocada.
Para articuladores do governo, a proposta deveria ter
focado apenas na possibilidade de criação de novas modalidades de contratos de
trabalho.
O Ministério do Trabalho e da Previdência já trabalha na
nova versão do pacote trabalhista. A tendência é que não sejam propostas
alterações na CLT, como nas versões anteriores.
A ideia, portanto, é buscar espaço para tentar emplacar
medidas com potencial de impulsionar as contratações de jovens e informais, sem
misturar o debate com as alterações de normas da CLT.
Uma remodelagem dos programas trabalhistas que já foram
votados no Congresso está em avaliação, principalmente em relação ao
financiamento dos gastos.
Na MP, uma das formas de bancar a redução do custo de
contratação de funcionários foi um corte em repasses ao Sistema S. O lobby dos
empresários, especialmente do setor da indústria, elevou a pressão no Senado,
que já barrou dois pacotes trabalhistas desde o início do governo Jair
Bolsonaro.
Em abril do ano passado, a Casa derrubou a MP que criava
a Carteira Verde e Amarela, promessa do ministro Paulo Guedes (Economia)
apresentada na campanha de Bolsonaro ao Palácio do Planalto.
Esse programa previa redução de encargos, como
contribuição previdenciária, a empresas que contratassem jovens de 18 a 29 anos
para o primeiro emprego. Também permitia corte temporário no recolhimento para
o FGTS, ou seja, menos dinheiro para o trabalhador.
Em 2021, o plano de criar um novo programa trabalhista
voltou. Guedes anunciou, em abril, que iria propor uma medida para estimular o
emprego para jovens e informais -parte da agenda de retomada econômica após
arrefecimento da pandemia.
Foram apresentados ao Congresso três novas modalidades.
Uma delas era o Requip (regime de qualificação profissional). A medida era
voltada para jovens, desempregados e pessoas carentes.
O plano previa a criação de bônus (bolsa) de até R$ 550
por mês pago ao trabalhador em treinamento. O contrato estaria vinculado a um
curso de qualificação profissional. Após um ano, o trabalhador teria direito a
um recesso remunerado de 30 dias. Mas sem previsão de 13º pagamento da bolsa
nem de FGTS.
Outro tipo de contratação previsto foi pedido pelo
ministro Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência), chamado de Programa Nacional
de Prestação de Serviço Social Voluntário. Ele permitiria que prefeituras
contratassem temporariamente.
Dos três programas do projeto aprovado, o único que
previa vínculo empregatício era o Priore (Programa Primeira Oportunidade e
Reinserção no Emprego). Férias e 13º estariam garantidos.
No entanto, nesse tipo de programa, haveria uma redução
do recolhimento para o FGTS dos empregados -ideia semelhante à Carteira Verde e
Amarela.
SITUAÇÃO DO EMPREGO NO BRASIL, SEGUNDO O IBGE
Para o trimestre encerrado em agosto de 2021
13,7 milhões estão desempregados
13,2% é a taxa de desemprego
53,1 milhões trabalham de maneira formal
37,1 milhões trabalham de maneira informal
Principais pontos do projeto do governo aprovado pela
Câmara, mas derrubado pelo Senado:
1 - Requip (Regime de Qualificação Profissional)
Voltado para jovens, informais e beneficiários de
programas sociais
Jornada limitada a 22 horas semanais; vinculado a curso
de qualificação
Trabalhador recebe bônus de, no máximo, R$ 550 por mês.
Não gera vínculo de emprego
Trabalhador precisa contribuir como autônomo para
Previdência e não há FGTS
Contratos podem ser de 2 anos, com 30 dias de férias após
o primeiro ano
2- Priore (Programa Primeira Oportunidade e Reinserção no
Emprego)
Focado em jovens em busca do primeiro emprego e pessoas
com 55 anos ou mais e que estejam desempregadas
Redução do recolhimento para o FGTS dos empregados
Pode receber um bônus de programa de qualificação pago
pelo governo de até R$ 275
3- Programa Nacional Prestação de Serviço Social
Voluntário
Público-alvo: jovens de 18 anos a 29 anos e pessoas acima
de 50 anos
Prefeituras podem contratar temporariamente pessoas para
serviços e, em troca, pagar uma remuneração que não pode ser inferior ao
salário-mínimo hora (cerca de R$ 5)
Estamos colhendo o custo do populismo, diz economista da
FGV
Fonte: Estadão
O Brasil entrou na pandemia com uma economia mais frágil
que a de outros emergentes, enfrentou o período sem planejamento e saiu dela
desrespeitando regras fiscais, o que cria incertezas e reduz investimentos,
segundo análise da economista Silvia Matos, do Instituto Brasileiro de Economia
(FGV/Ibre).
Esse cenário levará o País a um desempenho fraco em 2022.
A incerteza na economia brasileira é muito alta e o contexto é de limitações do
crescimento, com juro alto e sem espaço para gastos públicos, diz ela, que
prevê um PIB de 0,7% no ano que vem.
De acordo com a economista, a situação poderia ser mais
positivo, pois algumas reformas foram feitas nos últimos anos e deveriam ajudar
na retomada. Medidas populistas, como o Auxílio Brasil, criado sem planejamento
e discussão, no entanto, impedem uma melhora da economia. Leia, a seguir, os
principais trechos da entrevista:
O Brasil está entre os emergentes que devem registrar
pior desempenho econômico em 2022. O que difere o Brasil desses países de
perfil semelhante?
O desempenho depende de como eram as condições antes da
pandemia, de como o País lidou com a pandemia e das consequências da pandemia.
Antes da pandemia, já estávamos em uma situação complicada. O crescimento do
Brasil nos três anos depois da recessão de 2015 e 2016 foi muito ruim. A
produtividade estava estagnada, havia muita informalidade e desemprego alto.
Tivemos o choque da pandemia em cima de uma economia com muitos problemas.
Depois, pelo fato de não termos tido uma estratégia nacional de combate à
pandemia, também temos um desempenho pior agora. Poderíamos ter tido uma queda
maior da economia no começo da pandemia devido a medidas de restrições mais
rígidas, mas também uma melhora mais rápida. A gente não quis lidar muito em um
primeiro momento com o problema. Teve ainda uma questão de fechar os olhos
quanto a gravidade e a persistência da covid. Não nos preparamos para lidar com
o Orçamento. Quando você vai para uma guerra, tem de se preparar. Não só se
preocupar em vencer uma batalha. Aí criou-se, no início deste ano, uma
expectativa de retomada, mas ela perdeu o fôlego, porque bateu em restrições.
O que devia ter sido feito?
(O País) tinha de ter se preparado: pensado em uma
política de proteção social para os informais, por exemplo. O governo não fez
isso e, agora, com as eleições chegando, resolveu não seguir regras fiscais. Se
tivesse se programado tecnicamente para um programa social, discutido valores,
o risco e a volatilidade poderiam ser menores agora. Como isso não ocorreu, o
mercado avaliou que o governo não tem compromisso. O populismo tomou conta. Aí
o risco é maior, e o juro tem de subir mais. Nesse meio tempo, vem também um
problema estrutural: a questão hídrica. Se não chove, não temos como crescer.
O Ibre projeta alta de 0,7% no PIB para 2022. Quais serão
os principais fatores responsáveis pelo desempenho fraco?
Parte importante vem do fato de não haver solidez fiscal.
O Orçamento hoje é muito restrito e ainda tem eleição em 2022. Agora, a
incerteza política e fiscal é muito grande desde o impeachment (de Dilma
Rousseff), mesmo com o avanço de reformas microeconômicas. Esse cenário, aliado
ao juro e ao câmbio altos, afetará o investimento e toda a economia.
Resumidamente: a incerteza na economia brasileira é muito alta e o contexto é
de limitações do crescimento, com juro alto e sem espaço para gastos públicos.
O cenário internacional, que afeta todos os emergentes de
forma semelhante, também não deve ajudar o Brasil em 2022, certo?
No primeiro trimestre deste ano, houve uma ilusão de que o mundo e o Brasil iam bombar, de que a pandemia não teria maiores consequências econômicas. Mas hoje há uma inflação alta de oferta. A China, que antes contribuía para uma inflação baixa no mundo, não consegue mais fazer isso. Está com uma limitação em sua oferta por conta do problema de energia e também da pandemia. Estamos em um período de inflação alta em todo o mundo que já está afetando o crescimento. A festa vai acabar mais cedo porque o juro vai subir. Já está subindo em emergentes. Era para estarmos saindo da pandemia radiantes, mas a vida é dura. Ainda mais no Brasil, onde estamos saindo com um déficit primário maior. A festa durou só um semestre e não nos preparamos para o fim. Estamos colhendo menos do que plantamos, porque até fizemos algumas reformas microeconômicas, mas aí veio o custo do populismo: mais inflação, juro mais elevado e menor crescimento. A pandemia não é a culpada por tudo.
Acesse as edições mais recentes das publicações do mercado:
Revista Apólice: https://www.revistaapolice.com.br/2021/10/edicao-270/
Revista Cobertura: https://www.revistacobertura.com.br/revistas/revista-cobertura-236/#1
Revista Segurador Brasil: https://revistaseguradorbrasil.com.br/edicao-168/
Revista Seguro Total: https://revistasegurototal.com.br/2021/10/08/edicao-221-quiver-30-anos-de-parceria-com-o-corretor-de-seguros/
Revista Insurance Corp: http://insurancecorp.com.br/pt/content/pdf/ic_ed38_2021.pdf
Caderno de Seguros: https://cnseg.org.br/publicacoes/revista-de-seguros-n-917.html
Revista Brasil Energia: https://editorabrasilenergia.com.br/wp-content/uploads/sites/1/flips/131000/Bia471/2/index.html
Evento Free Com Participação e Apoio da ABGR: III Encontro Nacional de Seguro de Responsabilidade Civil
No próximo dia 23, o Grupo Nacional de Trabalho de Responsabilidade Civil, presidido por Sergio Ruy Barroso de Mello, realizará o III Encontro Nacional de Seguro de Responsabilidade Civil.
Apoio: ABGR- Associação Brasileira de Gerência de Riscos.
Painel 1 - 9h
Tema: Elaboração técnica dos produtos, subscrição de riscos de seguro e de resseguro, e regulação de sinistros diante nos termos da Resolução CNSP nº 407/20221 e da Circular SUSEP nº 637/2021.
Mediador: Dr. Sergio Ruy Barroso de Mello (Presidente do Grupo Nacional de Trabalho de Responsabilidade Civil e Seguro da AIDA Brasil)
Palestrante 1: Dra. Ana Paula Boni (Presidente da Comissão de Responsabilidade Civil da FENSEG)
Palestrante 2: Dra. Cristina Weiss Tessari, AIRM (Responsável pela área de seguros na CPFL – Representante da ABGR)
Palestrante 3: Dr. Sergio Narciso Teixeira Vieira (Presidente da Comissão de Responsabilidade Civil e Seguro da FENABER)
Palestrante 4: Dr. Luiz Gustavo Ferreira Galrãoão (Regional Head of Financial Lines Ibero Latam - Allianz Global)
Painel 2 - 10h30
Tema: Questões jurídicas e regulatórias da Resolução CNSP nº 407/20221 e da Circular SUSEP nº 637/2021.
Mediador: Dr. Inaldo Bezerra Silva Júnior Bezerra da Silva (Vice-Presidente do Grupo Nacional de Trabalho de Responsabilidade Civil e Seguro da AIDA Brasil)
Palestrante 1: Dr. Ricardo Bechara Santos (Jurista especializado em Seguros)
Palestrante 2: Dra. Viviane Mardirossian (Responsável pela área de sinistros da General Re na América Latina)
Palestrante 3: Dr. Thiago Bittencourt Bromatti (Claims Commercial Insurance Finalcial Lines, Liability, Surety & Cyber Risks da Zurich Seguradora)
Palestrante 4: Dr. Thiago Amorim (Líder do setor de riscos e seguros da iFood - Representante da ABGR)
Participe!